Eleições norte-americanas

Trump e Biden protagonizam debate final mais civilizado

Trump chegou a elogiar o trabalho da moderadora, a jornalista Kristen Welker, correspondente da NBC News na Casa Branca, que tinha na manga uma arma secreta para manter a ordem no debate: um botão para silenciar os candidatos, que foi usado poucas vezes

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Publicado em 23/10/2020 às 6:44 | Atualizado em 23/10/2020 às 6:44
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CABEÇA A CABEÇA Apesar de pesquisas apontarem Biden como favorito, pleito americano está acirrado, principalmente nos estados chave - FOTO: BRENDAN SMIALOWSKI/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu rival democrata Joe Biden colidiram nesta quinta-feira (22) de maneira mais civilizada no último debate dos presidenciáveis, visto por muitos como uma oportunidade para o republicano recuperar o terreno a 12 dias da eleição.

O inquilino de 74 anos da Casa Branca, atrás nas pesquisas para as eleições de 3 de novembro, e o ex-vice-presidente de 77 anos discutiram sem grandes interrupções, gritos ou insultos, diferindo drasticamente do caótico duelo televisionado do mês passado.

Trump chegou a elogiar o trabalho da moderadora, a jornalista Kristen Welker, correspondente da NBC News na Casa Branca, que tinha na manga uma arma secreta para manter a ordem no debate: um botão para silenciar os candidatos, que foi usado poucas vezes.

As críticas a Trump por sua gestão da pandemia da covid-19 foram as armas mais pesada de Biden, que previu um "inverno sombrio" para um país que sofreu mais de 220.000 mortes por causa do vírus e onde milhões perderam seus empregos.

"O responsável por tantas mortes não deve permanecer presidente dos Estados Unidos", criticou Biden.

"Estamos lutando vigorosamente" contra a pandemia, respondeu Trump, afirmando que a vacina "está a caminho" e será anunciada "provavelmente em semanas".

Trump, que subiu ao palco sem máscara em Nashville, no estado do Tennessee, três semanas depois de ser hospitalizado por causa do coronavírus, falou de sua própria recuperação, mais uma vez alegando estar "imune".

"[Trump] diz que estamos aprendendo a viver com isso. As pessoas estão aprendendo a morrer com isso", respondeu Biden.

Como esperado, Trump pediu "explicações" a Biden sobre as acusações de corrupção relacionadas às atividades de seu filho Hunter Biden na China e na Ucrânia, quando o candidato democrata era vice-presidente de Barack Obama (2009-2017).

Biden refutou qualquer irregularidade: "Nunca recebi um centavo do exterior em toda a minha vida", afirmou. "Nada era antiético."

E, já na ofensiva, Biden questionou Trump sobre ter conta em um banco na China e pela não publicação de suas declarações de impostos de renda nos Estados Unidos, após o vazamento de dados fiscais que alegam que o magnata pagou somente 750 dólares em impostos federais nos últimos anos.

Trump respondeu ter muitas contas bancárias devidamente registradas. "Sou um empresário de negócios", disse, lembrando que a conta em questão datava de 2013 e foi encerrada em 2015, quando decidiu se candidatar à presidência dos Estados Unidos. O republicano garantiu também que pagou "milhões dólares em impostos de maneira antecipada".

Outro ponto alto do debate foi a acusação de Biden de que Trump é responsável por uma política "criminosa" ao separar crianças migrantes de seus pais que haviam cruzado ilegalmente a fronteira com o México, aplicada em 2018, mas suspensa em meio a uma onda de indignação.

O plano, elaborado para conter o fluxo crescente de migrantes sem documentos, principalmente famílias da América Central, resultou na separação de quase 2.700 crianças de seus pais. Esta semana, descobriu-se que os pais de 545 dessas crianças ainda não puderam ser localizados.

Trump defendeu a política de "tolerância zero" com a migração ilegal e alegou que crianças foram trazidas para a fronteira dos Estados Unidos por "coiotes", "carteis" e "pessoas más". Disse ainda que foi Obama, e não ele, o responsável pela construção das jaulas onde os menores foram encarcerados.

"Serei presidente dos Estados Unidos, não vice-presidente", disse Biden, prometendo que em seus primeiros 100 dias no cargo enviará um projeto de lei ao Congresso para facilitar a cidadania para mais de 11 milhões de migrantes sem documentos.

Segundo a média de enquetes do site RealClearPolitics, Biden tem uma vantagem de 7,5 pontos percentuais em nível nacional sobre Trump - uma tendência decrescente - e mantém uma distância, ainda que menor, nos estados pendulares, onde a preferência dos eleitores oscila entre republicanos e democratas.

Segundo uma pesquisa da Universidade Quinnipiac, Biden apresentou uma vantagem de 51-43 na Pensilvânia nesta quarta-feira. Trata-se de um estado que Trump venceu por pouco em 2016.

O atual presidente aparece atrás nas pesquisas nacionais, e outra pesquisa da Universidade Quinnipiac mostrou que os dois candidatos empataram com 47% no Texas, onde Trump venceu confortavelmente há quatro anos. Além disso, um democrata nunca venceu no Texas desde Jimmy Carter, em 1976.

Mais de 45 milhões de cidadãos já votaram, de acordo com a organização independente US Elections Project, número que equivale a 30% dos eleitores de 2016.

Trump votará na manhã de sábado na Flórida, sua residência oficial fora da Casa Branca, informou seu porta-voz Judd Deere nesta quinta-feira.

 

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