ANO NOVO

Peruanos recebem 2022 com flores, ovos e queima de bonecos de Castillo e Fujimori

Dezenas de pessoas fazem longas filas para realizar o ritual do banho de flores na tradicional feira de Los Deseos

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AFP

Publicado em 31/12/2021 às 2:00
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Com banho de flores e queima de bonecos com os rostos das personalidades mais detestadas - como o presidente peruano Pedro Castillo e a líder oposicionista Keiko Fujimori - os peruanos receberão o ano de 2022.

Dezenas de pessoas fazem longas filas para realizar o ritual do banho de flores na tradicional feira de Los Deseos, onde 20 "yatiris" (médicos e curandeiros aimarás do Peru e da Bolívia) passam flores amarelas, penas de condor e ovos de avestruz pelo corpo para iniciar o ano novo.

"Com os banhos as pessoas elevam sua aura e energia para começar bem o ano", explica à AFP Lidia Cortez, coordenadora da Feira de los Deseos, que acontece na praça Manco Cápac, em Lima.

Mantendo a distância física e com máscara, como exigem os protocolos impostos para conter a covid-19, os curandeiros iniciam a sessão açoitando as cabeças dos fiéis com flores amarelas, como cílios que expulsam os maus espíritos.

Depois, os yatiris passam penas de condor e ovos de avestruz pelo corpo de seus clientes para completar o ritual andino.

A sessão dura 10 minutos e custa 20 soles (cerca de cinco dólares), que os crentes pagam para se sentirem uma "nova" pessoa.

Ernesto BENAVIDES / AFP
Xamãs realizam um ritual de previsões para o próximo ano - Ernesto BENAVIDES / AFP
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Xamãs realizam um ritual de previsões para o próximo ano na colina de San Cristóbal, em Lima, - Ernesto BENAVIDES / AFP
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Uma imagem da candidata presidencial do Peru Keiko Fujimori é vista em uma oficina de pinhata em um mercado em Lima - Ernesto BENAVIDES / AFP
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Xamãs realizando um ritual de previsões para o próximo ano exibem pôsteres do presidente mexicano Andres Manuel Lopez Obrador e do venezuelano Nicolas Maduro - Ernesto BENAVIDES / AFP
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Xamãs realizando um ritual de previsões para o próximo ano exibem pôsteres do presidente russo Vladimir Putin e do presidente americano Joe Biden - Ernesto BENAVIDES / AFP
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Pinhatas com a imagem do novo coronavírus no mercado de Lima - Ernesto BENAVIDES / AFP
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Mulher carrega pinhatas com a imagem do novo coronavírus no mercado de Lima - Ernesto BENAVIDES / AFP
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Xamã passa um ovo pela cabeça de um paciente durante um ritual de predições no Mercado dos Desejos, em Lima - Ernesto BENAVIDES / AFP
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Xamã passa um ovo pela cabeça de um paciente durante um ritual de predições no Mercado dos Desejos, em Lima - Ernesto BENAVIDES / AFP
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Mercado dos Desejos, em Lima - Ernesto BENAVIDES / AFP

Saúde

"As pessoas pedem saúde nestes tempos de covid e fartura para o ano que vem", acrescenta Cortez com traje andino.

Entre as yatiris estão as bolivianas Vicky Hanco e Maribel Acarapi, vestidas com trajes típicos da cidade de Potosí.

"Pedi trabalho, saúde nesta situação de pandemia e amor", conta Brigitte Garcés, de 24 anos, após tomar o banho.

O Peru acumula mais de dois milhões de casos de covid-19 e mais de 202.000 mortes desde março de 2020.

Os curandeiros também se dedicam a ganhar algumas moedas prevendo o futuro.

A leitura do futuro é feita com folhas da coca, a mítica planta andina dos tempos do império inca e à qual se atribuem propriedades revigorantes.

Como parte do negócio, vendem "alasitas", objetos em miniatura que simbolizam os desejos de quem os adquire. Essas miniaturas custam cinco soles (cerca de US$ 1,2).

Entre os desejos mais populares estão o de ter uma casa, ter boa saúde e se casar. Os curandeiros pedem para esperar com fé por um período de até 12 meses para que seu desejo se realize.

- Queimar os mais odiados -
A queima de bonecos é uma das maiores tradições das festas de fim de ano, principalmente nos bairros populares.

Bonecos com os rostos do presidente Pedro Castillo, da ex-candidata presidencial Keiko Fujimori e do presidente venezuelano Nicolás Maduro serão queimados como parte das tradicionais festividades de despedida do ano.

Castillo usa a faixa presidencial e seu típico chapéu cajamarca. É o que mais vendido nos shoppings de Lima, ao preço de 15 soles (US $ 3,7).

"As pessoas estão indignadas com Castillo, ele carece de muito para ser presidente", diz o comerciante do centro histórico de Lima, Fredy Sánchez, de 60 anos.

Cerca de 30% dos peruanos queimariam um boneco de Castillo e 19% de Fujimori, segundo levantamento da Datum realizado entre 4 e 7 de dezembro.

O presidente venezuelano Nicolás Maduro é retratado vestido com um terno azul e segurando um cartaz com a frase "Não sou um ditador, mas às vezes me torno um".

"Vou comprar uma pinhata de Maduro para desabafar porque não estou na Venezuela", diz o migrante venezuelano Carlos Nava, de 31 anos.

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