Os espanhóis reencontraram, nesta segunda-feira (25), suas praias, e os italianos, suas piscinas: a Europa continua seu desconfinamento após semanas de paralisia pelo coronavírus, que matou 345.000 pessoas no planeta e continua a avançar, principalmente na América Latina.
Em Madri, até então sujeita a um dos mais rígidos confinamentos do mundo diante da pandemia que apareceu na China no final de 2019, os habitantes da capital espanhola se beneficiaram de uma flexibilização, com a reabertura das áreas externas dos cafés e restaurantes, além de espaços verdes.
Ao amanhecer, centenas de moradores de Madri invadiram o Parque Retiro, cujos portões se abriram pela primeira vez em dez semanas.
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"A reabertura do Retiro me traz uma certa serenidade, um certo conforto", comemora Rosa San José, de 50 anos, passeando com roupas esportivas e uma máscara branca.
Em parte da costa espanhola, as praias também voltaram a ser acessíveis.
Outro país fortemente atingido pela COVID-19, a Itália deu um novo passo no levantamento de restrições, com a reabertura das academias esportivas e piscinas, uma semana após a de restaurantes.
Na Islândia, as boates já podem receber clientes, um privilégio raro na Europa. Esta manhã, os esportistas reencontraram suas academias.
"É ótimo poder retomar as atividades esportivas", comemorou Helga Bergman, de 55 anos, que não perdeu a reabertura de sua academia favorita, a World Class Laugar, em Reykjavik.
Na Alemanha, a maioria dos restaurantes conseguiu reabrir nesta segunda-feira, assim como alguns hotéis. O governo pretende estender, porém, até pelo menos 5 de julho suas regras de distanciamento social.
O Reino Unido, segundo país mais em número de vítimas fatais (quase 37.000), planeja iniciar seu desconfinamento em 1º de junho, com uma reabertura parcial das escolas.
Hoje, o primeiro-ministro Boris Johnson foi alvo de críticas, por manter seu conselheiro Dominic Cummings. Ele violou o confinamento, ao ir à casa de seus pais no final de março, a 400 quilômetros de Londres, quando apresentava sintomas da COVID-19.
Na Áustria, considerado um país modelo na gestão da crise, foi o presidente da República, Alexander Van der Bellen, que teve de se desculpar por estar em um restaurante em Viena, após o horário de fechamento.
Voos domésticos na Índia
Na Grécia, os terraços de tabernas e cafés reabriram nesta segunda-feira, uma semana antes do esperado, para apoiar o setor de restaurantes. Espera-se o retorno dos turistas em meados de junho.
No bairro Thissio, aos pés da Acrópole, os atenienses retomam seus hábitos, saboreando seu café "freddo" ao sol.
Em Kiev, capital da Ucrânia, o metrô voltou a operar.
Distâncias de segurança e gestos de barreira estão por toda parte para evitar uma possível segunda onda pandêmica, temida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Japão suspendeu nesta segunda-feira o estado de emergência que ainda estava em vigor em Tóquio, por exemplo, para permitir a retomada da atividade econômica da terceira economia mundial.
Na Índia, os voos domésticos foram retomados hoje. Entre as condições necessárias para poder embarcar estão a verificação de temperatura e ter o aplicativo de rastreamento do governo, o Aarogya Setu, instalado no celular.
Apesar dessas precauções, o nervosismo era palpável entre os funcionários do aeroporto de Nova Délhi.
"Interagir com tantas pessoas no momento é arriscado. Devo ter estado em contato com pelo menos 200 pessoas desde esta manhã", disse um funcionário à AFP.
De longe o país do Oriente Médio mais atingido pela pandemia, o Irã reabriu seus principais santuários xiitas nesta segunda, incluindo os de Machhad e Qoms.
Multidão
Enquanto a pandemia parece sob controle na Europa e retarda sua progressão nos Estados Unidos, ela acentua seus estragos na América Latina, seu "novo epicentro", de acordo com a OMS.
Particularmente atingido, o Brasil já registrada a morte de mais de 22.600 pessoas.
Hostil às medidas de confinamento e a gestos de barreira, o presidente Jair Bolsonaro não hesitou no domingo em passear em meio a uma multidão em Brasília, apertando as mãos de seguidores e até carregando uma criança nos ombros.
Diante da deterioração da situação no país, o presidente americano, Donald Trump, aliado de Bolsonaro, proibiu no domingo a entrada nos Estados Unidos de viajantes não americanos vindos do Brasil.
Com o número de 100.000 mortes a ser atingido esta semana nos Estados Unidos, o país mais afetado do planeta, as bandeiras foram hasteadas a meio mastro por três dias.
Ainda assim, o desconfinamento continua no território americano, com um governo ansioso para reativar a economia. Os nova-iorquinos puderam retornar à praia no domingo.
Já no México, o presidente Andrés Manuel López Obrador alertou que o país está "no momento mais doloroso da pandemia". Ele estimou que a crise causará a perda de um milhão de empregos em 2020.
No Chile, o presidente Sebastián Piñera considerou que o sistema nacional de saúde está saturado e "muito próximo de seus limites".
O Peru estendeu o confinamento até 30 de junho. Na Argentina, o isolamento social obrigatório foi estendido até 7 de junho, tendo aumentado cinco vezes o número de contaminações em Buenos Aires em duas semanas.
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