Sonda emiradense 'Esperança' entra na órbita de Marte
A entrada da sonda "Esperança" na órbita de Marte coincide com o aniversário de 50 anos da unificação dos sete emirados em uma federação
Os Emirados Árabes Unidos conseguiram nesta terça-feira (9) colocar na órbita de Marte a sonda "Al-Amal" ("Esperança" em português), tornando-se o primeiro país árabe a realizar este feito, após o suspense provocado pela manobra delicada.
"Ao povo dos Emirados Árabes Unidos, às nações árabes e muçulmanas, anunciamos a chegada com êxito à órbita de Marte. Louvado seja Deus", declarou Omran Sharaf, o diretor do projeto.
Sharaf e outros funcionários no controle da missão, no Centro Espacial de Dubai, explodiram em aplausos, visivelmente aliviados após meia hora de tensão durante a qual a sonda desacelerou para entrar na órbita marciana - a manobra mais difícil da missão. "O que vocês conseguiram é uma honra para nossa nação. Quero parabenizá-los", disse Mohamed bin Zayed, príncipe-herdeiro de Abu Dhabi e homem forte dos Emirados.
O envio da sonda - que pretende revelar segredos do clima marciano - foi a primeira de três missões espaciais a chegar a Marte em fevereiro. Além dos Emirados Árabes Unidos, país rico do Golfo, China e Estados Unidos também lançaram missões em julho, aproveitando o período em que a Terra e Marte estão mais próximos a cada 26 meses.
A entrada da sonda "Esperança" na órbita de Marte coincide com o aniversário de 50 anos da unificação dos sete emirados em uma federação. Todos os monumentos do país serão iluminados de vermelho durante a noite. "Esperança" iniciou a manobra de 27 minutos de frenagem dos motores às 15h30 GMT (12h30 de Brasília) com o propósito de reduzir a velocidade o suficiente para entrar em órbita.
A sonda girou e acionou seus motores para reduzir a velocidade de 121.000 km/h a 18.000 km/h. Estes "vinte e sete minutos às cegas determinarão a sorte de sete anos de trabalho", havia tuitado no início da semana Sarah al Amiri, presidente da Agência Espacial dos Emirados e ministra de Tecnologias avançadas.
"Este projeto é muito importante para a nação, para toda a região e a para a comunidade científica e espacial mundial", declarou à AFP Omran Sharaf, diretor de projeto da missão. Ele afirmou que o objetivo é "muito maior" que o simples fato de chegar a Marte.
"O governo quer provocar uma grande mudança no espírito da juventude dos Emirados (...) para acelerar a criação de um setor científico e tecnológico de ponta", acrescentou. Trata-se do primeiro passo de um projeto muito mais ambicioso: a criação de uma colônia humana em Marte no prazo de 100 anos.
Além de consolidar seu status como país regional chave, os Emirados desejam que o projeto sirva de fonte de inspiração para a juventude árabe, em uma região que aparece com frequência na imprensa pelos conflitos e suas crises políticas, e não pelas conquistas científicas.
O xeque Mohammed bin Rashed Al Maktum, primeiro-ministro dos Emirados e dirigente de Dubai destacou que a sonda chegou ao "ponto mais distante do universo já alcançado pelos árabes em sua história".
Ao contrário das missões chinesa Tianwen-1 e americana Marte 2020, a "Esperança" não vai pousar no planeta vermelho. A sonda utilizará três instrumentos científicos para monitorar a atmosfera marciana e deve começar a transmitir informações em setembro. Os cientistas de todo o mundo terão acesso aos dados obtidos pela sonda dos Emirados Árabes Unidos.