O instituto alemão de epidemiologia e vigilância em saúde Robert-Koch (RKI) manifestou seu alarme, nesta terça-feira (28), com o aumento de novos casos de covid-19 no país nos últimos dias, forçando o governo a desaconselhar viagens não essenciais a três regiões da Espanha.
Embora "o número de infecções tenha caído de maneira substancial" na Espanha, "atualmente existem novos focos regionais de infecções" nessas três regiões, afirma o Ministério das Relações Exteriores em nota publicada em seu site.
Por esse motivo, o governo alemão desaconselha as viagens "não essenciais" e turísticas a essas regiões.
"As últimas ocorrências de casos de COVID-19 são fonte de grande preocupação para mim e para todos nós no RKI", disse o presidente do Instituto Robert-Koch, Lothar Wieler, em entrevista coletiva.
Wieler comemorou que o país, com apenas 9.122 mortes declaradas pelo novo coronavírus, tenha administrado relativamente bem a crise, em comparação com seus vizinhos europeus - em especial, graças ao respeito de rígidas regras sanitárias.
Ele disse estar preocupado, porém, com o relaxamento de parte da população nesta questão.
"Conseguimos manter o número de casos novos estável por várias semanas (...) mas observamos um aumento de contágios há vários dias", apontou.
A média de novos casos de COVID-19 na Alemanha subiu para 557 há uma semana, depois de ter ficado abaixo de 350 em meados de julho.
Para ele, as festas em casa são uma grande fonte de novos contágios e, por esse motivo, ele pediu que se respeitem as instruções sanitárias de distância física, lavagem regular das mãos e ventilação do ambiente.
Se for impossível respeitar a distância física, o Instituto Robert-Koch aconselha usar máscara mesmo ao ar livre.
"Temos regras, como manter uma distância de pelo menos 1,50 metro. Se não for possível manter essa distância, sempre recomendamos o uso de máscaras, não importa se está dentro, ou fora, de uma sala", insistiu Wieler.
Reino Unido defende quarentena de quem chegar da Espanha
Também nesta terça, o governo britânico defendeu sua decisão de voltar a colocar em quarentena todos os viajantes procedentes da Espanha, uma medida criticada pelas autoridades espanholas, apesar do aumento nos casos de coronavírus no país.
Nessa segunda-feira (27), o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, considerou "inadequada" a decisão, tomada duas semanas depois de isentar o país de qualquer medida preventiva.
A maioria dos novos casos na Espanha é nas regiões de Aragão e Catalunha, motivo pelo qual Sánchez disse que lugares como as Ilhas Baleares e Canárias e a Andaluzia, que dependem muito do turismo britânico, são destinos seguros, "até mais do que o Reino Unido".
"Não concordamos com o governo espanhol sobre isso", respondeu o secretário de Estado de Crescimento Regional e de Governo Local, Simon Clarke, à rede BBC.
"Temos que tomar decisões em nível nacional", porque pode haver "transferências internas na Espanha", alegou Clarke.
Segundo ele, a Espanha registrou "um aumento de 75% dos casos entre o meio e o final da semana passada, por isso, tomamos essas medidas".
A decisão de Londres pegou de surpresa, no domingo, milhares de britânicos que estavam de férias na Espanha. Eles são os principais turistas estrangeiros na região. Em 2019, cerca de 18 milhões de britânicos passaram por lá.
Diante da irritação dos turistas e do setor, o secretário de Estado disse que é preciso planejar as férias, levando-se em consideração que viajar para o exterior em meio a uma pandemia permanece sujeito ao "direito do governo de tomar medidas para proteger o Reino Unido".
"As pessoas que viajam para o exterior terão que aceitar que há um certo grau de incerteza", acrescentou.