Política

Cuba exige o fim do embargo dos EUA, 60 anos após sua imposição

Desde que Fidel Castro chegou ao poder em 1959, os 13 presidentes que passaram pela Casa Branca mantiveram "a aposta de causar o colapso econômico e a insustentabilidade do projeto revolucionário", denunciou

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AFP

Publicado em 03/02/2022 às 14:23
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O governo cubano exigiu, nesta quinta-feira (3), "de forma enfática e enérgica" o fim do embargo que os Estados Unidos impuseram à ilha há 60 anos, reforçado "até limites insuspeitos" durante a pandemia de covid-19.

"Nossa denúncia permanecerá firme e invariável até que esta política desumana e ilegal cesse em sua totalidade", diz o comunicado oficial do governo do presidente Miguel Díaz-Canel, publicado no aniversário de 60 anos de sua imposição.

Desde que Fidel Castro chegou ao poder em 1959, os 13 presidentes que passaram pela Casa Branca mantiveram "a aposta de causar o colapso econômico e a insustentabilidade do projeto revolucionário", denunciou.

Seis décadas depois que o presidente John F. Kennedy emitiu a Proclamação 3447, que decretou um embargo total a Cuba e que entrou em vigor quatro dias depois, o embargo "nunca teve o menor indício de legitimidade ou justificativa moral", ressalta o texto.

No contexto da luta contra a covid-19, o embargo atingiu "limites insuspeitos de crueldade, ao impedir doações solidárias, tentando impedir o desenvolvimento de vacinas cubanas", acrescenta.

O comunicado refere-se às vacinas contra o coronavírus Abdala, Soberana 02 e Soberana Plus desenvolvidas na ilha, com as quais foram vacinadas 9,8 milhões de pessoas de uma população de 11,2 milhões.

Em 60 anos, o bloqueio causou "um custo humano incalculável" e danos de 144,4 bilhões de dólares, reiterou o governo, destacando que se trata de "uma violação massiva, flagrante e sistemática dos direitos humanos" dos cubanos.

O embargo, reforçado por outras leis como a Torricelli em 1992 e a Helms-Burton em 1996, "evoluiu para se tornar o ato mais complexo, prolongado e desumano de guerra econômica cometido contra qualquer nação".

Cuba, que sofre com uma grave escassez de alimentos e remédios, rejeita as críticas segundo as quais o governo usa o embargo para justificar a prolongada crise econômica que a ilha vive, com um colapso de 11% do PIB em 2020, sua pior queda desde 1993 e uma tímida recuperação de 2% em 2021.

"As medidas de coação econômica atingem uma agressividade qualitativamente superior. São aplicadas medidas de guerra não convencionais", diz o comunicado, referindo-se ao reforço do embargo promovido pelo governo de Donald Trump, que recolocou a ilha na lista de países patrocinadores do terrorismo, de onde havia saído em 2015, e aplicou 243 medidas adicionais ao embargo.

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