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Itamaraty orienta Bolsonaro evitar 'questão Ucrânia' em visita à Rússia

Ida de Bolsonaro à Rússia neste momento foi alvo de polêmica dentro do próprio governo e entre especialistas em Relações Exteriores

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Estadão Conteúdo

Publicado em 14/02/2022 às 14:57 | Atualizado em 14/02/2022 às 21:34
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Ao decidir manter sua viagem à Rússia em meio à escalada de tensões com a Ucrânia e os Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu a seguinte orientação do Itamaraty: não tocar no assunto de dimensão global e fazer apenas comentários superficiais se provocado sobre o tema pelo presidente russo, Vladimir Putin. 
A ida de Bolsonaro à Rússia neste momento foi alvo de polêmica dentro do próprio governo e entre especialistas em Relações Exteriores. Na tentativa de demover a impressão de que a visita oficial significa um endosso a Moscou, o Itamaraty emitiu nota oficial na semana passada com afagos às relações diplomáticas "de alto nível" com a Ucrânia.
 
Bolsonaro e Putin se encontram na quarta-feira, 16, no Kremlin, sede do governo local. Um dia ates, o líder russo recebe o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, para novas negociações sobre a tensão com a Ucrânia.
 
Apesar do "briefing", fontes diplomáticas ouvidas pela reportagem relatam preocupação com a possível "falta de tato" do presidente em caso de falas sobre a possibilidade de uma invasão da Ucrânia por parte da Rússia. Ao comentar o assunto em live no sábado, Bolsonaro pediu a Deus "que reine a paz no mundo".
 
Moscou tenta impedir que seu "tampão" mais importante com o Ocidente, a Ucrânia, ingresse na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos Estados Unidos. O tabuleiro geopolítico da região é complexo e envolve questões identitárias milenares.
 
O "timing" ruim da viagem de Bolsonaro à Rússia, opinião predominante no mundo da política e da diplomacia, no entanto, não deveria ser motivo de cancelamento da visita oficial, avalia o ex-ministro de Relações Exteriores Aloysio Nunes. "O Brasil não é parte nessa disputa. Cancelar agora significaria desconhecer as preocupações seculares da Rússia com sua segurança, aliar-se acriticamente com os EUA e a Otan. Podemos ser mais úteis para a paz mundial seguindo a linha de equidistância", diz o ex-chanceler.
 
Ex-embaixador e professor de Relações Internacionais da ESPM-SP, Fausto Godoy tem opinião semelhante sobre a viagem marcada em meados de novembro, antes da eclosão da crise com a Ucrânia. "Esse assunto da Ucrânia não é nosso. Desmarcar às vésperas seria desgastante para o Brasil", afirma.

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