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Perseverance pousa nesta quinta em Marte; veja detalhes sobre robô enviado para procurar sinais de vida no Planeta Vermelho

A Nasa pretende coletar cerca de 30 amostras de rochas ao longo de vários anos

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AFP

Publicado em 18/02/2021 às 12:03 | Atualizado em 18/02/2021 às 12:05
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Sete meses de viagem espacial, décadas de trabalho e bilhões de dólares investidos para responder a uma única pergunta: a vida já existiu em outro lugar que não a Terra? A NASA tenta responder a esta pergunta com a aterrissagem nesta quinta-feira (18) de seu mais recente rover, o Perseverance.

Pela primeira vez, a missão da agência espacial americana tem o objetivo explícito de encontrar vestígios de vida antiga no Planeta Vermelho, coletando cerca de 30 amostras de rochas ao longo de vários anos.

Elas serão trazidas à Terra em uma missão planejada para a década de 2030 para serem analisadas e talvez se possa, enfim, responder "uma das questões que nos acompanha há séculos, a saber: estamos sozinhos no Universo?", explicou na quarta-feira Thomas Zurbuchen, administrador associado da NASA.

Empoleirada no topo do rover americano Perseverance, a SuperCam, projetada por cientistas franceses, estudará as rochas marcianas com seu feixe de laser e um microfone, em busca de vestígios de vida passada no Planeta Vermelho.

Outras duas ferramentas europeias, a espanhola MEDA e a norueguesa RIMFAX, serão usadas para medir os parâmetros atmosféricos de Marte e explorar sua subsuperfície, respectivamente.

Do tamanho de uma caixa de sapatos e pesando cinco quilos, a SuperCam usará seus "superpoderes" do topo de uma haste, com ferramentas adicionais americanas de análise e controle, afixadas ao corpo do robô.

"É um método de vigilância geofísica, que vai indicar onde tirar determinada amostra e examinar seu ambiente", explicou à AFP o astrofísico Sylvestre Maurice, do Instituto de Pesquisas em Astrofísica e Planetologia (IRAP), que projetou o instrumento.

Sua irmã mais velha, a ChemCam, que continua ativa no rover americano Curiosity desde 2012, provou que Marte era habitável. Agora, cabe ao Perseverance encontrar vestígios de vida.

Sua cabeça é dotada de um feixe de laser, cujo disparo sobre uma rocha, a até 7 metros de distância, vaporiza uma pequena parte em forma de plasma. A luz emitida é analisada por um espectrômetro (LIBS) que revela "os elementos de que as rochas são compostas", como ferro, silício, ou alumínio.

Mas "para descobrir possíveis sinais de vida passada, é preciso mais do que química. É preciso analisar as moléculas, fazer mineralogia", diz o pesquisador do IRAP.

E, portanto, é preciso ser "muito mais ambicioso, acrescentando três técnicas".

E isso será feito com um disparo de laser de luz verde, de até 12 metros, associado a uma espectrometria Raman, que observa como os átomos da matéria estão organizados, e a um espectrômetro infravermelho. Este último completará essa observação analisando, até o horizonte, a forma como a luz solar é refletida pelo objeto em estudo.

Por fim, um microfone, "uma estreia em Marte", informará sobre a dureza da rocha, graças à análise do "clack", o ruído que o disparo do laser faz ao atingi-la.

Operando remotamente, a SuperCam complementará os dois "instrumentos de contato" americano, PIXL e SHERLOC. Localizados na extremidade de um braço articulado, na parte inferior do robô, eles estudarão a composição química e vão procurar um traço biológico nas rochas, respectivamente.

Os disparos de laser da SuperCam ajudarão a selecionar os melhores alvos e a "limpar" a superfície antes do estudo por parte do PIXL e do SHERLOC.

"A ideia é que um instrumento deve responder a várias questões e que uma pergunta deve encontrar sua resposta com vários instrumentos", acrescentou Sylvestre Maurice, cujo instituto, o IRAP, vai compartilhar, a partir de um centro operacional no Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES) a pilotagem da SuperCam com o Laboratório Nacional de Los Alamos (LANL), nos Estados Unidos.

"Se sinais de vida forem percebidos com uma ferramenta, eles deverão ser confirmados com as outras", indicou.

O juiz final será o retorno à Terra, em alguns anos, com as amostras coletadas pelo Perseverance.

Até lá, "todos se ajudam", acrescentou o cientista.

Ele cita, por exemplo, a importância da ferramenta norueguesa RIMFAX, equipada com um radar que estuda o subsolo, e o instrumento espanhol MEDA, que vai medir, entre outras coisas, o tamanho e a forma da poeira, que poderia atrapalhar as medições infravermelhas da SuperCam.

Este último instrumento é resultado do trabalho de uma grande equipe, de cerca de 200 pessoas, de vários laboratórios, atuando sob a supervisão do CNES.

Sete minutos de terror

 

O Perseverance, terá que sobreviver, nesta quinta-feira (18), aos "sete minutos de terror" da perigosa manobra que precederá seu pouso.

Pouco depois das 20h30 GMT (17h30 de Brasília), entrará na atmosfera de Marte a uma velocidade de 20.000 km/h, protegido por seu escudo térmico que será ativado após a abertura de um enorme paraquedas supersônico. Oito motores que vão apontar para o solo vão desacelerar o veículo e, então, suas seis rodas descerão, sustentadas por cabos, até tocarem o solo.

"O céu parece claro para pousar amanhã. Mas, mesmo com céu claro, o pouso é a parte mais perigosa da missão, e não podemos garantir seu sucesso", disse Allen Chen, responsável pela descida, em entrevista coletiva.

Se Perseverance chegar intacto, as primeiras imagens poderão ser transmitidas logo em seguida. Os pesquisadores acreditam que a cratera de Jezero abrigou um lago com cerca de 50 km de largura há mais de 3,5 bilhões de anos.

 

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