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Pandemia do coronavírus 'longe do fim' faz estragos nas Américas e na Ásia

O Brasil teve sua pior semana na pandemia em números de novos casos, ao registrar 259.105 infecções em sete dias até o domingo

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Publicado em 30/06/2020 às 10:54 | Atualizado em 30/06/2020 às 10:56
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País teve o segundo maior registro de mortes semanais, com 7.005, pouco abaixo do recorde da semana anterior, de 7.285 - FOTO: Foto: STRINGER / AFP

O Brasil encerrou sua pior semana da pandemia do novo coronavírus em número de contágios, enquanto os Estados Unidos continuam sofrendo um aumento importante no registro de casos e a China reportava uma recidiva, que as autoridades consideram grave.

Como declarou o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, a pandemia "está longe do fim".

"Todos queremos que acabe. Todos queremos seguir com nossas vidas. Mas a dura realidade é que estamos longe do fim", acrescentou.

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De fato, o número de contágios e óbitos continua aumentando globalmente, com 10.322.400 e 505.652, respectivamente, até as 8h de Brasília desta terça-feira, segundo contagem da AFP a partir de dados oficiais.

"Explosão real"

Os Estados Unidos registraram pelo menos 42.000 infecções por coronavírus nas últimas 24 horas, de acordo com a contagem desta segunda da Universidade Johns Hopkins, quando o país enfrenta um rápido aumento na doença.

O número de mortos nos Estados Unidos chegou a 126.131 (355 nas últimas 24 horas), enquanto os contágios totalizam 2.588.582.

E embora a cifra de mortes diárias tenha diminuído sutilmente em junho, os contágios aumentaram em 30 dos 50 estados da União, particularmente nos maiores e mais populosos do sul e do oeste: Califórnia, Texas e Flórida.

Além disso, a idade média dos infectados baixou para 33 anos, enquanto há dois meses era de 65 anos.

A Flórida enfrenta uma "explosão real" da doença entre os jovens, admitiu o governador, Ron DeSantis.

Miami e outras cidades decidiram voltar a fechar as praias a partir do próximo fim de semana, devido ao feriado nacional da Independência.

A cidade de Jacksonville, onde os republicanos vão celebrar sua convenção nacional em um evento que o presidente Donald Trump esperava realizar sem distanciamento físico, anunciou o uso obrigatório de máscara a partir desta segunda-feira.

A máscara se tornou um novo ponto de divisão política entre Trump e seus apoiadores republicanos e a oposição democrata.

Em Los Angeles e outros seis condados da Califórnia, as autoridades voltaram a ordenar o fechamento de bares.

As praias da cidade ficarão fechadas no feriado de 4 de julho, afirmaram autoridades, devido a um aumento dos casos no condado, que passaram dos 100.000 contágios confirmados nesta segunda.

Neste cenário, o ritmo da recuperação da economia americana é "extremamente incerto", segundo o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que, no entanto, indicou que a recuperação começou antes do previsto

A pior semana do Brasil

O Brasil teve sua pior semana na pandemia em números de novos casos, ao registrar 259.105 infecções em sete dias até o domingo.

Além disso, teve o segundo maior registro de mortes semanais, com 7.005, pouco abaixo do recorde da semana anterior, de 7.285.

Na segunda-feira, os casos confirmados no país totalizavam 1.368.195, com 24.052 novos contágios contabilizados desde o domingo. Os mortos chegaram a 58.314, com um aumento de 692 óbitos em um dia.

Michael Ryan, diretor-executivo do programa de gestão de emergências sanitárias da OMS, incentivou o Brasil a combater a doença e "unir os esforços federais e estaduais de forma sistemática".

Ele acrescentou que seria "estúpido subestimar a dimensão e a complexidade" da situação do Brasil, que "enfrenta um desafio importante e uma resposta exaustiva é necessária em todos os níveis", embora tenha destacado o histórico do Brasil em sua luta contra as doenças infecciosas.

"A vida me escapa"

O Peru encerra nesta terça-feira uma quarentena de mais de 100 dias, mas vai manter o confinamento obrigatório nas sete regiões mais afetadas pela pandemia.

A quarentena será suspensa em Lima, cidade de 10 milhões de habitantes, onde o coronavírus está na descendente, segundo o governo, apesar de a capital acumular 70% dos casos do país.

Entre estes casos está o da família venezuelana Hernández, com 14 membros, que chegou há dois anos a Lima em busca de uma vida melhor, mas a pandemia pôs em xeque seus sonhos, pois todos se contagiaram com o novo coronavírus, que causou a morte do avô, Wilmer Arcadio Hernández, de 63 anos.

"Acho que a vida me escapa", diz, com dificuldade, à AFP seu filho, Wilmer Ramón Hernández, de 44 anos, deitado em sua cama na casa na zona sul de Lima, ligado a um cilindro de oxigênio, que lhe permite respirar.

Aceleração na Ásia

A Ásia também vê uma aceleração dos casos, com a Índia à frente. Lá, nos últimos sete dias foram registrados quase 120.000 casos.

A China, onde a epidemia começou no fim do ano passado, vive uma recidiva. Sem contar Hong Kong e Macau, o país registra um total de 83.512 casos, entre eles 4.634 óbitos.

Em meio a esse novo surto "grave e complexo", segundo as autoridades, o Exército chinês autorizou o uso em suas fileiras de uma vacina contra o novo coronavírus, criada pela Academia Militar de Ciências Médicas e a companhia farmacêutica CanSinoBIO.

O Irã, que com 10.670 mortos é o país mais afetado do Oriente Médio, registrou na segunda-feira um recorde de óbitos: 162 nas últimas 24 horas.

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