VIDA LONGA AO REI

Casamento de Pelé com Assíria parou o Recife em 1994

Sem chuteira e com sapato social, então com 53 anos, Pelé paralisou a capital pernambucana no dia 30 de abril de 1994, ao realizar o seu segundo casamento, com a psicóloga Assíria Lemos, 34, na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, no Espinheiro.

Leonardo Vasconcelos
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Leonardo Vasconcelos
Publicado em 23/10/2020 às 0:57 | Atualizado em 23/10/2020 às 15:25
BRENO LAPOVITERA
EVENTO BADALADO Matrimônio com a psicóloga Assíria foi na Igreja Episcopal do Espinheiro - FOTO: BRENO LAPOVITERA

Não foi apenas com a bola nos pés que Pelé parou o Recife. Sem chuteira e com sapato social, então com 53 anos, ele paralisou a capital pernambucana no dia 30 de abril de 1994, ao realizar o seu segundo casamento, com a psicóloga Assíria Lemos, 34, na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, que fica na Rua Carneiro Vilela, no Espinheiro. Por ironia do destino, na rua de trás do estádio dos Aflitos, onde não conseguiu deixar sua marca. Se não marcou um gol no campo alvirrubro, fez um golaço de repercussão ao lado da praça esportiva em um dos matrimônios mais badalados da cidade até hoje.

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Edson Arantes do Nascimento passou em branco no estádio timbu e entrou na igreja com um terno no mesmo tom, puxado pro marfim. A celebração foi feita pelo Bispo Dom Paulo Garcia. Ele lembrou bem de detalhes daquele dia, como o que chegou a dizer para Pelé em seu sermão. "Edson, quando você era Pelé, você fez jogadas brilhantes que marcaram a sua performance, a ponto de você ter sido eleito o Atleta do Século. Mas agora você vai realizar a maior jogada da sua vida: construir uma família de Deus", recordou o bispo, que guardou com carinho a cópia do texto proferido naquela marcante data. A entrevista foi feita ano passado, antes da pandemia do coronavírus.

Acostumado a se apresentar para verdadeiras multidões, na ocasião ele teve uma seleta plateia de cerca de 500 convidados, entre eles grandes empresários e personalidades da época. O vestido clássico de cor pérola da noiva foi criado pelo estilista Clodovil Hernandez, que esteve presente na cerimônia e morreu em 2009. "Pelé ficou exatamente aqui, diante de mim, ao lado de Assíria, e uma verdadeira multidão atrás. Havia câmeras de todo o mundo por todo os lugares. Mais de 100 revistas enviaram seus jornalistas pra cá. A igreja estava lotada de personalidades. Me lembro de ter visto Clodovil sentado ali, o comandante Rolim, dono da Tam, mais atrás. E tantos outras pessoas conhecidas. O Detran teve que fazer uma megaoperação para organizar o trânsito", lembrou Dom Paulo.

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O bispo destacou bastante a emoção e simplicidade do rei. "Já no primeiro minuto da celebração ele começou a chorar. Eu vi o Edson, gente como a gente, não o Pelé. Uma pessoa humana, generosa, serviçal. Também muito afirmativa. Um bom filho, um bom patriota. E assim foi a marca que ele deixou". Nas conversas que teve com o ex-jogador, Dom Paulo frisou a relação do craque com Deus. "Ele falava muito de Deus e tinha muita consciência de que toda aquela habilidade veio Dele. Ela sabia que tinha esse dom, por isso era tão excepcional. Só Deus mesmo pra fazer tudo aquilo", revelou.

A escolha por Recife foi porque os pais da noiva viviam aqui. Assíria nasceu em Londrina, onde morou até os dois anos antes de se mudarem para a capital pernambucana. O casamento durou 14 anos e eles tiveram dois filhos gêmeos. Apesar do fim do relacionamento, a celebração marcou a história de Pelé, assim como ele marcou a história do Recife. Tanto que o bispo contou que a igreja "mudou de nome" depois daquele concorrido dia. "Antes era chamada a igreja do Paulo Garcia, depois se tornou a igreja onde casou Pelé!", disse o bispo, dando risadas.

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