Macron denuncia 'cinismo moral e político' de Putin sobre corredores humanitários na Ucrânia
Ucrânia rejeitou corredores humanitários propostos pelo exército russo, metade dos quais levam a Belarus, aliada de Moscou, ou à Rússia
O presidente francês Emmanuel Macron denunciou nesta segunda-feira (7) o "cinismo moral e político" de seu homólogo russo Vladimir Putin por propor corredores humanitários aos habitantes de várias cidades ucranianas para "levá-los à Rússia".
"Não conheço muitos ucranianos que queiram se refugiar na Rússia (...) Nada disso é sério. É um cinismo moral e político que me parece insuportável", disse Macron em entrevista transmitida pela rede de televisão LCI.
Para o chefe de Estado, o que é preciso "não são apenas os corredores, que estão imediatamente ameaçados, não é esse discurso hipócrita que consiste em dizer: 'Vamos proteger o povo e levá-lo para a Rússia'".
"Os trabalhadores humanitários devem ser capazes de intervir... para dar proteção a mulheres, crianças e homens que precisam ser protegidos e poder tirá-los da zona de conflito", acrescentou Macron.
O exército russo anunciou nesta segunda-feira a abertura de vários corredores humanitários e o fim dos ataques locais para evacuar civis das cidades ucranianas de Kharkov, Kiev, Mariupol e Sumy, que enfrentam intensos combates.
A Ucrânia, no entanto, rejeitou esses corredores, metade dos quais levam a Belarus, aliada de Moscou, ou à Rússia. "Não é uma opção aceitável", disse a vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Vereschuk.
A ofensiva russa, lançada em 24 de fevereiro, expulsou mais de 1,5 milhão de pessoas da Ucrânia e muitas outras foram deslocadas dentro do país ou presas em cidades bombardeadas pela Rússia.
Macron, candidato à reeleição em abril, estimou que a guerra na Ucrânia "está piorando", mas tentou tranquilizar a população de que "a França não está em guerra com a Rússia" e que ele está tentando parar o conflito.
Outro dos objetivos de sua mediação entre Moscou e Kiev é evitar "catástrofes" nucleares, depois que forças russas tomaram na semana passada a usina ucraniana de Zaporizhzhia, a maior da Europa.