CONFLITO

EUA e Rússia iniciam diálogo sobre a Ucrânia

Nesta segunda, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, alertou a Rússia sobre o alto custo de se lançar um ataque à Ucrânia

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AFP

Publicado em 10/01/2022 às 9:52 | Atualizado em 10/01/2022 às 9:53
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Diplomatas americanos e russos iniciaram, nesta segunda-feira (10), negociações cruciais sobre o aumento da tensão em torno da Ucrânia, em meio a temores de uma invasão russa de seu vizinho pró-Ocidente.

A vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, e seu colega russo, o vice-ministro das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, iniciaram uma reunião na missão americana em Genebra às 8h55 (4h55 de Brasília), informou um porta-voz do Departamento de Estado americano.

Um comboio de veículos com placas diplomáticas russas chegou pouco antes e foi conduzido através dos grandes portões de ferro, onde uma bandeira americana estava hasteada.

Os dois diplomatas se encontraram informalmente na cidade suíça na noite de domingo (9).

"A conversa foi difícil, não poderia ser fácil", disse Serguei Riabkov à agência de notícias Interfax, após a reunião.

O diálogo abre uma semana de diplomacia, em que a Rússia se reunirá com autoridades da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), e na qual os Estados Unidos tentarão tranquilizar seus aliados europeus.

Nesta segunda, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, alertou a Rússia sobre o alto custo de se lançar um ataque à Ucrânia e defendeu o direito deste país de se proteger.

"Precisamos enviar uma mensagem clara à Rússia, de que estamos unidos e que haverá graves custos, econômicos e políticos, se voltar a usar a força militar contra a Ucrânia. Apoiamos a Ucrânia em seu direito de autodefesa", disse Stoltenberg, ao lado da vice-primeira-ministra ucraniana, Olga Stefanishyna.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, enfatizou no domingo que a Rússia deve escolher entre o diálogo e o confronto. Em declarações à rede de notícias CNN, ele advertiu que haverá "consequências massivas para a Rússia, se ela renovar sua agressão contra a Ucrânia".

Blinken insistiu, porém, em que "um caminho de diálogo e diplomacia é possível para tentar resolver algumas das diferenças e evitar o confronto".

Desde o final do ano passado, a Rússia reuniu dezenas de milhares de soldados na fronteira com a Ucrânia.

O governo do presidente Vladimir Putin insiste em que a Otan não pode aceitar a adesão da Ucrânia, uma ex-república soviética.

No domingo, Riabkov disse a agências de notícias russas que Moscou descarta qualquer concessão.

- "Evitar o confronto" -
No sábado (8), um funcionário de alto escalão da Casa Branca afirmou que Washington pode estar disposto a conversar com a Rússia sobre a possibilidade de ambos os lados restringirem a implantação de sistemas de mísseis, assim como sobre o tamanho e a amplitude dos exercícios militares.

Blinken advertiu, contudo, que qualquer resultado positivo das negociações dependerá, em parte, da disposição da Rússia de abandonar sua postura agressiva. O secretário americano descreveu a atitude russa como "um clima de escalada com uma arma apontada para a cabeça da Ucrânia".

As negociações aconteceram depois de uma reunião entre Putin e o presidente americano, Joe Biden, em junho passado, em Genebra. Nela, ambos acertaram a realização de conversas periódicas de "estabilidade" entre Sherman e Ryabkov.

Em dois telefonemas para Putin, Biden alertou sobre as graves consequências, se a Rússia invadir a Ucrânia.

Entre as medidas sobre a mesa, estão sanções ao círculo mais próximo de Putin, o cancelamento do polêmico gasoduto russo Nord Stream 2 para a Alemanha ou, no cenário mais drástico, o rompimento dos laços da Rússia com o sistema bancário mundial.

A Rússia insiste em que foi enganada após a Guerra Fria e que entendeu que a Otan não se expandiria. Em vez disso, a aliança liderada pelos EUA acolheu a maioria dos países do antigo Pacto de Varsóvia e os três países bálticos que estavam sob o domínio soviético.

A Rússia exerce intensa pressão sobre a Ucrânia desde 2014, depois que uma revolução derrubou um governo pró-Kremlin que se opunha à reaproximação do país com a Europa.

A Rússia anexou a península da Crimeia e apoia uma insurgência deflagrada no leste da Ucrânia. Mais de 13.000 pessoas já morreram neste conflito.

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