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Laboratório chinês acredita que pode deter pandemia do coronavírus 'sem vacina'

Medicamento em fase de testes permitiria não apenas acelerar a cura dos doentes, mas também imunizar temporariamente contra a COVID-19

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Publicado em 19/05/2020 às 9:28 | Atualizado em 19/05/2020 às 9:31
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O diretor do Centro de Inovação Avançada em Genômica de Beida, Sunney Xie, explicou que o tratamento funciona em camundongos - FOTO: WANG ZHAO / AFP

Pesquisadores chineses dizem ter desenvolvido um tratamento capaz de interromper a pandemia da COVID-19, enquanto uma centena de laboratórios em todo mundo compete para produzir uma vacina contra o novo coronavírus.

Um medicamento em fase de testes na prestigiada Universidade de Pequim ("Beida") permitiria não apenas acelerar a cura dos doentes, mas também imunizar temporariamente contra a COVID-19.

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Em uma entrevista à AFP, o diretor do Centro de Inovação Avançada em Genômica de Beida, Sunney Xie, explicou que o tratamento funciona em camundongos.

Seu laboratório extraiu anticorpos de 60 pacientes curados da doença e os injetou em roedores.

"Após cinco dias, sua carga viral foi dividida por 2.500. Isso significa que esse medicamento em potencial tem um efeito terapêutico", assegurou.

Um estudo sobre esta pesquisa, publicado no domingo na revista especializada "Cell", considerou que é um "remédio" potencial contra a doença e apontou que permite acelerar a cura.

"Somos especialistas em sequenciamento de células únicas, não imunologistas, ou virologistas. Quando constatamos que nossa abordagem nos permitiu encontrar um anticorpo que neutraliza (o vírus), ficamos muito felizes", comentou o professor Xie.

Segundo ele, o tratamento pode estar disponível antes do final do ano, a tempo de uma nova ofensiva de inverno contra a COVID-19. Surgida na China no final do ano passado, a doença já contaminou 4,5 milhões de pessoas em todo mundo e deixou 316.000 mortos.

"A preparação dos ensaios clínicos está em andamento", acrescentou o pesquisador, especificando que serão realizados na Austrália e em outros países.

Com o declínio da pandemia na China, o gigante asiático não possui portadores suficientes do vírus para realizar testes em humanos.

"O que esperamos é que esses anticorpos se tornem um medicamento especial para interromper a pandemia", declarou.

Imunidade momentânea

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que, embora mais de 100 laboratórios mundiais tenham se lançado na busca por uma vacina, ela pode demorar entre 12 e 18 meses para estar disponível.

Um tratamento baseado em anticorpos poderia ser mais rápido para se espalhar na população.

Na China, mais de 700 pacientes já receberam plasma (um componente do sangue) de pacientes curados, uma técnica que produziu "efeitos muito bons", segundo as autoridades de saúde.

Segundo Xie, a quantidade de plasma disponível "é limitada", enquanto os 14 anticorpos usados em sua pesquisa podem ser reproduzidos rapidamente em larga escala.

Essa abordagem já foi aplicada com sucesso no combate a outros vírus, como HIV, ebola e Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers).

Um tratamento contra o ebola, o remdesivir, deu bons resultados nos Estados Unidos contra a COVID-19, acelerando a cura de doentes, mas sem reduzir significativamente a taxa de mortalidade.

Segundo o professor Xie, o tratamento desenvolvido em Pequim pode oferecer imunidade momentânea ao vírus.

O estudo revela que, se os anticorpos forem injetados em um camundongo antes da administração do vírus, ele fica protegido da infecção.

Isso permitiria que o pessoal da saúde fosse protegido por algumas semanas, talvez alguns meses, espera o especialista chinês.

"Poderíamos conter a pandemia com um tratamento que funciona, mesmo sem uma vacina", confidenciou.

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