Racismo

Veja como o movimento #VidasNegrasImportam tem sido adotado por artistas e marcas no mundo

Movimento tem sido utilizado como forma de protesto contra a violência policial sofrida por pessoas negras

Bruna Oliveira
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Bruna Oliveira
Publicado em 01/06/2020 às 18:34 | Atualizado em 01/06/2020 às 19:34
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A cantora Arianda Grande foi às ruas para protestar - FOTO: REPRODUÇÃO/TWITTER

Após o americano George Floyd, homem negro de 46 anos, ter sido assassinado por um policial branco em uma operação na última segunda-feira (25), os Estados Unidos têm enfrentado uma onda de protestos e despertado a atenção do mundo sobre a importância das vidas das pessoas negras, comumente negligenciadas pelas autoridades. Além das manifestações nos EUA, pessoas também saíram às ruas no Reino Unido, Alemanha e Canadá. Já na internet, o mundo tem utilizado o movimento #BlackLivesMatter ou #VidasNegrasImportam no português como ferramenta de combate ao racismo e à violência policial. Artistas e marcas também estão utilizando as redes sociais para se posicionar.

» Quem são os manifestantes que protestam nos EUA?

Um vídeo gravado por um pedestre mostra Floyd algemado, com dificuldades para respirar, com um policial ajoelhado em seu pescoço depois de prendê-lo por supostamente usar uma nota falsificada de 20 dólares. Enquanto estava imobilizado, o homem chega a dizer: "Eu não consigo respirar". Foram suas últimas palavras. Uma autópsia encomendada por família de George Floyd concluiu nesta segunda-feira (1º) que ele morreu realmente por asfixia.

Para a doutora em história e professora do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), Valéria Costa, a sociedade atual ainda traz resquícios da escravidão que se refletem nas práticas de anulação da cultura e da população negra, portanto os protestos são necessários. "É importante que as pessoas se manifestem, se a população negra se calar, vai continuar sendo assassinada", declarou.

A preocupação de Valéria, no entanto, é que esses protestos ocorrem em meio à pandemia do coronavírus, o que gera um risco para saúde dos manifestantes. "Diante da pandemia, a população negra pode morrer duplamente: pela bala, como o caso do George, e pela crise sanitária", disse.

» Nos EUA, policiais também marcharam e se ajoelharam com manifestantes

Além de dar voz aos negros, que tantas vezes são silenciados ou esquecidos à margem da sociedade em que normalmente vivem, a campanha tem sido propagada por artistas e empresas que resolveram se posicionar diante do racismo escancarado que há anos tem vitimizado pessoas negras.

Nas ruas, nomes conhecidos como Ariana Grande e Lana Del Rey demonstraram seu apoio à causa. Enquanto isso, nas redes sociais, outras celebridades se manifestaram com a hashtag #BlackLivesMatter. Para ajudar os manifestantes, Katy Perry e Harry Styles anunciaram que pagariam a fiança dos que fossem detidos.

 

 

O ator e cantor Jamie Foxx foi um dos primeiros a se pronunciar, no dia 26, quando publicou uma foto que relembrou o protesto do jogador de futebol americano Colin Kaepernick, que se ajoelhava quando o hino nacional dos EUA tocava em jogos como forma de protesto contra o racismo no país.

A cantora Beyoncé também falou sobre o caso: "nós estamos quebrados e com nojo, nós não podemos normalizar essa dor. [...] Chega de assassinatos sem sentido de seres humanos, chega de dizer que pessoas negras são menos que humanos", disse.

>> Manifestações contra o racismo repercutem no mundo do esporte

João Pedro Mattos Pinto

No Brasil, a luta contra a violência policial para com as pessoas negras tem tido um engajamento maior também pela morte recente de João Pedro Mattos Pinto, um adolescente de 14 anos, que foi morto em uma operação policial enquanto estava dentro de casa, no Rio de Janeiro, no dia 18 de maio.

Após ter sido baleado, o garoto foi levado do local por agentes policiais e a família dele ficou horas sem ter notícias do garoto. Só no outro dia encontraram o corpo de João Pedro no Instituto Médico Legal (IML).

Segundo Valéria Costa, as mortes de pessoas negras por parte da polícia ainda são comuns, porque quando ela surgiu visava reprimir e recriminar as pessoas que ofereciam perigo para a sociedade e as pessoas negras, na época, eram vistos dessa forma, já que eram consideradas "vadios e vagabundos por causa dos resquícios da escravidão."

Viola Davis

Conhecida pelo seu engajamento político-social, a atriz americana Viola Davis utilizou as redes sociais para compartilhar uma petição em que pedia justiça pelo assassinato do menino João Pedro.

>> Sony e Google adiam lançamento de produtos em solidariedade a protestos

Veja artistas e empresas que aderiram à campanha "Black Lives Matter"

Artistas

A cantora Anitta, brasileira que faz sucesso pelo mundo e já cantou ao lado de Maddona, foi uma das artistas que se declarou antirracista.

 
 
 
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Famoso por ter interpretado Rafa, em Malhação, da TV Globo, o ator Ícaro Silva, fez um desabafo em sua conta no Instagram falando sobre ser negro e como seu cabelo representa resistência.


 
 
 
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Meu cabelo e? uma das maiores belezas que eu encontrei nessa vida. E na?o falo so? dessa pla?stica nobre e impeca?vel que ele imprime ao meu rosto, acentuada pela robustez da minha beli?ssima barba, sem falsa mode?stia, mas da liberdade que existe nessa volumosa e macia esfera de pequenos, cheirosos e grossos cachos negros. I?caro de 13 anos sente uma fisgada de dor quando pensa que na?o teve esse cabelo. Porque na?o podia, “na?o era bonito”. As pessoas na escola xingariam. Minha irma? ja? tinha que prender o cabelo (absolutamente perfeito), o meu era melhor nem deixar crescer. Deixei a contragosto, aos 15, para fazer um trabalho, que na?o trouxe muito, mas trouxe tudo. Nunca mais esqueci desse encontro. Ali estava a literal coroa de liberdade e beleza que orientaria muitos dos meus passos. Meu pai me deu enta?o um objeto que eu ja? conhecia, mas que na?o tinha como fazer parte do meu cotidiano ate? ali. Esse garfo da segunda foto ele fez com as pro?prias ma?os, nos anos 70, quando era mais jovem do que sou hoje e cantava a? frente da “Quinta Dimensa?o”, sua banda de covers com rapazes pretos que foram empurrados em direc?o?es muito diferentes das de seus sonhos. Que lindo meu pai (lindo mesmo, ele e? gato real) foi e e? ao me dar esse instrumento de pura liberdade. Eu concordo com a Nina Simone quando ela diz que “Liberdade e? na?o ter medo”. E? difi?cil ser livre e preto. Sempre difi?cil. Que duro e? ver o genoci?dio da nossa gente e a face podre e pestilenta do racismo surgindo impunemente na figura de assassinos a servic?o do Estado. Meu pai, voce? me inspira a viver muito e a gerar outros frutos como eu, naturalmente coroados. Esse poderia ser um post para respirar no caos, rebatendo o fascismo com beleza, que e? o que tenho tentado para manter a sau?de mental, mas e? na real um post de apreciac?a?o ao meu pai, que sobrevive como homem preto ha? quase 70 anos nesse inferno que e? o Brasil. #VidasNegrasImportam #ParemDeNosMatar #BlackLivesMatter #StopKillingUs

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A cantora MC Rebecca também usou suas redes sociais para se manifestar, ao compartilhar uma foto revelando sua militância na causa.

 

O ator Bruno Gagliasso, que junto da atriz Giovanna Ewbank possui dois filhos negros, também aproveitou a rede social para protestar sobre a violência para com as pessoas negras.

 

Outra atriz que também se engajou na campanha e se mostrou contra o racismo foi Alice Wegmann.

 

 
 
 
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and i’ll fight together #blacklivesmatter #vidasnegrasimportam

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Empresas

Grandes empresas de canais de televisão, como Cartoon Network, HBO (que mudou o nome no Twitter para #BlackLivesMatter) e MTV, além de ferramentas de streaming, como Netflix, Globo Play também e ligadas ao esporte, como Nike e Adidas, e várias outras têm feito publicações em que cobram justiça por Floyd.

» Manifestações contra o racismo repercutem no mundo do esporte

Algumas delas, em suas redes sociais no Brasil, também relembram a morte de João Pedro. Veja:

 

 

We stand in solidarity against racism and violence. When members of our community hurt, we all hurt. We’re pledging $1M in support of efforts to address social injustice.

— YouTube (@YouTube) May 30, 2020

 

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