A primeira rodada do Campeonato Brasileiro das séries A, B e C foi marcada por problemas envolvendo os testes de covid-19 em alguns clubes. Na primeira divisão, a partida entre Goiás x São Paulo foi adiada minutos antes da partida, já que o Esmeraldino teve vários jogadores contaminados pelo novo coronavírus - e só foi saber às vésperas da partida. No sábado, o CSA enfrentou o Guarani pela Série B com oito desfalques, que testaram positivo para a covid-19. Na Série C, 12 dos 19 atletas do Imperatriz-MA contraíram o vírus e, por conta disso, o duelo com o Treze foi adiado. Diante de todos esses problemas, a CBF fez alguns ajustes no protocolo da testagem nas competições nacionais visando não repetir o acontecido na rodada de abertura.
Segundo a nota emitida pela entidade máxima do futebol brasileiro, a testagem feita pela CBF foi ampliada para 40 atletas, com todos sendo testados 72 horas de cada partida - mesmo que algum jogador não seja relacionado. Outro ajuste feito é que os resultados precisarão ser enviados à CBF 24h antes do jogo pelo mandante e 12h pelo visitante. Por fim, a entidade deixou os clubes realizarem os testes no hospital Albert Einstein ou em laboratórios locais, com todos os custos sendo de quem comanda o futebol brasileiro.
No protocolo emitido pela CBF, a entidade não deixa explícito quando uma partida pode ser adiada por ter casos de covid-19 em algum dos times. No sábado, o CSA teve oito contaminados, mas soube com antecedência e conseguiu repor; no domingo, o Goiás descobriu às vésperas da partida e não teve tempo hábil para tentar substituir, assim como o Imperatriz-MA, que estava em Campina Grande para o duelo com o Treze-PB e teve 12 dos 19 atletas positivados.
Nesta terça-feira, Chapecoense x CSA se enfrentariam pela Série B, mas a partida teve que ser adiada porque 18 jogadores do clube alagoano testaram positivo para a covid. Em contato com a reportagem do Jornal do Commercio, médicos de Santa Cruz, Náutico e Sport avaliaram esses ajustes feitos pela CBF.
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Posicionamento dos médicos de Náutico, Santa Cruz e Sport
Para vice-presidente médico do Náutico, Múcio Vaz, avaliou de forma positiva esses ajustes feitos pela CBF no protocolo de testagem. "Achei prudente. O que eles (CBF) estão querendo é facilitar para os clubes. Se quatro dos 20 atletas dão positivo e nem podem jogar, você já pode substituir de imediata com os outros que também fizeram a testagem de forma imediata", disse o médico, que completa detalhando o procedimento correto do que deve acontecer quando algum atleta testar positivo em algum estado que não seja o do seu clube.
"Ele tem que ficar isolado, com dificuldades de pegarem avião, inclusive. O mais prudente é chegar ao local do jogo próximo da partida. Quem não gosta muito disso são os treinadores, mas o ideal é sair de sua cidade apenas com o resultado (da testagem) em mãos. Imagina o camarada está viajando e quando chega lá dá positivo. Então é um risco. Então repetindo: o ideal é só sair com o resultado em mãos. Se você levar o camarada que ele pode testar positivo, ele está convivendo com o grupo e, se der positivo, vai ter mais dificuldades para retornar, porque você tem que deixar ele isolado", finalizou o médico alvirrubro.
E o discurso de Múcio Vaz foi endossado pelo diretor médico do Santa Cruz, Antônio Mário Valente, reforçando a importância dos resultados da testagem serem divulgados antes dos clubes embarcarem. "Os testes agora podem ocorrer em laboratórios aqui do Recife, antigamente era só no Einstein. A necessidade do time fazer o exame antes de viajar é a grande mudança. Você fazer o teste e o resultado não sair antes da viagem, você fica numa roubada. Os testes serão feitos com a possibilidade do resultado sair antes dessa viagem", disse o médico coral, que completa detalhando que esse ajuste pode evitar que o clube seja surpreendido às vésperas da partida.
"O mais importante é que o resultado saia antes da partida. A tentativa não é nem de diminuir os casos, porque os casos vão continuar ocorrendo, mas sim que o resultado não saia no momento em que você não pode fazer nada. Bastava estar em viagem e ter os dois goleiros contaminados. O que iria fazer? Então essas mudanças são para evitar que a gente tenha os resultados da testagem em cima da hora. Então a tentativa é que os casos sejam diagnosticados precocemente e não em cima da hora", finalizou.
Assim como Múcio Vaz e Antônio Mário Valente, o diretor médico do Sport, Stemberg Vasconcelos, achou válido os ajustes feitos pela CBF, especialmente porque o clube terá um controle maior, já que vai marcar os exames nos laboratórios locais. "A responsabilidade ficou com os clubes. A gente é quem vai montar a nossa logística e não vai depender da CBF. E com isso aí a gente organiza horários de refeições e treinamentos", disse o médico do Sport, destacando que o time terá que entrar em campo mesmo que perca dez atletas titulares.
"Quem testar positivo tem que ser afastado por dez dias. Quem tiver sintomas por 14 dias. E quem tiver sintomas graves tem que ser afastado por 21 dias. Todos os jogadores agora serão testados, antes eram 23, agora são 40, para evitar que casos como o Goiás aconteçam e o time não consiga entrar em campo. Pode testar dez positivos e todos titulares, o time vai entrar em campo com o reserva", disse Stemberg Vasconcelos, que finaliza afirmando que, se um jogador testar positivo quando o Leão for atuar fora de casa, o atleta fica afastado.
"Ele fica afastado por dez dias e vai outro jogador no lugar dele. Provavelmente a gente aluga um carro para ele voltar quando terminar o período de isolamento. E isso vai ser um grande problema. Imagina se dez jogadores acabam testando positivo com a gente fora de casa?", finalizou o diretor médico rubro-negro.
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