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Comissão da Alepe aprova indicação do cuscuz como Patrimônio Imaterial de Pernambuco

A iguaria tradicional entre a população do Nordeste brasileiro já havia sido declarada Patrimônio Imaterial da Humanidade pelo Unesco em 2020

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Marcelo Aprígio

Publicado em 04/03/2021 às 9:02
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A Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou a indicação do cuscuz como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado. O aval do colegiado foi dado nessa quarta-feira (3), em sessão remota por causa da pandemia de covid-19. A iguaria tradicional entre a população do Nordeste brasileiro já havia sido declarada Patrimônio Imaterial da Humanidade pelo Comitê de Patrimônio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2020.

A proposta partiu do deputado Gustavo Gouveia (DEM), por meio de um projeto de resolução. “Existem muitas receitas de cuscuz pelo mundo, mas nenhuma como a do cuscuz nordestino, prato tão típico do povo pernambucano. Não restam dúvidas, portanto, de que se trata de um Patrimônio Cultural Imaterial”, justificou o parlamentar no documento.

De acordo com o Regimento Interno da Alepe, cada parlamentar pode fazer uma sugestão para o Registro do Patrimônio Cultural Imaterial por ano, cabendo a análise de legalidade à Comissão de Justiça e de mérito, ao colegiado de Educação e Cultura. Cumpridas essas etapas, a indicação deverá ser votada em Plenário.

A proposta é encaminhada, então, para a Secretaria Estadual de Cultura, que tem 30 dias para apresentar um veredito. Após a manifestação da pasta, a avaliação final é feita pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural. Se for positiva, a inclusão nos Livros de Registro ocorrerá por meio de decreto do governador do Estado.

Patrimônio da humanidade

O cuscuz foi declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade. O título foi concedido em reunião por videoconferência do Comitê de Patrimônio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sob a Presidência da Jamaica. O caso foi aprovado em conjunto com a Argélia, Mauritânia, Marrocos e Tunísia.

Foram levados em consideração os conhecimentos, as práticas e as tradições relacionadas ao preparo e ao consumo do cuscuz.

Origem

TV Jornal
Receita de cuscuz com creme de queijo e charque do chef Rivandro França - TV Jornal

O legado africano na culinária brasileira é maior do que a gente imagina. A origem do cuscuz é atribuída ao Oriente Médio, mais especificamente à cidade de Maghreb, localizada no norte da África. Existem relatos de que o prato já era preparado há pelo menos dois séculos antes de Cristo, mas de uma forma muito diferente da qual conhecemos hoje.

A introdução no cardápio brasileiro foi feita através dos colonizadores portugueses, em meados do século XVI. A receita original feita de trigo e sêmola foi rapidamente abrasileirada e passou a contar com ingredientes abundantes no país. Como resultado, desde então, várias versões com ingredientes locais foram desenvolvidas e reproduzidas ao longo das gerações.

Preparar cuscuz é quase uma atividade emblemática. Mas nem só de milho vive o cuscuz apreciado pelo nordestino: também pode ser preparado com farinha de arroz e servido com acompanhamentos doces, e massa de mandioca para servir tanto com acompanhamentos salgados quanto doces.

Consumo no Brasil

Foto:  Arnaldo Félix
A cidade de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, é conhecida pela festa do cuscuz gigante - Foto: Arnaldo Félix

O cuscuz pode ser preparado no Brasil a partir da farinha ou polvilho, de milho, arroz ou mandioca. A massa cozida no vapor e geralmente é salgada e levemente umedecida. No Nordeste, o costume é de comer o cuscuz acompanhado de leite, ovos, manteiga, carne-de-charque e os mais variados acompanhamentos.

A cidade de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, é conhecida pela festa do cuscuz gigante, que ocorre anualmente no mês de junho em comemoração ao São João. Em 2020, porém, devido à pandemia de covid-19, a tradicional festa não foi realizada.

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