DUAS DÉCADAS

Ídolo e peça importante de uma conquista histórica, Kuki comemora 20 anos de sua chegada ao Náutico

Ex-atacante e atual auxiliar-técnico do Náutico escreveu história marcada pela identificação com a torcida e repleta de gols

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Carolina Fonsêca

Publicado em 04/01/2021 às 14:28 | Atualizado em 04/01/2021 às 14:51
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Há 20 anos, chegava ao Clube Náutico Capibaribe um atacante de 29 anos e 1,67m, anunciado em um "pacote" de oito jogadores. Silvio Luiz Borba da Silva, o Kuki desembarcava nos Aflitos como uma das principais esperanças de gols para a temporada de 2001, afinal, havia marcado 49 vezes pelo Brusque, clube que defendeu no ano 2000. Mais que esperança de gols, ele se tornou uma certeza para o torcedor alvirrubro. Nesta segunda-feira (4), Kuki completa duas décadas de história com o Náutico, onde atualmente exerce a função de auxiliar técnico e coleciona títulos, guarda boas lembranças e vislumbra um futuro importante para o clube da Rosa e Silva. 

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Carinho é uma via de mão dupla para Kuki e a torcida alvirrubra e ele percebeu isso cedo. Levou cerca de seis meses para entender e reconhecer sua identificação com o clube. "Quando as coisas foram tomando forma, assim, dois meses após a chegada, como a gente não conhecia muito, foi procurando saber toda a história do clube. Já conhecemos a paixão da torcida nos primeiros dias de treinamento. Sempre deixei claro a minha paixão pelo clube [...] desde seis meses após a minha chegada", lembrou. "As pessoas queriam conhecer aquele grupo de jogadores novos, que chegavam para representar o Náutico. Então a gente já via nos treinos o carinho dos torcedores", acrescentou.

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Kuki foi anunciado pelo Náutico em um "pacote" com oito jogadores, no início de 2001. - ARQUIVO/JORNAL DO COMMERCIO

O início da relação teve muito carinho e apoio da torcida, mas também trabalho árduo que, para Kuki, é a combinação certa para fazer as coisas ocorrerem "com naturalidade". "A dedicação sempre foi a mesma e, quando o pessoal vê, quando você vem de fora e veem sua dedicação, de coração, eles te abraçam e as coisas acontecem a seu favor, tendem a ocorrer com naturalidade e foi assim que aconteceu", contou. 

É também com gratidão que Kuki completa suas duas décadas como parte da história alvirrubra. "Agradeço a Deus por esses 20 anos aqui, de total dedicação, além de ter me tornado torcedor do clube. Kuki não seria Kuki sem a ajuda dos companheiros, sozinho não chegaria a lugar nenhum. É uma honra fazer parte do Clube Náutico Capibaribe, desses 20 anos, ser parte da história do clube. Tenho um carinho imenso pelo torcedor, pelas pessoas que fizeram e fazem o Náutico, sempre torcendo pelo crescimento do nosso clube".

Campeão, artilheiro e ídolo 

O Náutico precisava se reerguer e viu a contratação do grupo surtir efeito. Em 2001, sagrou-se campeão pernambucano, no ano do centenário do Timbu, com Kuki artilheiro, balançando as redes 14 vezes. Na mesma temporada, chegou ao terceiro lugar da Copa do Nordeste, que também teve Kuki como artilheiro daquela edição, marcando 12 gols. 

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Thiago Tubarão (E) ao lado de Kuki no jogo de despedida do ex-camisa 11 alvirrubro - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
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Com time formado por garotos da base, Timbu ficou no 1x1 com a Coruja, pela 5ª rodada do Estadual - Bobby Fabisak/JC Imagem
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Além da artilharia, o auxiliar do Náutico também era conhecido pelo temperamento explosivo - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Em 2018, na reabertura dos Aflitos, Kuki foi homenageado em um jogo festivo. - Bobby Fabisak/JC Imagem
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Dupla fez parceria vitoriosa nos títulos do Pernambucano de 2001 e 2002 - JC Imagem
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Ídolo alvirrubro atuará diretamente na formação de atletas do Timbu - Divulgação/Náutico
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Lista tem nomes que fizeram história do clube, como Kuki, Acosta e Sangaletti, além do técnico Muricy Ramallho - JC Imagem
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Ex-atacante chegou ao timbu em 2001, ano do centenário do clube da avenida Rosa e Silva - Foto: JC Imagem
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Todo grande time começa com um grande goleiro. É uma máxima do futebol que não deixa de ser verdade. Mas uma outra poderia dividir o espaço: toda equipe vencedora tem que ter um grande cobrador faltas. Ele pode fazer a diferença. Foi o que fez, novamente, Marcos Aurélio, na apertada vitória do Sport sobre o Ceará. Com quatro gols decisivos nos últimos três jogos em que atuou, Marcos Aurélio já pode ser colocado na galeria dos grandes cobradores do futebol pernambucano. Até porque ela não é tão populosa. Claro que o camisa 10 do Leão está longe de ser um Zico, um Marcelinho Carioca. Ou um Juninho Pernambucano. Um Zenon até. Mas ontem fez lembrar todos eles. Marcos Aurélio oscila dentro dos jogos. Mas na bola parada faz a diferença. O Sport está no G-4 graças à perfeição de suas batidas. Fazendo lembrar jogadores que fizeram história no futebol pernambucano, decidindo partidas em chutes precisos. Como Marcelinho Paraíba, o último que passou por aqui. Ou ex-rubro-negros como Wellington (2006), Wilson Carrasco (85), Éder (87) e Betão (87). Ainda como os ex-alvirrubros Souza (2012), Adriano (99), Humberto (97) e Levi (92). Ou ex-tricolores como Rinaldo (90), Luizinho Vieira (2005) e Luciano Veloso (75). Só não pode ficar refém das bolas paradas. Todos esses ídolos do passado brilharam porque o time também jogava. É o que o Sport precisa. Ontem foi, mais uma vez, no sufoco. Com o goleiro também salvando. Arte da guerra Apesar de o próprio Constantino Júnior ter dito que a situação de Sandro Barbosa ficaria insustentável, em caso de derrota para o Brasiliense, a diretoria do Santa preferiu centrar fogo na imprensa. Culpando-a pela quase demissão do técnico. Pior: usou intimidação como parte da bravata, com membros de torcidas organizadas em local privilegiado, na coletiva. Despreparo... Vereador, Antônio Luiz Neto comandou uma coletiva infantil e antidemocrática. Dizendo que as críticas eram injustas, pessoais e que deveriam ser levadas à Justiça. Ainda disse que Sandro era um dos melhores do País. ... coral Ao mudar o foco dos erros de campo do time para uma briga com jornalistas, Antônio Luiz Neto assume toda a responsabilidade pelo futuro da equipe. Sandro quis sair. Ele não aceitou. Que assuma todo o risco. À espera da evolução Nem dez dias sem futebol, nem um jogo atrás do outro. Zé Teodoro teve tempo suficiente para preparar o Náutico para o jogo de hoje, diante do Criciúma. Mesmo sabendo que ainda há vários jogadores no departamento médico, a torcida não aguenta mais as desculpas do treinador. Esta noite tem que mostrar um mínimo de evolução. Pelo menos isso. Com a palavra, o leitor Rubro-negro brinca com oscilação "Meu Sport é bipolar." Nykon Craveiro, pelo Facebook, referindo-se à irregularidade do Sport durante as partidas. - NE10
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Decisão de não atuar partiu do próprio ex-jogador, por conta da importância do clássico - NE10

Entre as lembranças marcantes do artilheiro, o ano de 2001 se destaca. "Acho que a nossa afirmação, o título do Pernambucano de 2001, as coisas que a gente viveu ali, jamais grupos que estão aqui no Náutico e por vir vão ter a mesma sensação. A gente chegou aqui e o clube não tinha nada, a estrutura era zero. E hoje, mesmo na maior crise que tiver, tem CT para treinar, tem quatro campos à disposição, tem hotel e, na nossa época, não tinha nada disso. Não é ser saudosista e nem desmerecer ninguém, mas o que a gente viveu, dificilmente... as pessoas não tem noção exata do que foi aquele ano de 2001", disse. 

Com o alvirrubro, o atacante conquistou ainda os Campeonatos Pernambucanos de 2002 e 2004 e foi artilheiro das edições de 2003, com 16 gols e de 2005, com 17 gols. 

"Fizemos uma grande campanha da Copa do Nordeste, nos sagramos campeões do centenário, único clube do Estado que conseguiu isso. Para aquele grupo de jogadores totalmente desconhecidos, com duas ou três peças conhecidas pelo público pernambucano - o Vital, o Marcelo Passos, Sangaletti e o Wallace - mas os restantes eram desconhecidos, procurando seu lugar ao sol para encontrar seu eldorado, como sempre, com dedicação e ajuda dos companheiros", recordou. 

Kuki fez 387 partidas pelo Náutico e marcou 184 gols. Despediu-se da carreira de jogador em 5 de dezembro de 2009, vestindo a camisa alvirrubra, em uma partida contra o Avaí, pela última rodada da Série A do Brasileirão. Na ocasião, o Timbu, já rebaixado, perdeu por 1 x 0 para o time de Florianópolis.

Alguns anos após sua aposentadoria, Kuki foi devidamente homenageado pelo Náutico. Na partida que marcou "a volta pra casa" da equipe alvirrubra - que retornava aos Aflitos depois de cerca de cinco anos mandado jogos na Arena de Pernambuco. O ídolo teve sua partida de despedida, com clima festivo, estádio cheio, gols e festa. A partida aconteceu no dia 12 de dezembro de 2018. O Náutico recebeu o Newell's Old Boys para um amistoso, que terminou vitória por 3 a 2 para o Timbu, que tinha Muricy Ramalho comandando o time à beira do gramado. Kuki chorou ao pisar em campo, foi ovacionado pela torcida e marcou dois gols no jogo.

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De olho no futuro 

Auxiliar-técnico do Náutico desde 2010, Kuki pensa no futebol alvirrubro de maneira macro. Atualmente ele também estuda, está cursando a faculdade de fisioterapia. "Eu tenho sonhos muito grandes. Estou fazendo faculdade, estudando fisioterapia, e tenho o sonho muito grande de ver o Náutico como uma grande potência do futebol do Nordeste e do Brasil na formação de jogadores e tudo isso passa pela base, com valorização da base. Porque temos tudo aqui, estrutura e falta só o investimento maior para que o Náutico possa se tornar um celeiro de grandes jogadores. É o meu sonho para o futuro", revelou. 

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