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Diante da crise entre Rússia e Ucrânia, França, Alemanha e Polônia pedem unidade para 'evitar guerra na Europa'

França, Alemanha e Polônia afirmaram sua unidade para "evitar uma guerra na Europa" após uma intensa investida diplomática do presidente francês, Emmanuel Macron, que disse acreditar em "soluções concretas" para a crise entre a Rússia e o Ocidente sobre a situação na Ucrânia

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AFP

Publicado em 09/02/2022 às 0:26 | Atualizado em 09/02/2022 às 3:37
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França, Alemanha e Polônia afirmaram nesta terça-feira (8) sua unidade para "evitar uma guerra na Europa" após uma intensa investida diplomática do presidente francês, Emmanuel Macron, que disse acreditar em "soluções concretas" para a crise entre a Rússia e o Ocidente sobre a situação na Ucrânia.

Os três países estão "unidos" para preservar a paz na Europa "através da diplomacia e de mensagens claras, assim como da vontade comum em agir juntos", assegurou o chanceler alemão, Olaf Scholz, que recebeu os presidentes francês e polonês, Andrzej Duda.

Este jantar de trabalho em Berlim foi a última etapa da viagem diplomática de Emmanuel Macron, que incluiu um longo cara a cara com o colega russo, Vladimir Putin, e em Moscou, em seguida com o ucraniano, Volodimir Zelenski, nesta terça-feira, em Kiev, em busca de uma saída diplomática em um contexto inédito de tensão desde o fim da Guerra Fria.

O presidente polonês disse acreditar que ainda é possível "evitar a guerra", enquanto Macron pediu "um diálogo exigente com a Rússia" como "a única forma de alcançar a paz na Ucrânia", em declarações antes da sua reunião.

A presença de dezenas de milhares de militares russos na fronteira faz os países ocidentais temerem uma invasão da Ucrânia pela Rússia, que já anexou a Crimeia em 2014 e apoia os separatistas em guerra com as forças ucranianas desde aquele ano, um conflito que deixou mais de 13.000 mortos e nunca terminou, apesar dos acordos de paz de Minsk.

"Soluções concretas"

Em declarações à imprensa em Kiev, Macron, cujo país preside atualmente a União Europeia (UE), assegurou ter conseguido um "duplo compromisso" dos governos de Ucrânia e Rússia de respeitar estes acordos, e disse acreditar em "soluções práticas concretas" para obter uma desescalada.

"Não podemos subestimar o momento de tensão que estamos vivendo. Não podemos resolver esta crise em algumas horas de conversas", advertiu, no entanto.

À espera de uma solução diplomática, disse ter conseguido promessas de Putin durante sua reunião na noite de segunda-feira: "Disse-me que não seria a causa da escalada".

Zelenski, por sua vez, afirmou que espera a realização em breve de uma cúpula sobre a crise da Ucrânia com os dirigentes russo, francês e alemão sobre o processo de paz no leste da Ucrânia, com uma primeira reunião de conselheiros prevista para a quinta-feira em Berlim.

O presidente francês é o primeiro líder ocidental de alto nível a se reunir com Putin desde que as tensões se intensificaram em dezembro. Olaf Scholz também visitará Kiev e Moscou na próxima semana.

Após seu encontro, Putin considerou que "algumas ideias" do colega francês poderiam "estabelecer as bases de avanços em comum" e tem previsto conversar com ele após a viagem deste à Ucrânia.

Putin, que não disse nada sobre as tropas russas concentradas na fronteira com a Ucrânia, voltou a denunciar a negativa do Ocidente de ceder e pôr fim à política de ampliação da Otan e retirar seus contingentes militares do leste da Europa. A Rússia apresentou suas demandas como as condições para a desescalada.

Mas segundo a Presidência francesa, Putin aceitou considerar as propostas de Macron, entre elas o compromisso de que nenhuma das parres tomará novas iniciativas, o início de um diálogo sobre o dispositivo militar russo e celebrar conversas de paz sobre o conflito da Ucrânia.

Na segunda-feira, o governo ucraniano tinha insistido em três "linhas vermelhas": nenhum compromisso sobre a integridade territorial da Ucrânia, nenhuma negociação direta com os separatistas e nenhuma ingerência em sua política externa.

No campo militar, a Rússia também se comprometeria a retirar suas tropas de Belarus, uma vez concluídas as manobras em fevereiro.

"Ninguém nunca disse que as forças russas vão permanecer em território bielorrusso", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "Tratam-se de manobras conjuntas e, obviamente, isto supõe que as tropas voltarão a suas bases ao final destes exercícios", acrescentou.

No entanto, mais ao sul, seis navios de guerra deixam o Mediterrâneo rumo ao Mar Negro no âmbito de manobras marítimas anunciadas no mês passado, uma área de tensão porque é limítrofe com Ucrânia, Rússia, a anexada península da Crimeia e vários países da Otan.

A Ucrânia tem previsto realizar manobras militares em larga escala entre 10 e 20 de fevereiro com drones de combate comprados da Turquia e mísseis antitanque fornecidos por Washington e Londres, em paralelo às manobras russo-bielorrussas.

Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido também enviaram reforços militares à Europa. Um primeiro destacamento de cerca de 100 soldados americanos chegou à Romênia.

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