A Justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido de recuperação judicial feito pela Americanas nesta quinta-feira (19). O juiz Paulo Assed Estefan avaliou que a varejista atende a todos os requisitos para o processo de recuperação judicial.
Com o pedido aceito, a Americanas continua operando, ao mesmo tempo que tem a cobrança de suas dívidas suspensas para que possa se organizar.
A Americanas havia confirmado nesta quinta-feira (19), seu pedido de Recuperação Judicial. Com escândalo contábil de R$ 20 bilhões, a companhia já havia informado em comunicado ao mercado, divulgado mais cedo, que preparava o pedido. A Americanas vai tentar se reestruturar diante de uma dívida de R$ 43 bilhões.
Leia nesta matéria:
- O que acontece na Recuperação Judicial da Americanas
- Americanas vai deixar de pagar seus funcionários?
- Americanas vai fechar? Entenda o que aconteceu com Americanas
- A Americanas está falindo?
A decisão da companhia vem no momento em que a posição de caixa disponível da Companhia para suas
atividades alcançou o valor de R$ 800 milhões, sendo que parcela significativa deste valor estava
injustificadamente indisponível para movimentação desde ontem, em virtude de decisão judicial favorável ao BTG, com bloqueio de R$ 1,2 bilhão.
O que acontece na Recuperação Judicial da Americanas
Os credores da Americanas tentavam um modelo de salvamento da empresa com injeção de R$ 6 bilhões em dinheiro novo e em parceria com bancos entram com conversão de dívida em capital.
Com a recuperação judicial, a partir de agora, a Americanas terá um prazo de blindagem por 180 dias, com todas suas obrigações de dívida suspensas.
Além disso, companhia tem até 60 dias para apresentar a primeira versão de um plano de reestruturação, com as principais medidas a serem tomadas e 50 dias para convocar uma assembleia de credores para aprovar o plano.
Americanas vai deixar de pagar seus funcionários?
No seu pedido de recuperação judicial, a Americanas ressalta que atualmente gera mais de 100 mil empregos e teme, caso não tenha o pedido aprovado, não cumprir suas obrigações inclusive com o pagamento dos funcionários.
"Todo o caixa da empresa vem sendo dragado por instituições financeiras detentoras de créditos contra o Grupo Americanas sujeitos aos efeitos desta recuperação judicial. O risco, então, caso não seja deferido o imediato processamento desta recuperação judicial, é de um absoluto aniquilamento do fluxo de caixa do Grupo Americanas, o que impedirá o cumprimento de obrigações diárias indispensáveis ao exercício da atividade empresarial, tal como o pagamento de fornecedores e funcionários", diz trecho da petição inicial de recuperação judicial.
Leia a íntegra do pedido de recuperação judicial da Americanas:
A Americanas está falindo?
De acordo com o CEO da Quist Investimentos, Douglas Duek, a alternativa é a mais correta, dado o tamanho da dívida da empresa e da potencial necessidade de capital, além do número de credores envolvidos.
“Os balanços revelam que as Lojas Americanas possuem 0,015% de lucratividade. Isso significa dizer que, para pagar R$ 40 bilhões, é preciso faturar entre 2 e 3 bilhões. Fazendo uma análise fria, ao pedir recuperação judicial, ela poderá renegociar as dívidas com os credores de forma mais fácil”, explica o especialista.
- LOJAS AMERICANAS: entregas serão impactadas pela crise nas Americanas? Entenda as consequências da recuperação judicial
- RECUPERAÇÃO JUDICIAL sem aporte de crédito condena AMERICANAS a desaparecer do varejo brasileiro
- RECUPERAÇÃO JUDICIAL das LOJAS AMERICANAS pode ser uma das maiores da história do Brasil; saiba o que é recuperação judicial e veja últimas notícias
- ROMBO NAS AMERICANAS: Justiça suspende bloqueio de execuções do BTG contra a varejista
Douglas explica que a recuperação judicial não significa dizer que a Americanas está entrando em falência.
“É uma empresa consolidada e com grande potencial no mercado. Possivelmente terá que fazer venda de ativos ou se capitalizar, mas não chegará ao ponto de falir”, destaca Duek, que chama atenção do fato de a empresa possuir um bom caixa.
A B3 anunciou que a Americanas terá seus títulos excluídos de todos os índices da B3, incluindo o Ibovespa. O movimento reflete o pedido de recuperação judicial feito pela varejista nesta quinta-feira. A exclusão está prevista para esta sexta-feira (20) após o encerramento do pregão regular.
"A participação será redistribuída proporcionalmente aos demais integrantes da carteira com o pertinente ajuste nos redutores dos índices", explica a B3.
Além do Ibovespa, a Americanas será excluída do IGCX, ICO2, ICON, IBXX, IGCT, IGNM, IBRA, IVBX, ISEE, ITAG, SMLL, IBXL e GPTW.
Diante das implicações dos últimos acontecimentos do ponto de vista ESG, a B3 já tinha deliberado pela exclusão da empresa da carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Porém, com a recuperação judicial, a varejista será excluída também dos demais índices.