Oriente médio

Bombardeios israelenses continuam na Faixa de Gaza após 200 mortos em uma semana

A força aérea israelense efetuou dezenas de bombardeios na Faixa de Gaza, de onde grupos armados lançaram foguetes contra o território de Israel

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AFP

Publicado em 17/05/2021 às 22:58
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Os bombadeios de Israel à Faixa de Gaza foram retomados nesta segunda-feira, após uma semana que deixou mais de 200 mortos, a grande maioria palestinos, enquanto o Hamas e Israel ignoravam os apelos internacionais por uma desescalada.

A força aérea israelense efetuou dezenas de bombardeios na Faixa de Gaza, de onde grupos armados lançaram foguetes contra o território de Israel. O Crescente Vermelho do Catar afirmou que seu escritório em Gaza foi danificado em um bombardeio, e o Ministério da Saúde, que suas instalações foram atingidas por mísseis, bem como uma clínica.

O único laboratório que realiza testes de Covid-19 na Faixa de Gaza interrompeu suas operações, depois que a clínica que o abriga foi alcançada por um ataque de Israel, anunciou o porta-voz do Ministério da Saúde local.

O Exército de Israel informou ter atacado nove residências de comandantes do Hamas, incluindo algumas que eram utilizadas para "armazenar armas". A Jihad Islâmica, segundo grupo armado palestino na Faixa de Gaza, anunciou que Hosam Abu Harbid, um de seus comandantes, morreu em um ataque.

"Nunca haviam ocorrido bombardeios desse calibre", afirmou Mad Abed Rabbo, de 39 anos, que mora na zona oeste da cidade de Gaza e disse que tem o sentimento de "horror, medo".

O Programa Mundial de Alimentos anunciou nesta segunda-feira uma ajuda emergencial para mais de 51.000 pessoas na Faixa de Gaza, devastada pela pobreza e pelo desemprego.

 

 

Desde 10 de maio, quando teve início a espiral de violência, ao menos 200 palestinos morreram, incluindo 59 menores de idade, e mais de 1.300 ficaram feridos.

No domingo, 42 palestinos, incluindo oito menores de idade e dois médicos, morreram nos bombardeios israelenses em Gaza, o maior número de vítimas fatais em apenas um dia, segundo o Ministério da Saúde local.

O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, pediu nesta segunda-feira a Israel e aos palestinos que "protejam os civis e especialmente as crianças", reiterando que Israel, "como uma democracia," tem um "dever especial" a esse respeito.

Na Cisjordânia ocupada, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, recebeu nesta segunda-feira o emissário americano Hady Amr, que pediu a "intervenção necessária" de Washington para impedir "a agressão de Israel contra o povo palestino", segundo a agência oficial Wafa. Amr, que se encontrou com o ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, no domingo, enfatizou a "importância de se chegar a uma redução da escalada", de acordo com a Wafa.

Os israelenses, especialmente os do sul que vivem com alertas contínuos de foguetes, ouviram um apelo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para que "limitem suas atividades ao ar livre". Do lado de Israel, 10 pessoas morreram, incluindo uma criança, e 294 ficaram feridas na explosão de foguetes lançados de Gaza.

Os grupos armados palestinos, incluindo o braço militar do Hamas, lançaram mais de 3.150 projéteis contra Israel desde o início das hostilidades. Esse é o maior ritmo de disparos registrado contra o território israelense, informou o Exército. A maioria dos foguetes foi interceptada pelo escudo antimísseis Domo de Ferro.

O Exército israelense, que alega ter como alvos as áreas e equipamentos do Hamas, alguns comandantes e túneis subterrâneos, acusa o movimento islamista de usar os civis como "escudos". O último grande confronto entre Israel e Hamas havia acontecido em 2014. O conflito, de 51 dias, destruiu a Faixa de Gaza e deixou 2.251 mortos do lado palestino, a maioria civis, e 74 em Israel, a maioria soldados.

Em outra frente, o Exército israelense afirmou ter realizado disparos de artilharia em direção ao sul do Líbano, após o lançamento de seis foguetes contra o norte de Israel.

 

"Esse ciclo insensato de derramamento de sangue, terror e destruição deve parar imediatamente", implorou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, mas uma reunião de emergência do Conselho de Segurança terminou sem avanços.

A terceira reunião virtual do Conselho terminou sem avanços. Os Estados Unidos se opuseram à adoção de uma declaração pela terceira vez em uma semana, segundo fontes diplomáticas. Uma nova reunião do Conselho de Segurança a portas fechadas está marcada para terça-feira, disseram diplomatas.

O presidente dos EUA, Joe Biden, tem "as mãos ensanguentadas" por seu apoio a Israel no conflito na Faixa de Gaza, acusou hoje o chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan. Biden disse a Netanyahu que é a favor de um cessar-fogo, mas não exigiu abertamente uma trégua e tem resistido a se unir a outros líderes mundiais e a grande parte dos membros do Partido Democrata para pedir um cessar-fogo imediato. Segundo a Casa Branca, Biden reiterou "seu firme apoio ao direito de Israel a se defender dos ataques indiscriminados com foguetes".

 

- Solidariedade -

 

A chanceler alemã, Angela Merkel, expressou solidariedade a Israel durante conversa telefônica com seu homólogo israelense, e pediu o fim dos atuais confrontos "o mais rapidamente possível".

Por sua vez, o presidente francês Emmanuel Macron e seu homólogo egípcio, Abdel Fatah Al Sisi, enfatizaram nesta segunda-feira "a necessidade absoluta de acabar com as hostilidades" entre israelenses e palestinos. Ambos também abordaram a possibilidade de uma possível mediação para obter uma trégua, para a qual esperam obter o apoio da Jordânia, segundo o Elíseo.

 

bur-dar/az-cgo/ybl/af/mas/mar/mis/fp/jc/ap/lb

 

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