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EUA autoriza Boeing 737 MAX a voar de novo

O sinal verde por parte da agência de aviação europeia deve acontecer no início de 2021

AFP
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Publicado em 18/11/2020 às 14:39 | Atualizado em 18/11/2020 às 14:58
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Boeing 737 - FOTO: Foto: Wikimedia Commons

Os reguladores dos Estados Unidos autorizaram, nesta quarta-feira (18), o retorno do Boeing 737 MAX aos céus, quase dois anos depois de sua imobilização, devido a dois acidentes que deixaram 346 mortos em cinco meses.

A aeronave não voltará a voar de forma imediata em todo mundo, já que as autoridades do setor aéreo de outros países decidiram realizar suas próprias certificações.

A Agência Federal de Aviação americana (FAA, na sigla em inglês) informou, em seu comunicado, que ainda deve aprovar a formação necessária para os pilotos antes de qualquer voo do 737 MAX sobre o espaço aéreo dos Estados Unidos.

A principal mudança será o software de controle de voo MCAS, que os pilotos dos voos acidentados da Lion Air em 29 de outubro de 2018 e da Ethiopian Airlines em 10 de março de 2019 não conseguiram dominar.

"Foi um longo e exaustivo caminho até essa decisão", disse o diretor da FAA, Steve Dickson, em um vídeo que acompanha o anúncio.

"Mas, desde o início, nós dissemos que levaríamos o tempo necessário para fazer direito. Nunca nos guiamos pelo tempo. Seguimos um processo metódico e deliberado", acrescentou Dickson, que pilotou ele mesmo um voo de teste em setembro.

As companhias aéreas também terão de fazer trabalhos de manutenção nos aviões estacionados nas pistas dos aeroportos por mais de 20 meses.

A American Airlines já programou um voo para o fim de dezembro.

"Implementamos processos rigorosos para garantir a segurança de cada aeronave e que nossos pilotos, assistentes de voo, colegas e clientes tenham confiança no regresso do 737 MAX", disseram os executivos da companhia em uma carta dirigida aos funcionários.

Já os aparelhos estocados na Boeing deverão ser examinados por um inspetor da FAA antes de serem enviados para os clientes.

A agência canadense disse que "muito em breve" completará seu próprio processo de validação e que solicitará mais mudanças.

A agência europeia de aviação informou que deve dar seu sinal verde, oficialmente, no final de 2020, ou início de 2021. 

Ainda assim, o CEO da Boeing, David Calhoun, afirmou que a decisão constitui "uma etapa importante".

"Estes acontecimentos e as lições que aprendemos com elas remodelaram nosso negócio, que se concentrou mais em nossos valores fundamentais de segurança, qualidade e integridade", acrescentou Calhoun, em um comunicado, no qual também disse estar pronto para trabalhar com os reguladores do mundo inteiro para uma rápida retomada do serviço.

Os familiares que perderam seus entes queridos nos acidentes criticaram a decisão, segundo um comunicado da Clifford Law Offices, o escritório de advocacia que os representa.

"O forte sigilo da FAA significa que não podemos acreditar que o Boeing 737 MAX seja seguro", disse Michael Stumo, cuja filha morreu no acidente da Ethiopian Airlines.

A Boeing enfrenta uma série de investigações e processos relacionados aos acidentes.

Um relatório publicado em setembro por um painel da Câmara de Representantes classificou os acidentes da Lion Air e da Ethiopian Airlines como "o culminar horrível de uma série de suposições técnicas erradas dos engenheiros da Boeing, uma falta de transparência por parte da gerência da Boeing e uma supervisão extremamente insuficiente por parte da FAA".

O 737 MAX retorna no momento em que o setor se encontra muito afetado pela pandemia de coronavírus, uma situação que levou a Boeing a perder 393 pedidos nos primeiros dez meses do ano.

No entanto, a construtora aeronáutica com sede em Seattle, que tem atualmente 450 aeronaves em estoque, poderá retomar suas entregas, o que lhe permitirá reabastecer seus cofres após a crise profunda.

A Boeing estima que a crise do 737 MAX lhe custou cerca de US$ 20 bilhões: US$ 11,3 bilhões pelos custos diretos e indiretos associados com a produção e a suspensão de sua fabricação durante vários meses, e US$ 8,6 bilhões relacionados às indenizações oferecidas às companhias aéreas.

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