Justiça indefere recurso de Trump para manter em sigilo documentos da invasão ao Capitólio
Invasão aconteceu em 6 de janeiro
A Justiça dos Estados Unidos indeferiu nesta quinta-feira (9) um recurso do ex-presidente Donald Trump para evitar a publicação dos registros da Casa Branca relacionados com a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro.
Uma corte federal de apelações confirmou a sentença de um tribunal de que o presidente Joe Biden tinha a atribuição de renunciar ao privilégio executivo sobre os registros e entregá-los a um painel do Congresso que investiga aqueles eventos violentos empreendidos por apoiadores de Trump.
O ex-presidente, que foi acusado de incentivar o ataque ao Congresso americano, queria exercer seu privilégio para manter em sigilo os documentos e registros telefônicos que podem estar relacionados ao ataque.
No entanto, a corte manifestou que é o critério do presidente Biden o que mais pesa neste caso.
"O direito de um ex-presidente certamente não tem peso maior do que o de um presidente em exercício", declarou a corte de apelações em sua sentença.
"Neste caso, o presidente Biden, como chefe do Executivo, considerou especificamente que o Congresso tem uma necessidade imperiosa de ver estes documentos e divulgá-los é do maior interesse da Nação", manifestou a Corte.
- Aguarda-se apelação na Suprema Corte -
A sentença não libera os documentos e registros de forma imediata. A corte de apelações informou que os advogados de Trump teriam duas semanas para apelar da decisão na Suprema Corte.
Assim, a defesa de Trump pode conseguir nova moratória, enquanto o Supremo revisa este caso sem precedentes.
A corte de apelações também manifestou que o interesse público pelos registros é maior que o de Trump em particular.
"O interesse do público se acentua quando, como agora, a legislatura deve proceder com urgência para prevenir ataques violentos contra o governo federal, assim como os ataques à transição pacífica do poder", acrescentou.
Os registros, em poder do Arquivo Nacional, são requisitados pelo comitê da Câmara que investiga os atos de violência de 6 de janeiro, nos quais centenas de apoiadores de Trump forçaram o fechamento do Congresso e atrasaram a sessão de confirmação de Joe Biden, vencedor das eleições de novembro de 2020.
Os documentos que Trump pretende manter em sigilo incluem registros de seus colaboradores mais próximos e memorandos ao seu secretário de imprensa.
Há mais de 770 páginas que incluem registros de seu ex-chefe de gabinete Mark Meadows, seu ex-conselheiro sênior Stephen Miller e seu conselheiro adjunto, Patrick Philbin.
Trump também esperava bloquear a divulgação dos diários da Casa Branca, um registro de atividades, viagens, informes e telefonemas.
Outros arquivos que Trump não quer que o Congresso veja incluem memorandos de sua antiga chefe de imprensa, Kayleigh McEnany, uma nota manuscrita sobre os eventos de 6 de janeiro e o esboço de um texto de seu discurso durante o comício "Salve a América", que teria sido o estopim do ataque.