PANDEMIA

América Latina inicia vacinação e Europa se inquieta com nova cepa da covid-19

México recebeu 3 mil doses da vacina da Pfizer/BioNTech nesta véspera de Natal

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Publicado em 24/12/2020 às 18:43 | Atualizado em 24/12/2020 às 19:49
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Covid-19 já matou milhões de pessoas no mundo inteiro - FOTO: JOEL SAGET / AFP

As vacinações contra a covid-19 começaram nesta quinta-feira (24) em três países latino-americanos, enquanto na Europa um estudo destacou que a nova cepa do coronavírus encontrada no Reino Unido é "entre 50% e 74%" mais contagiosa do que a variante mais comum.

No México, que recebeu nesta quarta-feira as primeiras 3.000 doses da vacina dos laboratórios Pfizer/BioNTech, a campanha de imunização começou nesta quinta com uma enfermeira de 59 anos.

"Estou um pouco nervosa, mas muito feliz. É o melhor presente que podia ganhar em 2020, me dá mais segurança e mais ânimo para continuar a guerra contra um inimigo invisível", disse Maria Irene Ramírez, antes de ser vacinada.

Durante o dia, serão vacinadas no México 2.975 pessoas que trabalham em unidades para a covid-19, inclusive médicos, enfermeiras, maqueiros, laboratoristas e funcionários de limpeza.

Com 120.000 mortes pela covid-19, este país de 129 milhões de habitantes é o quarto com mais óbitos na pandemia, depois de Estados Unidos, Brasil e Índia.

O Chile obteve nesta quinta-feira as primeiras 10.000 doses da vacina da Pfizer/BioNTech e começou a administrá-las no mesmo dia.

A primeira pessoa imunizada foi uma auxiliar de enfermagem de 46 anos, Zulema Riquelme. "Estou muito emocionada, nervosa; são múltiplas emoções", disse antes de ser vacinada.

Depois dela, foram imunizados um médico, uma enfermeira, um cinesiólogo respiratório e uma auxiliar de serviços.

A Costa Rica, aonde chegaram na quarta-feira as primeiras 9.750 doses do imunizante da Pfizer e da BioNTech, começou a campanha de vacinação com dois moradores de um lar para idosos: Elizabeth, de 91 anos, e Jorge, de 72.

Junto com eles foi vacinada uma dúzia de residentes e uma dezena de trabalhadores sanitários da linha de frente no combate à pandemia.

"Estou muito agradecida a Deus porque pedi muito a Ele. Minha vida é muito importante para mim, aproveitem todos os momentos", disse Elizabeth.

"Que todos se vacinem. Não doeu", garantiu Jorge.

Primeiro lote da vacina russa chega à Argentina

A Argentina, por sua vez, recebeu nesta quinta uma carga de 300.000 doses da vacina russa contra a covid-19 Sputnik V, o que permitirá ao país iniciar em breve sua campanha de vacinação.

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A Sputnik V foi aprovada "em caráter de emergência" na quarta-feira pelo Ministério da Saúde argentino. Trata-se da primeira autorização concedida a esta vacina na América Latina.

A pandemia provocou até agora 14,9 milhões de casos e mais de 491.000 mortos na América Latina. No mundo todo, o novo coronavírus matou 1,7 milhões de pessoas e infectou mais de 78 milhões, segundo balanço da AFP, feito com base em fontes oficiais.

Nos Estados Unidos, o país mais afetado do mundo pela pandemia, com mais de 326.000 falecidos, mais de um milhão de americanos receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19 nos primeiros dez dias da campanha de imunização, segundo as autoridades.

Mas o doutor Moncef Slaoui, assessor principal do programa governamental de vacinação, disse que o objetivo de imunizar 20 milhões de pessoas até o fim do ano "provavelmente" não será alcançada.

Um Natal caótico

Na União Europeia (UE), a campanha de vacinação começará em 27 de dezembro em vários países. Mas as altas cifras de contágio fizeram com que países como a Itália, a Áustria ou a Irlanda impusessem restrições importantes para as festas de fim de ano.

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No Reino Unido, seis mil caminhoneiros se preparam para passar a noite de Natal em condições difíceis, presos perto do porto de Dover, no sul da Inglaterra, que sai lentamente do isolamento ocasionado pelo aparecimento de uma nova cepa do coronavírus.

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Serão necessários "vários dias" para descongestionar o local, informaram autoridades britânicas, que anunciaram nesta quinta que as ligações ferroviárias e marítimas entre o Reino Unido e a França vão permanecer abertas no dia de Natal para eliminar o engarrafamento provocado pela decisão de fechar as fronteiras.

"Segundo dados preliminares disponíveis", a variante do Sars-Cov-2, suspeita de ter provocado o grande aumento de casos no sudeste da Inglaterra nas últimas semanas, "poderia ser entre 50% e 74% mais contagiosa", informou o biólogo Nick Davies, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM), em um estudo publicado nesta quinta-feira.

Esta estimativa, divulgada pela Internet e que ainda não foi confirmada por nenhuma revista científica, coincide com a de "50% a 70%" indicada na segunda-feira em coletiva de imprensa por cientistas que assessoram o governo britânico.

Embora a nova cepa não seja mais perigosa do que as anteriores, o provável "aumento importante" do número de casos poderia afetar o número de mortos, que poderia "ser superior em 2021 a 2020", segundo o estudo.

As autoridades britânicas já haviam anunciado novas restrições no fim de semana passado, como um novo confinamento em Londres e no sudeste da Inglaterra.

Recorde de casos e mortes na Rússia

O principal objetivo agora é restabelecer a cadeia de abastecimento no Reino Unido, que depende em grande parte dos caminhões que se deslocam a partir e com destino ao continente europeu, antes de que haja uma escassez de alimentos.

A forte propagação em solo britânico da nova variante levou meia centena de países a cortar suas ligações com o Reino Unido. Nesta quinta, a China somou-se à lista e suspendeu seus voos com o país.

Na quarta, Londres anunciou que havia identificado dois casos de outra variante do coronavírus, "muito preocupante", procedente da África do Sul, e por isso decretou restrições a viagens neste país, que com 950.000 casos e 25.657 mortos é o mais afetado pela pandemia na África.

A Rússia bateu nesta quinta-feira um recorde de novos casos e mortes pelo coronavírus. As autoridades contabilizaram 635 mortes e quase 30.000 novos casos em um dia.

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Novo coronavírus já tirou a vida de milhões de pessoas no mundo inteiro - FOTO:FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

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