Pandemia

Na Itália o coronavírus viaja com as pessoas de férias

Sem atingir os níveis da Espanha ou França, o país observa o retorno do novo coronavírus, provocado em parte pela volta de pessoas infectadas dos locais em que passaram férias, tanto na Itália como no exterior

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Publicado em 19/08/2020 às 8:05 | Atualizado em 19/08/2020 às 8:22
ANDREA PATTARO/AFP
Gondoleiros e casais românticos agora de máscara no novo normal do turismo em Veneza - FOTO: ANDREA PATTARO/AFP

Na Itália, as praias e festas em discotecas viraram sinônimos de infecção de COVID-19 para muitas pessoas de férias, uma situação que preocupa as autoridades.

Sem atingir os níveis da Espanha ou França, o país observa o retorno do novo coronavírus, provocado em parte pela volta de pessoas infectadas dos locais em que passaram férias, tanto na Itália como no exterior.

"Na comparação com os meses sombrios de março e abril, quando a epidemia estava concentrada no norte, na Lombardia, agora está propagada por todo o país com centenas de focos (...) O fenômeno está parcialmente relacionado às pessoas de férias", disse o presidente do Conselho Superior de Saúde, Franco Locatelli.

"De acordo com as regiões, de 25% a 40% dos casos foram importados por cidadãos que retornavam de viagem ou por estrangeiros que residem na Itália", explicou.

A imprensa italiana divulga os relatos vários jovens infectados durante as férias.

"Tenho COVID-19, peguei na Costa Esmeralda, na Sardenha", declarou Luca, romano de 20 anos, ao jornal La Stampa. Os jovens de famílias ricas adoram esta costa entre Porto Cervo e Porto Rotondo, onde o político e empresário milionário Silvio Berlusconi tem uma gigantesca mansão.

As férias do sonho de Luca foram bruscamente interrompidas em 11 de agosto, quando recebeu um SMS de duas amigas: "Testamos positivo".

"Eu me isolei, comuniquei a agência de saúde local. Não quero infectar meus amigos nem a minha família", explica.

 

A mensagem provocou pânico no grupo de amigos de Luca, todos moradores de Roma. As duas amigas não sabem onde foram infectadas.

"Estivemos em Ibiza (Espanha) e depois seguimos para a Sardenha. Quando voltamos para casa (Roma) em 11 de agosto, algumas amigas que estiveram conosco em Ibiza informaram que testaram positivo".

De acordo com uma investigação do Serviço de Saúde, o vírus foi importado na Sardenha por um grupo de turistas romanos procedentes das Baleares (Espanha) e de Mykonos (Grécia). Muitos deles ficaram assintomáticos e podem ter infectado ainda mais pessoas.

Uma festa em particular está no olho do furacão. Mais de 500 jovens se reuniram em uma discoteca de Porto Rotondo para um evento com a presença de um DJ de Roma.

"O grande problema é que não sabemos quantas pessoas tiveram contato com os que estiveram na festa de 9 de agosto", afirmaram Roberto e Melania Rossi, dois turistas em Porto Rotondo entrevistados pelo jornal La Stampa.

A região da Sardenha anunciou na segunda-feira um plano para rastrear e encontrar todas as pessoas que compareceram à famosa festa. Um trabalho difícil, pois esta região do noroeste do país tem um aeroporto internacional e está entre os pontos da Europa com o maior número de voos privados.

A Sardenha não é a única região afetada por contágios importados. Na província de Como, na Lombardia (norte), as autoridades de saúde registraram nove casos positivos entre jovens de 18 a 21 anos. Alguns deles retornaram de uma viagem à Croácia.

De acordo com o balanço mais recente do ministério da Saúde, a idade média dos novos casos passou de 68 a 39 anos. O número de testes positivos entre os menores de 19 anos multiplicou por 10.

A Itália anunciou no domingo o fechamento de todas as discotecas e obrigação de usar máscara em locais públicos muito frequentados entre 18H00 e 6H00.


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