Os representantes dos clubes do Brasil e os sindicatos dos jogadores profissionais de cada Estado estão buscando entrar em um consenso para acertar, quem sabe, um acordo coletivo diante desse impasse da paralisação do futebol por conta do coronavírus. De um lado, os mandatários das agremiações querem amenizar o prejuízo nos cofres dos clubes; do outro, os atletas esperam que seus contratos sigam sendo honrados, mesmo com a suspensão dos campeonatos.
Na semana passada, a Comissão Nacional de Clubes se reuniu, através de videoconferência, para discutir alternativas que possam diminuir os custos nesse período sem bola rolando, já que as receitas vão cair sem os lucros de bilheteria, produtos das lojas licenciadas, patrocinadores de camisa, além de correr o risco de uma queda no número de sócios-torcedores sem futebol para acompanhar no estádio. Uma das alternativas apresentadas pelos representantes dos clubes foi de férias coletivas. Tendo em vista que não há previsão para que os times retornem às atividades.
“Faço parte da Comissão Nacional de Clubes e tivemos essa reunião por teleconferência juntamente com alguns outros presidentes, como de Flamengo, Vasco, Atlético-MG, entre outros. Ficou acertado através do presidente do Fluminense (Mário Bittencourt), que é advogado trabalhista, de fazermos esse primeiro contato com o sindicato dos atletas. No primeiro momento a ideia é essa de férias coletivas e, somente num segundo momento, a redução do salário. Mas tudo passa por esse acordo coletivo”, comentou Constantino Júnior, presidente do Santa Cruz.
A reportagem do JC entrou em contato com o advogado do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Pernambuco, Dr. Arthur Pedro Vieira, que apontou um pouco do interesse dos atletas. “A CBF e os representantes dos clubes propuseram férias coletivas e ofereceram o pagamento de apenas 50% do salário na carteira e do direito de imagem. É uma perda de muito dinheiro para os jogadores. Eles não estão aceitando. Até porque, de acordo com a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), em caso de força maior, esse desconto é de 25%. Os jogadores estão conversando entre eles e devem dar um posicionamento, pois teremos de apresentar essa contraproposta para a Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol), que é quem vai se reunir com a CBF e os clubes”, declarou o jurista.
SE ESQUIVARAM
Os dirigentes de Náutico e do Sport se esquivaram de opinar sobre o assunto por se tratar de uma discussão inicial. “É muito cedo para esse tipo de posicionamento. Estamos acompanhando os fatos e tomaremos as decisões de acordo com o desenrolar das coisas”, falou Diógenes Braga, vice presidente alvirrubro. “Eu não vou falar nada porque é um negócio embrionário. Vamos estudar e ver esse caso com calma”, afirmou Milton Bivar, do Sport.
Apesar do interesse dos clubes por um acordo coletivo, Constantino Júnior fez questão de enfatizar que, após ser definido o interesse comum, cada clube vai procurar encontrar a melhor solução dentro de sua realidade. “Os clubes da Série C vão jogar até novembro e são os mais penalizados, porque não têm cotas. O que nós temos são variáveis de patrocínio de camisa, bilheteria, parceiros que nos patrocinam, mas que já sabemos que vários contratos serão renegociados. Cada Série é uma realidade diferente. Depois que for tratado o ponto comum, vamos procurar uma situação para os clubes da Série C”, finalizou o presidente tricolor.
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