Covid-19

Por conta do coronavírus, pode faltar camisinhas no mundo

"O fechamento de fronteiras e as demais medidas de restrição prejudicam o transporte", indicou um porta-voz da UNFPA

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Publicado em 08/04/2020 às 18:41 | Atualizado em 08/04/2020 às 18:41
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Camisinha é o instrumento que deve ser utilizado para prevenir infecções sexualmente transmissíveis - FOTO: Foto: Divulgação

A quarentena adotada por vários países contra a pandemia da covid-19 pode ter uma consequência inesperada: a falta de preservativos. Várias fábricas do produto estão paralisadas por conta da crise do coronavírus. A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que, caso a situação chegue a esse ponto, as consequências serão "desastrosas".

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Na Malásia, um dos maiores produtores de camisinhas do mundo, políticas de isolamento estão em vigor desde 18 de março por conta do aumento no número de casos da covid-19 no país. A Karex, que fabrica um a cada cinco preservativos no mundo, foi duramente afetada pelas restrições e estima que produzirá 200 milhões de camisinhas a menos até o fim do mês.

"O mundo enfrentará sem dúvida uma falta de preservativos", disse o diretor-executivo da Karex, Goh Miah Kiat, à AFP. "É um motivo de preocupação grande pois as camisinhas são um item sanitário de primeira necessidade."

A companhia, que fornece preservativos para várias companhias e governos ao redor do mundo, além de projetos humanitários, decidiu interromper a produção em três fábricas na Malásia. O governo malaio autorizou o retorno das atividades, mas apenas com 50% dos funcionários.

A Agência das Nações Unidas para a Saúde Sexual e Reprodutiva (UNFPA, na sigla em inglês) adverte que só poderá atender de 50% a 60% dos pedidos de fornecimento de preservativos que habitualmente recebe.

"O fechamento de fronteiras e as demais medidas de restrição prejudicam o transporte (de mercadorias) em vários países e regiões. Uma falta generalizada de preservativos ou qualquer outro meio contraceptivo pode gerar um aumento de gestações indesejadas com consequências desastrosas para a saúde e o bem-estar de adolescentes, mulheres, seus parceiros e famílias", indicou um porta-voz da UNFPA.

A agência também teme um aumento no número de abortos clandestinos e de contágios por doenças sexualmente transmissíveis, em especial a Aids.

De acordo com a Karex, a demanda por preservativos aumentou desde o início das políticas de confinamento. A imprensa indiana reportou um aumento de 30% na venda de camisinhas desde que o país impôs uma quarentena nacional aos 1,3 bilhão de habitantes.

A saída para a possível crise pode vir da China, onde o novo coronavírus Sars-CoV-2 surgiu. Os principais produtores de preservativos no país retomaram as atividades depois que as medidas restritivas foram aliviadas após a disseminação do vírus ter sido praticamente contida no país.

A HBM Protections, que fabrica mais de 1 bilhão de camisinhas por ano, anunciou que o ritmo normal da produção deve ser retomado em breve e espera sua triplicar sua capacidade até o fim do ano. O grupo Shanghai Mingbang Rubber Products, por sua vez, se disse disposto a aumentar suas exportações caso haja um esvaziamento dos estoques ao redor do mundo.

"Se os mercados internacionais sofrerem problemas, estamos de acordo quanto a exportar mais (preservativos)" disse à AFP o dirigente do grupo chinês Cai Qijie.

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