Desde a descoberta dos primeiros casos em dezembro de 2019, até o momento, o novo coronavírus já foi capaz de infectar mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo. Com letalidade por volta de 3,5% o vírus trouxe consigo um cenário de crise e mais de 700 mil óbitos. Por conta disso, diversos países correm contra o tempo para desenvolver uma vacina capaz de imunizar a população contra a covid-19. Hoje, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), existem mais de 165 vacinas sendo estudadas em todo o globo, mas apenas seis destas estão evoluindo com maior êxito e já se encontram na terceira fase de testes em seres humanos, a última antes que seja realmente aprovada e registrada. Nenhuma delas é a vacina russa, que foi registrada nesta terça-feira (11), segundo o presidente Vladmir Putin.
São elas:
- Sinovac - Desenvolvida pela China
- Instituto Biológico de Wuhan/Sinopharm - Desenvolvida pela China
- Instituto Biológico de Pequim/Sinopharm - Desenvolvida pela China
- Oxford e AstraZeneca - Desenvolvida pelo Reino Unido
- Moderna/NIAID - Desenvolvida pelos Estados Unidos
- BioNTech e a Pfizer - Desenvolvida pelos Estados Unidos e a Alemanha
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No Brasil, três destas estão sendo testadas. A primeira e a mais avançada, segundo a própria OMS, é a desenvolvida no Reino Unido, através da parceria entre a Universidade Oxford e a farmacêutica AstraZeneca. Ao todo, cinco mil pessoas participam dos testes no Brasil: 2 mil em São Paulo, 2 mil na Bahia e outras 1 mil no Rio de Janeiro.
A partir de um acordo entre o Ministério da Saúde e a AstraZeneca, haverá a transferência de tecnologia para a fabricação de vacinas no Instituto Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Até dezembro estão previstas a chegada de equipamentos e matéria-prima para a produção de 15 milhões de vacinas, correspondentes à um primeiro lote, que pode ser liberado no início de 2021 caso a vacina comprove ter êxito.
Em parceria com o Instituo Butantan, a vacina da biofarmacêutica chinesa, Sinovac, também está sendo testada no Brasil. Até o momento, 20 mil doses foram trazidas para o país. Elas devem ser aplicadas em nove mil profissionais de saúde nas cidades de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Segundo um representante do Instituo Butantan, acredita-se que até janeiro de 2021 30 milhões de doses desta vacina sejam desenvolvidas em parceria com a Sinovac. Os voluntários serão acompanhados por uma equipe científica durante três meses.
A vacina desenvolvida por pesquisadores dos Estados Unidos e da Alemanha das empresas Pfizer e Biontech começou a ser testada em voluntários brasileiras, que têm entre 18 e 85 anos, em 5 de agosto. As empresas disseram que o Brasil foi escolhido para sediar os testes por conta de seu "conhecimento científico e pela situação da pandemia no país". Metade dos voluntários vai receber a vacina e outra metade vai receber o placebo para testar a eficácia.
Já a chinesa Sinopharm assinou acordo com o Instituto de Tecnologia do Paraná para estudos e ensaios clínicos de uma vacina para covid-19. No entanto, para o início dos estudos ainda é necessária a liberação por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Além disso, o governo do Paraná também anunciou acordo com a Rússia. O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD) deve assinar convênio nesta quarta-feira (12) com a estatal russa para produzir a vacina Sputnik V. Pelo acordo, o estado poderá testar, produzir e distribuir a vacina. A Rússia anunciou nesta terça (11) que registrou sua vacina, inicia a produção em massa em setembro e começará a distribuí-la no país em outubro.
O otimismo de Trump...
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mostrou otimismo com vacinas experimentais contra a covid-19 e disse que uma imunização para a doença pode estar disponível no final do ano, "com bastante antecedência". "As vacinas estão avançando incrivelmente bem", afirmou o republicano, na coletiva de imprensa diária sobre a pandemia.
A vacina experimental desenvolvida em parceria entre a norte-americana Pfizer a alemã Biontech se mostrou promissora em sua fase inicial. Em artigo publicado no mês de julho, como prévia, a substância aparece como segura e capaz de induzir resposta imunológica.
No início de julho, as duas empresas anunciaram bons resultados em um teste realizado em voluntários dos Estados Unidos. O estudo inicial demonstrou uma indução "de alto nível" de reações de células T (de proteção) contra o novo coronavírus. De acordo com o teste, os voluntários que receberam duas doses da vacina produziram anticorpos neutralizadores de vírus.
A Pfizer e a Biontech já fizeram acordo para fornecer 100 milhões de doses de sua vacina ao governo dos Estados Unidos.
O secretário de Saúde dos Estados Unidos, Alex Azar, afirmou, na última segunda-feira (10), que qualquer imunizante norte-americano ou tratamento para o novo coronavírus seriam compartilhados com o mundo. Porém, a partilha só ocorrerá quando as necessidades dos Estados Unidos forem atendidas.
Mas e a vacina da Rússia?
Nesta terça-feira (11), o mundo foi pego de surpresa após o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar que a Rússia é o primeiro país do mundo a registrar uma vacina contra a covid-19. Apesar disso, o que se sabe a respeito da eficácia desta vacina é pouco e muitos pesquisadores expressam preocupação com a velocidade do desenvolvimento das vacinas russas, considerando que certas etapas poderiam ter sido ignoradas para acelerar o trabalho sob pressão das autoridades.
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Segundo informações presentes no painel da OMS que mostra o estágio de todas as vacinas contra a covid-19 em desenvolvimento pelo mundo, a vacina russa, desenvolvida pelo Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya ainda consta como na primeira fase de todo o processo.
Os testes para esta vacina iniciaram em 18 de junho e tiveram um grupo de 18 voluntários. Em 23 de junho outras 20 pessoas receberam a dose. Em julho, a Rússia anunciou que a primeira fase de testes havia comprovado que a vacina é capaz de induzir a produção de anticorpos. A partir disso, outra versão da mesma vacina, em forma líquida, foi testada em mais 38 voluntários.
Agora, o Ministério da Saúde russo afirmou que, após o registro e a produção, a vacinação está prevista para iniciar em outubro deste ano de forma totalmente gratuita. Professores, médicos e indivíduos que trabalhem com atividades que envolvam lidar com um "grande número de pessoas" serão o grupo prioritário.
No entanto, apesar da suposta eficácia, a Rússia não publicou estudos ou dados científicos a respeito dos testes que realizou.
A OMS reagiu com prudência ao anúncio feito pela Rússia e afirmou estar "em contato estreito com os russos". "A pré-qualificação de qualquer vacina inclui a revisão e avaliação rigorosas de todos os dados de segurança e eficácia necessários compilados durante os testes clínicos", afirmou Tarik Jasarevic, porta-voz da OMS, durante uma videoconferência com a imprensa.
Para a OMS, no momento "é vital aplicar medidas de saúde pública que funcionem. Devemos continuar investindo no desenvolvimento de vacinas e tratamentos que nos ajudem a reduzir a transmissão no futuro", completou o porta-voz.
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