ESPAÇO

Pela primeira vez na história, cientistas confirmam existência de furacão espacial

Até então, o fenômeno nunca havia sido observado na alta atmosfera de nenhum planeta

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JC

Publicado em 09/03/2021 às 14:20 | Atualizado em 09/03/2021 às 14:21
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Após observarem um redemoinho de cerca de 1.000 km de largura a uma altura de centenas de quilômetros, cientistas puderam confirmar pela primeira vez na história a existência de um furacão espacial. Até então, o fenômeno nunca havia sido observado na alta atmosfera. 

A observação do furacão foi realizada por uma equipe internacional que é liderada pelo professor Qing-He Zhang, da Universidade Shandong, no leste da China. "Estamos observando um fenômeno com características de furacão na atmosfera superior sobre o pólo norte magnético, que chamamos de furacão espacial", afirmou o professor Zhang à BBC News Mundo.

Anteriormente, alguns estudiosos já haviam elaborado teorias sobre a existência desses furacões. A confirmação da existência do fenômeno e um estudo sobre a descoberta dele foi publicado na revista Nature Communications.

Para os cientistas, o furacão é como um redemoinho de plasma com cerca de mil quilômetros de largura e que fica localizado a centenas de quilômetros de altura. As observações de plasma foram feitas a cerca de 860 km da superfície da Terra. "Até agora, não havia certeza da existência de furacões de plasma, então ser capaz de provar que eles existem com esta observação é incrível", destacou Mike Lockwood, cientista espacial da Universidade de Reading, na Inglaterra.

"O furacão espacial é caracterizado por uma estrutura espiral com múltiplos braços porque precipita elétrons em vez de água, uma forte circulação de plasma com fluxo horizontal zero no centro e um enorme fluxo e deposição de energia e velocidade em direção à ionosfera polar", completou.

A ionosfera é uma parte extremamente ativa da atmosfera que está sobreposta as camadas da atmosfera chamadas mesosfera, termosfera e exosfera. Ela é capaz de crescer e encolher de acordo com a energia que absorve do sol. Algumas partes dela podem se sobrepor à magnetosfera da Terra, a área ao redor do planeta na qual partículas carregadas experimentam o campo magnético da Terra.

De acordo com os cientistas, o fenômeno durou cerca de oito horas. A confirmação do fenômeno teve como base observações de satélite de 2014. "Neste estudo, apresentamos a observação de um furacão espacial de longa duração, enorme e energético na ionosfera sobre o pólo norte magnético, que depositou energia do vento solar e da magnetosfera na ionosfera ao longo de um período de várias horas".

No espaço, astrônomos já conseguiram detectar furacões em Marte, Saturno e Júpiter. Os fenômenos são semelhantes aos furacões que acontecem na baixa atmosfera da Terra. O estudo dos furacões espaciais poderão ajudar a entender melhor as interações entre o vento solar, a magnetosfera e a ionosfera em condições de baixa atividade geomagnética, de acordo com o professor Zhang.

"Geralmente, acredita-se que a transferência de energia do vento solar e plasma para a ionosfera é muito fraca quando a atividade geomagnética é baixa. Este estudo indica que mesmo em condições geomagnéticas extremamente calmas há deposição de energia comparável àquela que ocorre em supertempestades. Isso sugere que os indicadores de atividade geomagnética não representam adequadamente a atividade dramática dentro dos furacões espaciais, que estão mais ao norte do que os observatórios do índice geomagnético", concluiu.

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