Cumbre Vieja

Lava de vulcão nas Ilhas Canárias perde velocidade mas mantém capacidade de destruição; acompanhe erupção

A erupção já arrasou 154 hectares e destruiu 320 edificações

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AFP

Publicado em 22/09/2021 às 18:52 | Atualizado em 22/09/2021 às 19:00
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A lava do vulcão Cumbre Vieja, localizado na ilha espanhola de La Palma, arquipélago das Canárias, perdeu velocidade nesta quarta-feira (22), mas avançava sem freio, multiplicando os estragos causados, diante da impotência dos moradores da região.

A lava "diminuiu o ritmo, mas segue seu caminho inexorável", alertou o presidente regional das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres, em coletiva de imprensa, aconselhando os moradores a não tentarem nada contra ela e a evitarem manobras que os coloquem em perigo.

Acompanhe a erupção

"Diante do avanço da lava, nada pode ser feito", reconheceu. "Nem uma barricada, nem um fosso, nem um parapeito, de forma alguma, vão deter o avanço da lava. Quem me dera fosse assim, mas não é, é impossível", insistiu.

A erupção, que começou no domingo (19), já arrasou 154 hectares e destruiu 320 edificações, informou nesta quarta-feira o sistema de medição geoespacial europeu Copernicus. Este novo balanço representa um aumento notável em comparação com seus últimos dados.

A chegada da lava ao mar já não é certa, porque a descida do magma perdeu velocidade. "O fluxo avança muito lentamente. Doze metros avançaram em 12 horas", relatou o presidente regional.

De acordo com os dados mais recentes do governo das Canárias, essas colunas cinza e laranja ardentes deslocam-se agora a quatro metros por hora, engolindo a vegetação e as construções em seu caminho. As cinzas vulcânicas em suspensão bloqueiam a luz solar e reduzem a visibilidade na região, o que levou os serviços de emergência a pedir à população da ilha, de cerca de 85.000 habitantes, que limite seus deslocamentos.

A erupção do Cumbre Vieja já levou à evacuação de 6.100 pessoas, incluindo 400 turistas. Muitos moradores foram forçados a deixar suas casas em poucos minutos. Não houve vítimas.

Chegada ao mar 

O desenrolar da primeira erupção em La Palma desde 1971 é incerto. Neste momento, "não temos certeza de que o avanço culminará no mar", destacou em entrevista coletiva o diretor técnico do Plano de Emergências Vulcânicas das Canárias (Pevolca), Miguel Ángel Morcuende.

O vulcão "continua expelindo lava. O fluxo segue avançando lentamente, o que corresponde a um aumento claro da viscosidade e, principalmente, do preenchimento de determinados buracos naturais no terreno. Estamos falando de uma cavidade", disse Morcuende.

A chegada da lava ao mar preocupa, particularmente, porque pode gerar explosões, ondas de água fervente, ou nuvens tóxicas, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).

"Estamos em uma minizona de estabilidade agora, que não sabemos quanto tempo vai durar, porque já fomos avisados de novos episódios explosivos", acrescentou Morcuende.

O que o fluxo de lava está fazendo agora "é ganhar altura. Há áreas, onde já apresenta 15 metros de espessura", afirmou o porta-voz do Instituto Vulcanológico das Canárias (Involcan), David Calvo. A erupção pode durar "entre 24 e 84 dias, com uma média geométrica da ordem de 55 dias", estimou o instituto.

Angústia e dor 

O Cumbre Vieja emitiu entre 6.100 e 11.500 toneladas de dióxido de enxofre nesta terça-feira. A nuvem, que se aproxima das costas do Marrocos e da Península Ibérica, deve subir em direção às Baleares e ao sul da França, de acordo com projeções do programa Copernicus.

A expansão da nuvem poderia cobrir o Mediterrâneo ocidental e parte do Magreb, mas sem risco para a população, segundo os especialistas. O rei Felipe VI visitará La Palma nesta quinta-feira.

"Têm sido dias realmente duros", tuitou o presidente da Câmara Municipal de La Palma, Mariano Hernández Zapata. "Ouvir quem perdeu tudo e quem sabe que vai perder é frustrante", desabafou.

Segundo ele, "o que se vive em La Palma é angústia e dor", angústia de quem teme perder tudo, dor de quem já perdeu.

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