Jogos Paralímpicos de Tóquio 2021

Paratleta pernambucana vive expectativa de classificação a Tóquio

Ana Cláudia Silva estreou em Paralimpíadas na Rio-2016 e quer a vaga no evento oriental para buscar uma medalha

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Luana Ponsoni

Publicado em 07/01/2021 às 17:53 | Atualizado em 07/01/2021 às 17:56
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Após meses de incertezas por conta da pandemia do coronavírus, a pernambucana Ana Cláudia Silva vive a expectativa de realizar o sonho de se classificar aos Jogos Paralímpicos de Tóquio, de 25 de agosto a 5 de setembro. A oportunidade de garantir a vaga no maior evento poliesportivo do paradesporto mundial acontece durante Open Internacional, entre 25 e 27 de março, em São Paulo. Será a primeira competição da temporada para a medalhista mundial nos 100m rasos. 

Além da prova de velocidade, Ana Cláudia também representa o Brasil no salto em distância da classe T42, reservada para competidores com deficiência unilateral de membros inferiores. A pernambucana é a atual recordista dos 100m, com marca de 15seg64 e precisa alcançar o índice de 14seg95 exigido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) para carimbar o passaporte a Tóquio.

O treinador Ismael Marques explicou que a pandemia interrompeu o calendário esportivo, mas eles conseguiram transformar o problema em solução respeitando as limitações do cenário mundial.

“Sem competições a gente decidiu voltar dois passos para corrigir alguns pontos e entrar em 2021 com o pico mais alto e com excelência técnica e física. A gente aproveitou esse tempo para melhorar a técnica, algo que não era possível maximizar por conta das competições. O calendário geralmente é apertado. Mas a gente conseguiu ajustar e entrar em 2021 com resultados animadores em treino para fazer um bom resultado antes da Paralimpíada porque ela vai buscar a vaga. Na verdade, ela vai consolidar a vaga porque ela já está praticamente dentro”, observou Marques.

De acordo com o técnico, os cinco meses de treinos intensos na pandemia são responsáveis pela evolução de 15% na técnica da corrida de Ana. “Para uma prova de 100m é um percentual muito grande”, afirmou. Ele ainda falou sobre as possibilidades do calendário para 2021. “A gente treina para a primeira competição do ano que vai servir para carimbar as vagas para todos os atletas do Brasil para Tóquio-2021. É a última oportunidade em competições no Brasil. Fora do Brasil existem outros Opens e a gente pretende ir para alguns, mas isso vai depender da vacina (da covid-19) no nosso País e no país que vai sediar a competição. A gente ainda tem essa pendência, mas seguimos treinando dentro da programação”, argumentou.

Na classe T42 do paratletismo internacional, Ana compete com paratletas que usam prótese, o que confere maior vantagem para as rivais. Ela, por outro lado, apresenta como diferencial a força física e a motivação de vencer os obstáculos. Ismael explicou. “A classe não é muito fácil porque tem junção com atletas com prótese. Isso dificulta um pouco mais a nossa jornada. Mas o sonho paralímpico sempre vai existir enquanto houver chance. Ela já tem idade avançada, mais de 30 anos, mas a força de vontade e a resposta física coloca a gente em igualdade com outras atletas em relação a idade. A idade hoje não pesa. O que pesa é o surgimento de novas atletas, mas a gente consegue se manter entre as cinco melhores do mundo e se manter num nível de competitividade”, disse.

A história de superação de Ana Cláudia

Ana Cláudia caiu e fraturou o fêmur quando tinha seis anos de idade. A queda causou uma lesão séria que culminou em uma má formação na perna direita. A jornada de transformação da pernambucana, no entanto, só aconteceu em 2014, quando conheceu o paratletismo e começou a treinar para competir nos 100m rasos e no salto em distância, suas especialidades. Considerada uma revelação no paradesporto, ela ganhou notoriedade com a conquista do bronze no Campeonato Mundial de Doha, no Catar, em 2015, e a participação nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

"Para mim é mais um sonho de estar na minha segunda Paralimpíada. A gente está se preparando para isso. E eu encaro o processo como se fosse a primeira vez. Porque antes eu não sabia o que era uma Paralimpíada, o que era competir em uma Paralimpíada, o que é correr atrás de uma medalha. Eu fui para a Rio-2016 com menos de dois anos de treinamento. E a preparação dura pelo menos quatro anos, tempo de um ciclo paralímpico. Foi um peso que só entendi depois que passou. E hoje vejo que a gente está no caminho certo. E eu vou lá para buscar uma medalha. Quando chegar a hora, vou estar pronta", garantiu.

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