COLUNA DO ESTADÃO

Para líderes do Congresso, Bolsonaro perde ao não condenar ataque da Rússia à Ucrânia

O silêncio do presidente Jair Bolsonaro nas primeiras horas após os ataques russos à Ucrânia pode lhe custar apoios e votos, na avaliação de lideranças do Congresso

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Alberto Bombig

Publicado em 25/02/2022 às 7:00
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O silêncio do presidente Jair Bolsonaro nas primeiras horas após os ataques russos à Ucrânia pode lhe custar apoios e votos, na avaliação de lideranças do Congresso. Parlamentares cobraram uma posição mais enfática do governo. O presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), conversou ao longo do dia com o ministro da pasta, o chanceler Carlos Alberto França, e pediu uma posição mais dura, condenando os atos. "Bolsonaro perde um espaço enorme", disse Aécio à Coluna. Para ele, não há por que temer retaliação da Rússia, já que os esforços de Vladimir Putin estarão concentrados mais na guerra e menos em possíveis acordos com outras nações.

DRIBLE

Já diplomatas brasileiros ouvidos pela Coluna avaliam que a primeira nota do governo sobre os ataques russos à Ucrânia, em que o Itamaraty pede a "suspensão de hostilidades", representa uma vitória do ministro Carlos França sobre Jair Bolsonaro, que havia falado em "solidariedade" a Putin durante a ida ao país.

FIQUE DE OLHO

No Itamaraty, contudo, há ainda o temor de que o presidente se pronuncie de maneira irresponsável por questões ideológicas, contrariando a tradição diplomática do País, que historicamente defende soluções pacíficas.

VAI FALTAR?

A guerra pode ainda ter efeitos para o agronegócio brasileiro, dependente do fertilizante russo. "Há uma preocupação com a interrupção do fornecimento", disse a presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Teresa Vendramini, à Coluna.

UNIÃO

Moradores de Prudentópolis (PR), onde 75% da população é descendente de ucranianos, transformaram grupos nas redes sociais em mural de notícias e de compartilhamento de informações sobre parentes e amigos em Kiev.

ATENÇÃO

A prefeitura da cidade enviou ofício a lideranças ucranianas dizendo estar "de portas e coração abertos" a imigrantes. "O desafio à soberania da Ucrânia é grave e não pode ser entendido como normal pelas demais nações", disse o prefeito Osnei Stadler.

BINGO

A bancada evangélica teve um dia de "desabafos" em seu grupo de WhatsApp, após a aprovação dos jogos de azar. Aliados de Bolsonaro, Otoni de Paula (PSC-RJ), Marco Feliciano (PL-SP) e Sóstenes Cavalcante (União-RJ) não esconderam o sentimento de que foram "sabotados" por parte da liderança do governo.

DEU PRA TI

Demonstrando publicamente insatisfação com Jair Bolsonaro, o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), dá sinais cada vez mais claros de desembarque da base do governo.

CÁLCULOS

Marcos Pereira tem trabalhado nos votos e nomes mirando a formação da nova bancada do partido no Congresso e é um dos poucos que não cogitaram formar qualquer tipo de federação com outra sigla até o momento.

PRONTO, FALEI!

Angelo Coronel

Senador (PSD-BA)

"Triste e assustador que em pleno século 21, em meio a uma pandemia que ceifou milhões de vidas no mundo inteiro, tenhamos uma guerra. Todos perdem."

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