Acidentes de trânsito: ortopedista explica o que mais preocupa e como tratar esses traumas
Vice-presidente do Cremepe e Diretor Administrativo e Financeiro do Simepe, Mário Jorge Lobo, pontua os três primeiros passos após uma colisão

Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou que acidentes de transporte terrestre, independente do tipo de veículo, representam cerca de 20 a 50 milhões de lesões não fatais, muitas delas resultando em incapacidade.
A OMS revela ainda que as lesões causadas por essas colisões são a principal causa de morte de crianças e jovens entre os cinco e 29 anos.
O Brasil é um dos países com os maiores números de óbitos e internações por acidentes de trânsito, causando impacto sobre os sistemas de saúde por suas demandas que sobrecarregam as urgências, os hospitais e os serviços de diagnóstico e reabilitação.
Para o ortopedista, Vice-presidente do Cremepe e Diretor Administrativo e Financeiro do Simepe, Mário Jorge Lobo, suavizar o dano e estabilizar a vida são os primeiros passos a serem realizados no paciente após o trauma.
“A primeira coisa a se atentar nos acidentes automobilísticos é o dano, a dispersão de energia que esses acidentes podem causar, desde pequenas dispersões de energia, um traumatismo pequeno, em um acidente pequeno, até uma grande dispersão de energia naqueles politraumatizados existentes”, indica o especialista.

“Após estabilizar a vida, vem o segundo elemento que é preservar os membros e a integridade física. Então devemos salvar um pé esmagado, uma perna machucada. O terceiro momento é preservar a função. São etapas para que aquele membro, aquele corpo, seja funcional novamente e venha à reabilitação”, ressalta o ortopedista Mário Jorge Lobo.
Acidentes com moto
De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito, em fevereiro de 2020, havia registrada no Brasil uma frota de 27,9 milhões de motos, incluindo-se motocicletas e motonetas.
Esses números correspondem a 26,4% da frota nacional, 48,2% da frota da região Norte e 43,2% da região Nordeste. Se fizermos um comparativo, esse contingente era de pouco mais de 2,7 milhões de veículos em 1998.
Esse crescimento está relacionado a diversos fatores, como facilidade de aquisição, baixo custo, mercado de entregas, ineficiência do transporte coletivo, entre outros. Com o aumento do número de motos nas ruas, aumentam também os acidentes graves com esse tipo de transporte no Brasil.
Segundo um estudo da Abramet, a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, no primeiro semestre de 2021, 71.344 acidentes graves com a internação de condutores foram registrados no país.
Segundo Mário Jorge Lobo, ortopedista, Vice-presidente do Cremepe e Diretor Administrativo e Financeiro do Simepe, a cirurgia não é a única saída para corrigir esses traumas.
“Inicialmente tem que ter o entendimento de que o sistema locomotor é um sistema físico, onde a gente tem uma força motora e um deslocamento. A parte física é essencial até diante do medicamento, que visa diminuir os efeitos das lesões mas, como foco, nós precisamos corrigir a causa das lesões e, normalmente, a causa da lesão é corrigida do ponto de vista físico, que pode ser fisioterápico, e seus elementos coadjuvantes, como terapia ocupacional e acupuntura, ou a cirurgia”, afirma.

De modo geral, do ponto de vista ortopédico, Mário Jorge Lobo ressalta ainda que, independente do caso, o objetivo principal vai ser sempre prezar pela qualidade de vida do paciente.
“Nosso principal desafio é manter a capacidade funcional do indivíduo, manter com que o ele interaja com os outros e interaja com o ambiente, que seja produtivo laboralmente, do ponto de vista do seu entretenimento, que é a qualidade de vida”, finaliza.