OLIMPÍADA

Truco, churrasco e tubaína: veja o que o "Malvadão" Alison dos Santos, medalhista de bronze, quer fazer na volta ao Brasil

Alcançada a missão de conquistar uma medalha olímpica nos 400 m com barreiras, ele admitiu ansiedade por volta ao Brasil

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Marcos Leandro

Publicado em 04/08/2021 às 13:43 | Atualizado em 04/08/2021 às 13:54
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Da Redação, com Estadão Conteúdo

Em uma Olimpíada marcada pela preocupação com a saúde mental dos atletas, Alison dos Santos, que nas redes sociais de apresenta como "Malvadão", não se abalou diante da pressão de competir pela primeira vez na grande competição, em Tóquio. Com seu conhecido jeito descontraído e muito sincero, o brasileiro de apenas 21 anos chegou à medalha de bronze nos 400 metros com barreira com dancinhas, um pouco de funk e aproveitando cada oportunidade, ou melhor, "xavecando o momento", como gosta de dizer.

"É muito bom levar a prova assim, mais leve. Quanto mais leve, mais rápido você corre", ensinou o brasileiro, dias antes de conquistar o bronze, com mais um recorde sul-americano (46s72) na disputa mais difícil e forte da história da prova. Teve até recorde mundial do norueguês Karsten Warholm: 45s94.

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Falando da volta ao Brasil, depois da conquista, ele não escondia a alegria e a empolgação. Alcançada a missão de conquistar uma medalha olímpica, ele admitiu ansiedade por outra tarefa a cumprir. "Estou louco para voltar para São Joaquim da Barra (SP), jogar um truco, gritar um '6' na orelha do Gerson (seu pai)."

O truco, um dos seus hobbies preferidos, virá acompanhado, se possível, de um churrasco e muita, muita Tubaína. Fã do refrigerante produzido com guaraná, Piu fez uma promessa de só voltar a ingerir a bebida após competir em Tóquio. A promessa foi feita no início de 2020, antes do adiamento dos Jogos. Ou seja, o corredor ficou muito mais tempo do que imaginava sem poder beber o refrigerante favorito.

VALEU A PENA

O sacrifício valeu a pena. Piu se tornou o primeiro a conquistar uma medalha em uma prova individual de pista no atletismo brasileiro em 33 anos. Os últimos haviam sido Joaquim Cruz, prata nos 800m, e Robson Caetano, bronze nos 200m, ambos no Jogos de Seul, em 1988.

Em Tóquio, ele "xavecou" o momento desde as eliminatórias. As câmeras flagraram ele dançando e cantando, com fones de ouvido, durante o aquecimento, cena que se tornaria corriqueira no Estádio Olímpico. Alison, ou Piu, como é mais conhecido entre os amigos, ouvia o funk "Chama o teu vulgo malvadão", da MC Jhenny

A dancinha, ao fim da prova, não teve. Ele prometeu exibir nova performance em suas redes sociais. No Twitter, Piu se apresenta como "Malvadão" e tenta atrair novos seguidores ao seu "bonde". "Vem comigooooo que o bonde do malvadão estão no pódio olímpico "

Um dos que aderiram foi o atacante Richarlison, da seleção em Tóquio. "É o bonde do Malvadão!!!! Parabéns Alison", respondeu o jogador de futebol.

SUPERAÇÃO

A trajetória desse paulista de São Joaquim da Barra (SP) em uma prova que o atletismo brasileiro não tem tanta tradição é surpreendente. Ele foi o primeiro atleta do País a correr a prova abaixo de 48 segundos. Somente nesta temporada já havia quebrado o recorde sul-americano cinco vezes antes de conquistar a inédita medalha em Tóquio.

Alison consegue aliar a sua capacidade física - só de pernas tem 1,12m - com um talento raro. Quando completou 16 anos, por exemplo, começou a disputar provas na categoria adulta. Quando fez 18 anos, quebrou o recorde sul-americano sub-20.

Com dez meses de idade, ele sofreu um acidente doméstico. Uma frigideira com óleo virou sobre si. Ele ficou meses internado para tratar das queimaduras de terceiro grau na cabeça, ombros, peito e braços.

As cicatrizes daquele acidente estão com ele até hoje. A mais evidente é uma falha no cabelo. Quando criança, Alison tentou ser judoca. Foi nesse período que ganhou o apelido de Piu. O garoto trocou o tatame pelo atletismo e hoje é medalhista olímpico.

 

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