CONFLITO

O que Afeganistão pode esperar com retorno dos talibãs?

O Afeganistão está à beira do abismo, e as forças de segurança do país, quase em colapso, após a ofensiva do Talibã

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AFP

Publicado em 13/08/2021 às 23:59
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O Afeganistão está à beira do abismo, e as forças de segurança do país, quase em colapso, após a ofensiva do Talibã, que deu aos insurgentes o controle de grande parte do território.

Confira abaixo algumas perguntas e respostas para entender a situação atual:

Qual é a estratégia do Talibã?

O Talibã nunca escondeu o que quer: a ressurreição completa de seu emirado islâmico que governou o Afeganistão entre 1996 e 2001.

Muitas análises foram realizadas para determinar exatamente como atingiriam seu objetivo: por meio do diálogo, da força, ou com uma combinação de ambos.

No final, sua estratégia militar provou ser suficiente: aplacar as forças do governo com vários ataques a vários alvos em todo país.

Para isso, primeiro negociaram a saída de tropas americanas e estrangeiras do território afegão, por meio de um acordo com os Estados Unidos, país cansado após mais de 20 anos de guerra. Também prometeram não atacar alvos americanos em troca de sua retirada.

Parte do acordo também significou que Washington pressionou o governo afegão a libertar milhares de prisioneiros talibãs. A maioria deles voltou imediatamente às fileiras insurgentes.

Com sucessos impressionantes nos últimos oito dias, o Talibã agora pode aspirar a uma rendição incondicional do governo afegão.

Se Cabul resistir, o Talibã deve pressionar fortemente a capital.

O que aconteceu com o Exército afegão?

Sem dúvida, haverá livros publicados e palestras proferidas durante anos, senão décadas, sobre este assunto: o que exatamente deu errado com as forças de segurança afegãs?

A corrupção, a falta de vontade de lutar e o vácuo criado pela saída dos Estados Unidos provavelmente tiveram um papel na queda do Exército afegão.

Durante anos, o governo dos EUA emitiu relatórios, detalhando um grande número de casos de corrupção nas forças de segurança afegãs.

Os comandantes rotineiramente ficavam com o dinheiro reservado para suas tropas, vendiam armas no mercado paralelo e mentiam sobre o número de soldados em suas fileiras.

As forças afegãs também dependiam totalmente do poder aéreo americano, da logística aos ataques, além da manutenção das aeronaves.

E, para piorar as coisas, as forças de segurança afegãs nunca tiveram liderança efetiva e importante.

Eram liderados por civis no palácio presidencial com pouca experiência militar, ou ignorados por generais veteranos que pareciam mais envolvidos em lutas políticas mesquinhas do que na grande guerra que estava por vir.

As unidades de comando que os Estados Unidos treinaram eram a esperança, mas não bastaram.

Como pode terminar?

O Talibã está em vantagem em todas as áreas.

O governo de Cabul agora controla apenas três cidades principais, e é improvável que tenha margem de manobra logística para organizar uma defesa bem-sucedida da capital.

Os insurgentes avançam rapidamente em direção a Cabul, com relatos sugerindo que seus combatentes estão progredindo nos flancos norte e sul da capital.

É muito provável que os Estados Unidos e a comunidade internacional estejam pressionando o Talibã e o governo afegão a chegarem a algum tipo de acordo.

Mas, no final das contas, o Talibã tem todas as cartas nas mãos.

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