TENSÃO

Europa tenta resolver crise envolvendo Rússia e Ucrânia

O presidente francês, Emmanuel Macron, conversou nesta quinta-feira (3) separadamente com os colegas russo e ucraniano - Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, respectivamente - sobre a crise internacional envolvendo a Ucrânia

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AFP

Publicado em 03/02/2022 às 23:53 | Atualizado em 03/02/2022 às 23:55
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O presidente francês, Emmanuel Macron, conversou nesta quinta-feira (3) separadamente com os colegas russo e ucraniano - Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, respectivamente - sobre a crise internacional envolvendo a Ucrânia, que diversos países europeus tentam solucionar.

Segundo o Kremlin, Putin e Macron tiveram um "diálogo substancial" sobre a situação na Ucrânia e sobre o desejo de Moscou de obter dos países ocidentais garantias para a segurança da Rússia, nesse que foi seu terceiro telefonema em uma semana.

De acordo com a presidência russa, Putin voltou a denunciar "as declarações e ações provocativas das autoridades ucranianas". Mais tarde, Zelensky conversou com Macron sobre formas de "enfrentar os desafios à segurança" e "avançar o processo de paz", tuitou o presidente ucraniano. "Concordamos com mais medidas conjuntas para manter a estabilidade da Ucrânia", acrescentou.

Frente às dezenas de milhares de militares russos mobilizados na fronteira com a Ucrânia, que provocam o temor de uma invasão, o governo dos Estados Unidos decidiu enviar 3.000 soldados adicionais ao leste europeu.

Os países da União Europeia (UE), que já advertiram sobre a possibilidade de sanções econômicas duras em caso de um ataque, intensificam os contatos para uma desescalada, com visitas quase diárias a Kiev de líderes ocidentais e diplomatas do alto escalão, além de telefonemas para o presidente russo, Vladimir Putin.

França e Alemanha também tentam reativar o processo de paz no leste da Ucrânia, onde Kiev luta há oito anos contra os separatistas pró-Rússia.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, fez uma visita hoje a Kiev e sugeriu uma reunião de cúpula entre Rússia e Ucrânia em seu país. "A Turquia está disposta a fazer a sua parte para resolver a crise entre dois países amigos, que são seus vizinhos no Mar Negro", disse Erdogan após ser recebido por Zelensky, que se declarou "disposto a fazer tudo o que for possível para instaurar a paz na Ucrânia.

"Como membro da Otan, não queremos uma guerra entre Rússia e Ucrânia, seria um mau presságio para a região", destacou o presidente turco no fim de semana, ao defender uma "solução pacífica". Na semana passada, ele renovou sua oferta de mediação, argumentando que, "ao reunirmos os dois líderes em nosso país, podemos preparar o caminho para o retorno à paz".

Putin agradeceu ao colega turco por seu convite, mas disse que responderá "quando a pandemia e sua agenda permitirem".

Drones 

A Ucrânia é um tema delicado entre Rússia e Turquia, que apoia a adesão de Kiev à Otan e foi veemente contra a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, em nome da proteção da minoria tártara de língua turca da região.

Putin acusa o colega turco pelo fornecimento a Kiev de drones armados utilizados contra os separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.

O presidente ucraniano, que está recebendo visitas de apoio de representantes ocidentais, afirmou na quarta-feira que deseja apenas "a paz", ao mesmo tempo que recordou o direito de defesa de seu país diante do risco de uma invasão russa.

Os países ocidentais acusam a Rússia de concentrar dezenas de milhares de soldados nas fronteiras da Ucrânia desde o fim de 2021 para preparar uma possível invasão. O Kremlin nega qualquer movimento neste sentido e afirma que deseja apenas garantir sua segurança.

Moscou acredita que o fim da tensão será possível apenas se conseguir garantir o fim da política de ampliação da Otan, especialmente em direção a Kiev, e com a retirada de suas capacidades militares do leste da Europa.

Risco baixo

Washington anunciou o reforço de sua presença na região leste da Otan, com a transferência de 1.000 soldados que estavam na Alemanha e Romênia e o envio de outros 2.000 militares, principalmente à Polônia. Essas tropas se somam aos 8.500 soldados que estão em estado de alerta desde o fim de janeiro para uma mobilização em caso de necessidade, como força de resposta rápida da Otan.

"Estas forças não irão lutar na Ucrânia, que não faz parte da Otan", afirmou o porta-voz do Departamento de Defesa americano, John Kirby, que citou uma mobilização temporária.

O governo da Rússia criticou a medida e pediu aos Estados Unidos que parem de alimentar a crise. "Pedimos aos nossos interlocutores americanos que parem de alimentar as tensões", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, para quem a decisão de Washington apenas "piora" a situação e a "preocupação da Rússia (...) está perfeitamente justificada".

O ministro ucraniano da Defesa, Olkesii Reznikov, considerou que o risco de uma "escalada significativa" é baixo. Kiev teme manobras de "desestabilização interna" fomentadas pela Rússia, suspeita de apoiar os separatistas do leste.

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