SAÚDE

França e Alemanha endurecem medidas para tentar conter segunda onda de covid-19

Em todo o planeta, a covid-19 provocou quase 1,2 milhão de mortes e mais de 43,5 milhões de casos registrados

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Publicado em 28/10/2020 às 10:24 | Atualizado em 28/10/2020 às 10:24
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ALEMANHA Ministro da Saúde do país, Jens Spahn, estima que, até o fim do inverno, população não imunizada será infectada - FOTO: INA FASSBENDER/AFP

O avanço acelerado da pandemia de covid-19 na Europa levará França e Alemanha a anunciar nesta quarta-feira um endurecimento das medidas de saúde, seguindo o exemplo de outros países, como a Itália, onde cresce o mal-estar pelas restrições cada vez mais draconianas.

Na França, onde dois terços dos habitantes já estão sob toque de recolher noturno, o presidente Emmanuel Macron anunciará à noite novas medidas que se antecipam impopulares, segundo uma fonte ministerial, como um eventual novo confinamento.

As decisões serão "difíceis", admite o governo, mas o confinamento seria menos estrito que o da primeira onda, pois escolas e os serviços públicos permanecerão abertos.

O temor principal é de um colapso dos Centros de Terapia Intensiva (CTIs), que já estão com mais da metade dos 5.800 leitos ocupados, em um país que registrou o recorde de 50.000 infecções em apenas um dia. No balanço total, a França tem 35.000 mortes e um milhão de casos de covid-19.

O dilema continua presente. O confinamento é uma "medida drástica" indispensável porque o vírus "está fora de controle", afirmou o infectologista Gilles Pialoux. Mas o empresariado alerta que se a medida for aplicada de maneira total como na primavera (hemisfério norte), "afundará a economia".

Também com as costas contra a parede, a Alemanha planeja novas medidas, com o fechamento por um mês de bares, restaurantes e centros esportivos e culturais, segundo uma proposta que será discutida nesta quarta-feira pelo governo de Angela Merkel, favorável, de acordo com a imprensa, com um novo confinamento "light", com as escolas abertas.

Com quase 11.000 mortes, a Alemanha está - como na primavera - melhor que França, Espanha ou Itália. Mas as novas infecções atingiram um recorde, com quase 15.000 em apenas um dia. "Devemos tomar decisões rápidas e firmes para romper esta segunda onda de contaminação", disse o vice-chanceler Olaf Scholz.

Outros países da Europa estão em uma trajetória parecida, como a República Checa, onde um toque de recolher noturno entrará em vigor nesta quarta-feira.

Mas as novas medidas são insuportáveis para muitas pessoas. Na Itália, milhares de pessoas saíram às ruas na segunda-feira à noite, com incidentes violentos em Milão e Turim, as duas grandes cidades do norte do país, afetadas pela crise de saúde na primeira onda da pandemia.

O governo italiano impôs um toque de recolher em várias áreas importantes, com fechamentos de bares e restaurantes às 18H00 e o fechamento total de academias, cinemas e salas de concertos.

Na Espanha, exaustos após uma luta contra o coronavírus por mais de seis meses, vários médicos do serviço público iniciaram na terça-feira uma greve nacional, a primeira em 25 anos, para exigir mais reconhecimento.

Em todo o planeta, a covid-19 provocou quase 1,2 milhão de mortes e mais de 43,5 milhões de casos registrados.

Estados Unidos continuam sendo o país mais afetado, com mais de 225.000 vítimas fatais e quase nove milhões de casos. Mas a uma semana das eleições, o presidente Donald Trump afirmou na terça-feira que estava cansado de ver a campanha dominada pela pandemia, que virou o principal tema de seu rival Joe Biden, que denuncia de modo incessante a gestão do republicano.

"Covid, covid, covid, covid! A mídia 'Fake News' não tem outra palavra", afirmou em um comício em West Salem, Wisconsin.

Como em todo o mundo, o temor é prejudicar ainda mais a recuperação econômica. As principais Bolsas europeias operavam em baixa, consequência do receio do impacto da segunda onda de coronavírus no continente.

Ao contrário da Europa, os comerciantes de Melbourne, sul da Austrália, sentiram um grande alívio nesta quarta-feira com a reabertura de lojas e restaurantes após mais de três meses de confinamento.

Ao mesmo tempo, o planeta aguarda uma vacina e a corrida científica é intensa.

A Rússia pediu à Organização Mundial da Saúde (OMS) a "pré-qualificação" de sua vacina, com a promessa de que será "acessível a todos em um período mais curto que as convencionais".

O laboratório Pfizer, que pretende solicitar autorização para uma vacina até o fim de novembro nos Estados Unidos, pediu na terça-feira "paciência", depois de informar que os resultados esperados para esta semana ainda não estavam prontos.

Ao mesmo tempo, os laboratórios Sanofi e GSK anunciaram que disponibilizarão 200 milhões de doses de vacina ao programa internacional criado pela OMS para ajudar a garantir um acesso equitativo às futuras vacinas contra a covid-19.

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