Oito candidatos aspiram dirigir a Organização Mundial do Comércio (OMC), uma instituição que enfrenta grandes desafios em plena crise econômica mundial e o desprezo do presidente americano, Donald Trump.
Pouco antes da hora limite (16H00 GMT) para as votações, o ex-ministro saudita da Economia e Planejamento, Mohammed Al-Tuwaijri, se candidatou ao cargo, assim como o ex-ministro britânico de Comércio Exterior, Liam Fox, apoiado pelo primeiro-ministro Boris Johnson.
>> Mudanças na OMC devem promover jogo equânime, diz chanceler
>> Roberto Azevêdo deve renunciar direção da OMC em plena crise econômica mundial
Além de Fox e Al-Tuwaijri, um egípcio, uma nigeriana, um mexicano, um moldávio, uma queniana e uma sul-coreana aspiram suceder o brasileiro Roberto Azevêdo, que renunciou ao cargo em 14 de maio, antes do fim de seu mandato, alegando razões "familiares", o que obrigou os 164 membros a buscar um sucessor em três meses, ao invés de nove.
Em pleno marasmo econômico mundial provocado pela pandemia de COVID-19, vários desafios esperam o próximo diretor ou diretora da OMC: preparar a conferência ministerial de 2021, tirar a organização do momento de estagnação e tentar retomar o diálogo com os Estados Unidos.
>> Comércio mundial deve registrar tombo anual de 18,5% no segundo trimestre, diz OMC
Washington ameaçou abandonar a OMC, organização que classifica de "desperdício", e paralisa desde dezembro o tribunal de apelações do órgão de solução de conflitos da instituição.
O governo americano, que considera receber um tratamento "desigual" da OMC, deseja sua refundação e a retirada da China da lista de países em desenvolvimento.
O procedimento para a designação do diretor-geral da OMC não é uma eleição, e sim um mecanismo de consenso que funciona por eliminação.
Uma votação pode ser organizada como último recurso, mas o mecanismo nunca foi utilizado. Diante da falta de acordo, em 1999 se optou uma solução salomônica: dois diretores foram eleitos e cada um exerceu metade do mandato de seis anos.
A escolha do novo diretor não será fácil este ano. Sem consenso, um dos vice-diretores da OMC assumirá o comando temporariamente.
Um africano?
O continente africano, que nunca teve um diretor da OMC, espera ter sua vez, embora não exista uma regra neste sentido.
Mas conseguiram propor um candidato único.
O egípcio Hamid Mamdouh, 67 anos, ex-funcionário da OMC que também tem nacionalidade suíça, apresentou a candidatura.
A Nigéria propôs o nome de Ngozi Okonjo Iweala, 66 anos, ex-ministra das Finançass e das Relações Exteriores e presidente da Aliança Mundial para as Vacinas e a Vacinação (Gavi).
Além de Okonjo Iweala, outras duas mulheres disputam o cargo: a ministra do Comércio da Coreia do Sul, Yoo Myung-hee, de 53 anos, e a ministra dos Esportes do Quênia, Amina Mohamed, de 58 anos.
O mexicano Jesús Seade Kuri, 73 anos, que também tem nacionalidade libanesa, é o candidato mais velho. Ex-diretor adjunto da OMC, já trabalhou no Banco Mundial (BM) e no Fundo Monetário Internacional (FMI).
A Moldávia apresentou a candidatura do ex-chanceler Tudor Ulianovschi, de 37 anos, o aspirante mais jovem.
Comentários