Abolhassan Banisadr, primeiro presidente da República Islâmica do Irã, morre aos 88 anos
Banisadr vivia desde maio de 1984 em Versalhes, na região de Paris, sob proteção policial
O primeiro presidente da República Islâmica do Irã, Abolhassan Banisadr, de 88 anos, que vivia refugiado na França desde 1981, morreu neste sábado (9) em um hospital de Paris. "Depois de uma longa doença, Abolhassan Banisadr faleceu neste sábado no hospital" Pitié-Salpêtrière, na capital francesa, anunciou a agência oficial iraniana Irna, citando um amigo próximo do ex-chefe de Estado.
Ex-colaborador do fundador da República Islâmica, o aiatolá Khomeini, foi eleito presidente em janeiro de 1980 e destituído 17 meses depois. Banisadr era um moderado: defendia a liberdade, a democracia e um Islã liberal.
- Estados Unidos lançam ataque com drones contra Estado Islâmico no Afeganistão
- EUA executam ataque em Cabul contra veículo vinculado ao Estado Islâmico
- Líder de grupo vinculado ao Estado Islâmico morre em floresta da Indonésia
- Atentado em mesquita, reivindicado pelo Estado Islâmico, deixa ao menos 55 mortos no Afeganistão
Aos 17 anos, esse muçulmano praticante começou a servir nas fileiras da Frente Nacional, o movimento nacionalista do Dr. Mohammed Mossadegh, que lutava pela independência do Irã e pela nacionalização do petróleo. Depois de estudar teologia, economia e sociologia, ele se tornou um ferrenho opositor do regime do Xá.
Procurado pela polícia, teve que deixar o Irã em 1963 e se estabeleceu em Paris. A partir de 1970, passou a defender a união da oposição iraniana em torno do imã Khomeini, exilado no Iraque. Em outubro de 1978, Khomeini também teve que se exilar na França.
Banisadr estava a bordo do avião que levou o "guia da Revolução" de volta ao Irã em 1º de fevereiro de 1979. Depois de passar pelo ministério da Economia e ministério das Relações Exteriores, Banisadr tornou-se o primeiro presidente da República do Irã eleito por sufrágio universal em 26 de janeiro de 1980, com 76% dos votos.
Em 7 de fevereiro de 1980, o aiatolá Khomeini o nomeou presidente do Conselho Revolucionário. Desde o início de seu mandato, Banisadr enfrentou imensas dificuldades: a questão dos reféns americanos, a guerra contra o Iraque, a situação no Curdistão, a crise econômica e, acima de tudo, a oposição dos clérigos fundamentalistas.
Comandante-chefe das Forças Armadas de 19 de fevereiro de 1980 a 10 de junho de 1981, ele reorganizou o Exército iraniano e passou grande parte de seu tempo lidando com a guerra com o Iraque. Mas este teórico de uma "terceira via islâmica", respeitosa do regime democrático, finalmente teve que se curvar ao poder dos mulás.
Depois de mais de um ano de conflito com certos membros do alto clero xiita e com o Partido da República Islâmica (maioria no Parlamento), o processo de democratização foi interrompido. Em 21 de junho de 1981, foi destituído pelo Parlamento por "incompetência política".
Em 29 de julho, deixou o Irã clandestinamente e retornou ao exílio na França, onde obteve asilo político. Em agosto de 1981, ele fundou o Conselho Nacional de Resistência Iraniana com outro líder exilado, Massoud Rajavi, dos Mujahidin do Povo.
Este Conselho federa vários grupos da oposição iraniana, incluindo o Partido Democrático do Curdistão. Banisadr o abandonou em abril de 1984, quando rompeu sua colaboração política com Rajavi. Banisadr vivia desde maio de 1984 em Versalhes, na região de Paris, sob proteção policial.