Dadá Maravilha

Dadá Maravilha, um artilheiro com passagem pelo Trio de Ferro

Dadá teve boa passagem do futebol pernambucano entre meados dos anos 1970 e início dos anos 1980

Lucas Holanda
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Lucas Holanda
Publicado em 26/04/2020 às 12:34 | Atualizado em 06/04/2021 às 10:29
ACERVO ESTADÃO CONTEÚDO
Dadá jogou pelos três clubes da capital pernambucana. - FOTO: ACERVO ESTADÃO CONTEÚDO

Se atuar por três clubes rivais já não é bem comum, imagine ser artilheiro e, quem sabe, até ídolo para alguns. Recentemente, temos o exemplo de Carlinhos Bala, intitulado de 'Rei de Pernambuco' por ter tido um bom desempenho por Náutico, Santa Cruz e Sport. Claro que a idolatria é em diferentes níveis, mas mesmo assim Bala foi referência nos três times. No entanto, ele não foi o primeiro atacante a fazer isso. Entre o fim dos anos 1970 e o início de 1980, outro jogador conseguiu se destacar no Trio de Ferro: Dadá Maravilha

PASSAGEM PELO SPORT E APELIDO DE 'REI DADÁ'

Em 1975, o Sport chegava ao que é até hoje o maior jejum da história do clube: 12 anos sem conquistar um título. Para completar, foram incríveis dez vice-campeonatos durante esse período, incluindo um 'hepta-vice' de forma consecutiva - sendo seis para o Náutico e uma para o Santa Cruz. Para mudar esse cenário, o então presidente Jarbas Guimarães, que foi eleito com o discurso 'Sport 1975: 20 vezes campeão', decidiu investir pesado para quebrar o incômodo jejum. Dentre os contratados, um ídolo nacional e que havia vencido a Copa do Mundo cinco antes: o atacante Dadá Maravilha.

Uma das curiosidades da contratação de Dadá é que ele veio sem acertar salários fixos com o Sport, mas com a promessa de tornar o Leão campeão novamente. Em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio, o artilheiro conta um pedaço do papo que teve com o dirigente leonino. "Quando acabar o campeonato, você me paga o que eu mereço, porque uma coisa eu garanto: o Sport será campeão", disse Dadá a Jarbas Guimarães, que confirmou a veracidade. "Dada veio sem acerto dos salários, mas com a garantia que não seria inferior ao que recebia no Flamengo", explicou.

E a contratação valeu a pena. Com Dadá e Miltão no comando do ataque, Luciano Veloso e Assis Paraíba liderando o meio-campo, Tobías ee sob o comando de Duque, multicampeão anos antes por Náutico e Santa Cruz, o Sport foi dando liga e encaixou, onde conseguiu derrotar o Timbu por 0x1 nos Aflitos, com gol de Assis Paraíba, e se sagrou campeão pernambucano de 1975, quebrando um jejum de mais de 12 anos sem saber o que é levantar uma taça. No total, aquele time rubro-negro jogou 33 vezes, com 25 vitórias, sete empates e apenas uma derrota. Além disso, ficou batizado como 'Seleção do Nordeste' e 'Super Time da Ilha'. Escalação: Tobias; Marcos, Pedro Basílio, Alberto e Cláudio Mineiro; Luciano Veloso, Assis Paraíba, Garcia e Perez; Miltão e Dadá Maravilha. Técnico: Duque

Ao longo de todo campeonato, a contratação mais badala do Sport para aquela temporada marcou 32 gols e, claro, foi o artilheiro da edição de 75. No Brasileirão de 1975, Dadá Maravilha marcou mais 12 gols. No ano seguinte, mesmo com o Leão não sendo campeão do Estadual, o Peito de Aço marcou mais 30 gols e novamente foi o artilheiro do torneio - com direito a ter feito 10 gols em um único jogo. No Brasileiro, ele já não defendia as cores do Sport, mas foi artilheiro da Série A vestindo as cores do Internacional e, além disso, também participou do bicampeonato Colorado do torneio.

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VOLTA A PERNAMBUCO E PASSAGEM PELO NÁUTICO

Após ser Campeão Brasileiro e artilheiro em 1976 pelo Internacional, rodar por alguns clubes do país e continuar fazendo gols, Dadá Maravilha voltou para Pernambuco mais experiente. Aos 34 anos, Dario assinou com o Náutico, que não ganhava o Campeonato Pernambucano desde 1974 e acumulava cinco vice-campeonatos consecutivos. Dadá chegava novamente com a expectativa da torcida lá no alto para que ele pudesse conduzir a equipe ao caminho dos títulos novamente. No entanto, ele não conseguiu repetir o feito no Náutico, mas mesmo assim teve uma boa passagem individualmente falando.

Naquele ano, o Timbu não conseguiu chegar a final do Campeonato Pernambucano, mas Dadá Maravilha teve um bom desempenho. Ao todo, ele marcou 22 gols e foi o vice-artilheiro da competição, atrás apenas de Sena, do Santa Cruz, que marcou um tento a mais. No total, o Rei Dadá se despediu do clube alvirrubro com 26 gols marcados em 33 jogos. Individualmente não são números ruins, mas ficou aquele gostinho de quero mais por não ter vencido nenhum título.

DO NÁUTICO PARA UMA CURTA E BOA PASSAGEM NO SANTA CRUZ

Aos 35 anos, Dadá Maravilha continuou em Pernambuco, mas mudou de bairro. Isso porque ele saiu dos Aflitos e foi para o Arruda, trocando o Náutico pelo rival Santa Cruz, que havia sido derrotado pelo Sport um ano antes na final do Estadual. No entanto, teve apenas uma curta passagem pelo Tricolor. Com sete gols em 13 jogos, o Rei Dadá se transferiu do clube coral para o Bahia, onde acabou se sagrou bicampeão baiano em 1981 e 1982, marcando 35 gols em 71 jogos com a equipe baiana. Em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio, Dadá disse que poderia ter tido uma passagem maior por Náutico e Santa Cruz, mas acabou priorizando outros desafios.

Uma das partidas mais marcantes que Dadá Maravilha fez com a camisa do Santa Cruz foi contra o Cruzeiro, em um duelo válido pelo Campeonato Brasileiro de 1981. Isso porque o Tricolor derrotou a Raposa por 3x0, em pleno Mineirão, e com dois gols do Rei Dadá.

PERFIL

NOME: Dario José dos Santos, o Dadá Maravilha

IDADE: 74 anos

CLUBES: Campo Grande, Atlético-MG, Flamengo, Sport, Internacional, Ponte Preta, Paysandu, Náutico, Santa Cruz, Bahia, Goiás, Coritiba, Nacional-AM, XV de Piracicaba, Douradense, Comercial de Registro e Seleção Brasileira.

TÍTULOS: Bicampeão mineiro, campeão carioca, campeão pernambucano, bicampeão baiano, campeão goiano, campeão amazonense, bicampeão brasileiro e campeão da Copa do Mundo.

PODCAST

O futebol continua sendo debatido no Liga do Escrete. E no episódio desta semana, o programa traz um grande debate envolvendo a história da seleção brasileira, qual dupla de ataque foi melhor: Ronaldo e Rivaldo ou Romário e Bebeto? Já no duelo desta semana, Adriano ou Ibrahimovic, quem você prefere? Além das análises e debates, o programa relembra como foi a campanha da seleção brasileira campeã do mundo em 1970, com direito a participação especial do ex- atacante Dadá Maravilha. Ficou curioso? Esses e outros assuntos no podcast Liga do Escrete, programa totalmente dedicado ao futebol internacional.

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