Para líderes do Congresso, Bolsonaro perde ao não condenar ataque da Rússia à Ucrânia
O silêncio do presidente Jair Bolsonaro nas primeiras horas após os ataques russos à Ucrânia pode lhe custar apoios e votos, na avaliação de lideranças do Congresso
O silêncio do presidente Jair Bolsonaro nas primeiras horas após os ataques russos à Ucrânia pode lhe custar apoios e votos, na avaliação de lideranças do Congresso. Parlamentares cobraram uma posição mais enfática do governo. O presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), conversou ao longo do dia com o ministro da pasta, o chanceler Carlos Alberto França, e pediu uma posição mais dura, condenando os atos. "Bolsonaro perde um espaço enorme", disse Aécio à Coluna. Para ele, não há por que temer retaliação da Rússia, já que os esforços de Vladimir Putin estarão concentrados mais na guerra e menos em possíveis acordos com outras nações.
DRIBLE
Já diplomatas brasileiros ouvidos pela Coluna avaliam que a primeira nota do governo sobre os ataques russos à Ucrânia, em que o Itamaraty pede a "suspensão de hostilidades", representa uma vitória do ministro Carlos França sobre Jair Bolsonaro, que havia falado em "solidariedade" a Putin durante a ida ao país.
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FIQUE DE OLHO
No Itamaraty, contudo, há ainda o temor de que o presidente se pronuncie de maneira irresponsável por questões ideológicas, contrariando a tradição diplomática do País, que historicamente defende soluções pacíficas.
VAI FALTAR?
A guerra pode ainda ter efeitos para o agronegócio brasileiro, dependente do fertilizante russo. "Há uma preocupação com a interrupção do fornecimento", disse a presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Teresa Vendramini, à Coluna.
UNIÃO
Moradores de Prudentópolis (PR), onde 75% da população é descendente de ucranianos, transformaram grupos nas redes sociais em mural de notícias e de compartilhamento de informações sobre parentes e amigos em Kiev.
ATENÇÃO
A prefeitura da cidade enviou ofício a lideranças ucranianas dizendo estar "de portas e coração abertos" a imigrantes. "O desafio à soberania da Ucrânia é grave e não pode ser entendido como normal pelas demais nações", disse o prefeito Osnei Stadler.
BINGO
A bancada evangélica teve um dia de "desabafos" em seu grupo de WhatsApp, após a aprovação dos jogos de azar. Aliados de Bolsonaro, Otoni de Paula (PSC-RJ), Marco Feliciano (PL-SP) e Sóstenes Cavalcante (União-RJ) não esconderam o sentimento de que foram "sabotados" por parte da liderança do governo.
DEU PRA TI
Demonstrando publicamente insatisfação com Jair Bolsonaro, o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), dá sinais cada vez mais claros de desembarque da base do governo.
CÁLCULOS
Marcos Pereira tem trabalhado nos votos e nomes mirando a formação da nova bancada do partido no Congresso e é um dos poucos que não cogitaram formar qualquer tipo de federação com outra sigla até o momento.
PRONTO, FALEI!
Angelo Coronel
Senador (PSD-BA)
"Triste e assustador que em pleno século 21, em meio a uma pandemia que ceifou milhões de vidas no mundo inteiro, tenhamos uma guerra. Todos perdem."