Manifestantes pró-Trump invadem Congresso dos Estados Unidos
Trump pediu a seus seguidores que se manifestassem contra a certificação da vitória de Joe Biden
atualizada às 20h13
Vários prédios de escritórios do Congresso americano foram evacuados, nesta quarta-feira (6), enquanto apoiadores do presidente Donald Trump cercavam o Capitólio em protesto contra sua derrota na eleição presidencial, que aconteceu em novembro passado. Segundo a CNN americana, as portas do Congresso foram seladas e um alerta de emergência foi acionado no local.
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A polícia ordenou que os funcionários esvaziassem o edifício Cannon e outros escritórios vizinhos ao Capitólio, depois que Trump pediu a seus seguidores que se manifestassem contra a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições de 3 de novembro, o que ocorre esta tarde em uma sessão conjunta do Congresso.
"Acabo de evacuar meu escritório no Cannon", disse a legisladora republicana Nancy Mace em um tuíte. "Agora, estávamos vendo manifestantes agredindo a polícia do Capitólio". "Isso está mal. Isto não é o que somos", acrescentou.
De acordo com a TV americana, teriam sido encontrados, vários pacotes suspeitos em volta do Cannon House Office e da Madison Library of Congress Building.
No Twitter, momentos antes, Donald Trump havia solicitado que seus seguidores que se manifestassem contra a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições realizadas em novembro de 2020. "Por favor, apoiem nossa polícia. Eles estão verdadeiramente do lado do nosso país", escreveu.
Please support our Capitol Police and Law Enforcement. They are truly on the side of our Country. Stay peaceful!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 6, 2021
Filho do presidente, Donald Trump Jr., usou a mesma rede social que o pai para criticar a violência nas manifestações. "Isso é errado e não quem somos. Seja pacífico e use seus direitos da 1ª Emenda, mas não comece a agir como o outro lado. Temos um país a salvar e isso não ajuda ninguém".
This is wrong and not who we are. Be peaceful and use your 1st Amendment rights, but don’t start acting like the other side. We have a country to save and this doesn’t help anyone. https://t.co/3oUAPxuwi9
— Donald Trump Jr. (@DonaldJTrumpJr) January 6, 2021
Guarda Nacional americana é acionada para ajudar a conter protestos
Tropas da Guarda Nacional estão sendo mobilizadas em Washington e estados vizinhos depois que manifestantes que apoiam o presidente Donald Trump invadiram o Capitólio dos Estados Unidos nesta quarta-feira (6), informaram a Casa Branca e o Pentágono.
O envio de reforços foi anunciado pela Casa Branca e pelo Pentágono e confirmado por Ralph Northam, o governador democrata da Virgínia, estado vizinho da capital federal. Além disso, Maryland, outro vizinho, anunciou o envio de tropas da Guarda Nacional e da polícia estadual.
O porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman, disse que toda a Guarda Nacional de Washington D.C., com 1.100 homens, foi convocada para garantir a aplicação da lei.
Mundo reage em choque à invasão do Capitólio nos Estados Unidos
A invasão do Congresso dos Estados Unidos, em Washington, por apoiadores do presidente Donald Trump, nesta quarta-feira (6), proporcionou "cenas chocantes", alertou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, uma manifestação compartilhada por vários líderes mundiais.
"Cenas chocantes em Washington. O resultado dessa eleição democrática deve ser respeitado", escreveu no Twitter o chefe da aliança militar atlântica.
A chegada dos partidários furiosos de Trump forçou a interrupção da sessão destinada a certificar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro.
O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, por sua vez, lamentou as "cenas profundamente perturbadoras no Capitólio".
"Os votos dos cidadãos devem ser respeitados. Confiamos que os Estados Unidos garantirão a proteção das regras da democracia", disse o líder do legislativo europeu em um tuíte.
O Alto Representante (chefe da diplomacia) da UE, Josep Borrell, também denunciou um ataque sem precedentes à democracia nos Estados Unidos e pediu respeito ao resultado das eleições de novembro.
"Aos olhos do mundo, a democracia americana parece estar sob assédio. É um ataque sem precedentes à democracia dos Estados Unidos, suas instituições e o império da lei. Isto não são os Estados Unidos. Os resultados das eleições de 3 de novembro devem ser plenamente respeitados", afirmou Borrell no Twitter.
O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, também condenou o que chamou de "um ataque grave contra a democracia".
"A violência contra as instituições americanas é um ataque grave contra a democracia. Eu a condeno. A vontade e o voto do povo americano devem ser respeitados", tuitou o ministro francês.
Enquanto isso, o comissário da União Europeia para a Economia, Paolo Gentiloni, postou no Twitter uma foto dos apoiadores de Trump nos corredores do Capitólio e comentou: "Vergonha".
Em outra mensagem, ele observou que se tratam de "imagens que não gostaríamos de ter visto".
Antigo aliado de Trump, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, denunciou o que chamou de "cenas vergonhosas" de Washington e pediu uma "transição pacífica" de poder com o democrata Joe Biden.
"Cenas vergonhosas no Congresso americano. Os Estados Unidos são os defensores da democracia em todo o mundo e agora é vital que a transferência do poder seja feita de forma pacífica e ordeira", afirmou Johnson no Twitter.
"Os Estados Unidos têm, e com razão, muito orgulho de sua democracia e nada pode justificar essas tentativas violentas de inviabilizar a transição legal de poder", criticou o chanceler britânico, Dominic Raab.
"Cenas chocantes e profundamente tristes em Washington D.C. que devem ser chamadas do que são: uma agressão deliberada à democracia por um presidente que está deixando o cargo e seus apoiadores, que estão tentando reverter uma eleição livre e legítima", condenou seu homólogo irlandês, Simon Coveney.
"O mundo está de olho em vocês", acrescentou, pedindo uma "volta à calma".
O primeiro-ministro irlandês, Michael Martin, lembrou o "vínculo profundo" de seu país com os Estados Unidos, declarando que estava acompanhando os acontecimentos em Washington com "grande preocupação e consternação".
Mais cedo, o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, exortou os seguidores do presidente Trump, a "deixarem de pisotear a democracia" depois que eles invadiram o Congresso americano, em Washington.
"Trump e seus seguidores deveriam finalmente aceitar a decisão dos eleitores americanos e deixar de pisotear a democracia", tuitou, acrescentando que "as palavras incendiárias viram ações violentas".