imunização
Vacina da Pfizer neutraliza variantes do Reino Unido e da África do Sul
O surgimento das novas variantes gera preocupação sobre o efeito na vacinação
A vacina da Pfizer/BioNTech contra a covid-19 se mostrou capaz de neutralizar as variantes do coronavírus Sars-CoV-2 que apareceram no Reino Unido e na África do Sul, de acordo com pesquisa publicada nesta segunda-feira, 8, na revista Nature Medicine.
O produto foi testado contra as mutações N501Y (observada nos dois países), D614G (do Reino Unido) e E484K (somente na África do Sul) que são localizadas na proteína spike - a parte do vírus que se conecta com as células humanas - e que parecem aumentar essa habilidade do vírus. A primeira variante também parece aumentar os possíveis hospedeiros do vírus e afetar também os camundongos.
Os resultados já tinham sido divulgados no fim de janeiro, ainda em formato de pré-print (sem a revisão de outros cientistas) e foram confirmados agora em uma publicação tradicional.
- Covid-19: cuidadores de idosos familiares e contratados serão vacinados na 1ª fase da campanha em Pernambuco
- Covid-19: Pernambuco só tem 1,9% da população vacinada contra a doença
- Com 71,3% de abstenção, Enem digital tem questões sobre vacina, genética e matemática financeira
- Vacina contra covid-19: menos de metade das doses recebidas por Pernambuco foram aplicadas
- Há tecnologia para que novas doses da vacina protejam contra variantes da covid-19, aponta ex-coordenadora do PNI
- Anvisa debate regulamentação para importar vacinas pelo acordo Covax
O surgimento das novas variantes gera preocupação sobre o efeito na vacinação porque justamente a proteína spike do vírus é o alvo dos anticorpos neutralizantes que têm sua produção induzida por muitas das vacinas. Neste domingo, a África do Sul suspendeu a vacinação com o produto de Oxford após observar que ele estava sendo pouco efetivo contra a variante local.
Os pesquisadores, liderados por Pei-Yong Shi, da Universidade do Texas, e Philip Dormitzer, da Pfizer, fizeram combinações dessas três variantes e as testaram diante de um painel sorológico de 20 pessoas que tinham participado dos testes clínicos da vacina.
Esse material é composto por anticorpos obtidos após duas ou quatro semanas da imunização com duas doses da vacina, em um intervalo de três semanas. Ele foi testado tanto para a cepa original do Sars-CoV-2, que nos testes clínicos tinha apontado uma eficácia de 95%, quanto para os vírus mutantes.
Os pesquisadores relatam que conseguiram neutralizar as três variantes do vírus, com uma pequena variação: a neutralização contra a mutação E484K foi ligeiramente inferior à neutralização contra a mutação N501Y.
"A evolução contínua do Sars-CoV-2 exige um monitoramento contínuo do significado dessas mudanças para a eficácia da vacina. Esta vigilância deve ser acompanhada de preparativos para a possibilidade de que futuras mutações possam exigir mudanças nas vacinas", escrevem os autores.
Eles lembram que mudanças desse tipo funcionaram bem para a vacina da influenza - vírus que muta todos os anos. Para a covid-19, dizem, a flexibilidade da tecnologia de vacina baseada em RNA mensageiro, como é o caso da Pfizer e da Moderna, pode facilitar as atualizações.