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EUA rejeitam demanda principal da Rússia sobre a Ucrânia, mas buscam 'via diplomática'

Os Estados Unidos se negaram nesta quarta-feira (26) a excluir a possibilidade de uma adesão da Ucrânia à Otan, como era solicitado pela Rússia

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AFP

Publicado em 26/01/2022 às 23:56 | Atualizado em 27/01/2022 às 0:20
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Os Estados Unidos rejeitaram nesta quarta-feira (26), em resposta por escrito à Rússia, uma das principais demandas de Moscou, ao se negarem a fechar as portas da Otan para a Ucrânia, mas afirmam ter proposto uma "via diplomática" para evitar uma nova guerra.

 

A hora da verdade se aproxima. Nesta quarta, Washington disse esperar um possível ataque das forças russas em "meados de fevereiro", enquanto em Paris, uma reunião de emissários russos e ucranianos sobre o conflito em curso no leste da Ucrânia resultou em um raro compromisso comum para preservar o cessar-fogo.

"Tudo indica" que o presidente russo, Vladimir Putin, "vai usar força militar em algum momento, talvez entre agora e meados de fevereiro", declarou a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman.

Sherman, número dois da diplomacia americana, garantiu que os Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim, que começam em 4 de fevereiro, podem influenciar na decisão, já que, em sua opinião, o presidente chinês, Xi Jinping, não gostaria de ter Putin por lá caso "escolha esse momento para invadir a Ucrânia".

Países ocidentais acusam a Rússia de ter enviado mais de 100.000 soldados para a fronteira com a Ucrânia, de olho em uma possível ofensiva. Moscou, por sua vez, exige garantias de segurança, incluindo a não adesão de Kiev à Otan.

"Porta aberta"

Os americanos e a Aliança Atlântica entregaram em paralelo duas cartas diferentes nesta quarta-feira aos russos, que exigiam uma resposta por escrito aos projetos dos tratados que tinham enviado aos ocidentais em meados de dezembro.

No entanto, os Estados Unidos "deixaram claro" que estão "comprometidos em manter e defender a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, e o direito dos Estados de escolher seus próprios acordos e alianças de segurança", disse o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, à imprensa. Ou seja, não pode se comprometer formalmente a não permitir que a Ucrânia ingresse na Aliança.

No entanto, assegurou que esta carta oferecia "um canal diplomático sério se a Rússia desejar" e disse que estava disposto a voltar a falar "nos próximos dias" com seu colega russo, Serguei Lavrov, com quem se reuniu na sexta-feira em Genebra.

O governo americano propõe o relançamento das negociações formais sobre "controle de armas" e dicutir "a possibilidade de medidas de transparência recíproca em relação às posturas militares, bem como medidas para melhorar a confiança em relação aos exercícios e manobras militares na Europa", observou Blinken.

Nesta quarta-feira, negociadores russos, ucranianos, franceses e alemães se reuniram em Paris para tentar desescalar as tensões entre Moscou e Kiev no chamado formado "Normandia". As conversas terminaram no começo da tarde.

"É muito encorajador que os russos tenham concordado em voltar a entrar neste formato diplomático, o único em que os russos estão envolvidos", disse a presidência francesa, julgando que isso daria "uma indicação clara do estado de espírito" do Kremlin antes da reunião marcada para sexta-feira entre Emmanuel Macron e Putin.

"Via beligerante"

Diplomacia, ameaças e o barulho de botas continuam se alternando na crise ucraniana.

O governo dos Estados Unidos colocou na segunda-feira 8.500 soldados em alerta. Os militares poderiam ser adicionados à Força de Resposta Rápida da Otan, que conta com 40.000 militares. Mas a decisão de envio ainda não foi tomada.

A Otan anunciou que deixa suas forças em situação de espera, além de enviar barcos e aviões de combate para reforçar suas defesas no leste da Europa. A Rússia considera as tropas da Aliança em sua vizinhança uma ameaça existencial.

A aliança estendeu a mão à Rússia, mas está "preparada para o pior", afirmou seu secretário geral, Jens Stoltenberg.

Lavrov prometeu "medidas de respostas necessárias" se o Ocidente continuar nesta "via beligerante" e denunciou a "histeria" ocidental sobre a suposta eminencia de uma intervenção militar russa na Ucrânia.

Por sua parte, Kiev segue considerando o número de soldados russos na fronteira insuficiente para um grande ataque.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, também minimizou o impacto das possíveis sanções pessoais de Washington contra Putin, lançadas na terça-feira pelo presidente americano, Joe Biden.

Essas sanções não seriam "politicamente dolorosas" para o chefe de Estado russo, embora "destrutivas" paras as relações entre Moscou e o Ocidente, advertiu.

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