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Zelensky pede que mundo aja para parar a guerra da Rússia contra a Ucrânia

O presidente ucraniano pediu nesta terça-feira (5) ao Conselho de Segurança da ONU que acabe com os "crimes de guerra" contra civis ucranianos cometidos por tropas russas, que supostamente estão preparando uma nova ofensiva no leste e sul do país

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Amanda Azevedo

Publicado em 05/04/2022 às 21:16
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Da AFP

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu nesta terça-feira (5) ao Conselho de Segurança da ONU que acabe com os "crimes de guerra" contra civis ucranianos cometidos por tropas russas, que supostamente estão preparando uma nova ofensiva no leste e sul do país.

Na Ucrânia, as tropas russas "mataram pessoas em seus apartamentos, em suas casas com granadas, esmagaram civis com tanques quando estavam de carro na rua, só por prazer", acusou Zelensky em um discurso transmitido ao vivo por vídeo na ONU, em Nova York.

O presidente ucraniano pediu que o Conselho de Segurança exclua a Rússia, um de seus cinco membros permanentes, e advogou por uma reforma do sistema de Nações Unidas para que "o direito ao veto não signifique direito a morrer".

"Agora, precisamos de decisões do Conselho de Segurança para a paz na Ucrânia" e, caso a ONU se mostre incapaz de assumir "imediatamente" essa "opção", a outra seria "sua dissolução", afirmou.

O discurso de Zelensky aconteceu ainda sob o impacto das descobertas de dezenas de civis mortos em Bucha e outras cidades da região de Kiev após a retirada das tropas russas.

As autoridades ucranianas e das potências ocidentais acusaram a Rússia de "crimes de guerra" e "genocídio".

"O que vimos em Bucha não é um ato isolado de uma unidade solitária. É uma campanha deliberada para matar, torturar, estuprar, cometer atrocidades", declarou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.

Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) preparam novas sanções para asfixiar a economia russa e forçar o presidente russo, Vladimir Putin, a encerrar a invasão da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro com o objetivo declarado de defender os territórios pró-russos da região de Donbass, no leste da Ucrânia.

A Rússia nega participação na matança indiscriminada de civis e garante que as imagens mostradas são "montagens" da Ucrânia.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, considerou as denúncias uma "provocação aberta e falsa, que serve para encontrar um pretexto para minar as negociações de paz".

- Temor no leste -

"Nas próximas semanas, esperamos um avanço russo no leste e no sul da Ucrânia para tentar tomar o controle de todo o Donbass", informou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

Isso permitiria à Rússia criar "uma continuidade territorial com a Crimeia", a península ucraniana ocupada e anexada pela Rússia em 2014, completou.

Em antecipação ao ataque, toda a região leal ao governo se esvazia de civis. Centenas de mulheres, crianças e idosos esperam desde o fim de semana por trens para deixar a região a partir da estação de Kramatorsk, a capital regional desde 2014 da área controlada pela Ucrânia.

A cidade registrou na madrugada desta terça-feira fortes bombardeios que destruíram uma escola no centro da cidade, localizada ao lado de uma delegacia de polícia, informou um jornalista da AFP.

Nesta região do leste da Ucrânia, uma das cidades mais castigadas é Mariupol, assediada desde finais de fevereiro pelas tropas russas.

"A situação vai além de uma catástrofe humanitária, porque há mais de trinta dias as pessoas não têm calefação, água, nada", declarou à AFP o prefeito de Mariupol, Vadim Boichenko.

O exército russo informou nesta terça-feira ter abatido dois helicópteros ucranianos que tentavam evacuar os líderes de um batalhão nacionalista envolvido na defesa do porto estratégico do Mar de Azov.

Outras partes do país, começando por Kiev, seguem em alerta. Durante a madrugada, as sirenes foram ativadas na capital e em outras grandes cidades como Odessa (sul) e Kharkiv (nordeste).

Em Lviv, a principal cidade do oeste da Ucrânia, também foram ouvidas sirenes de alarme, segundo uma jornalista da AFP, e explosões foram registradas na cidade de Radekhiv, a cerca de 70 quilômetros de distância, segundo uma autoridade local.

- Novas sanções -

A nova bateria de sanções da UE incluirá limitações às importações de "petróleo e carvão" russos, anunciou o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian.

"É claramente necessário aumentar ainda mais nossa pressão", afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Os Estados Unidos começaram a impedir que Moscou pagasse suas dívidas com fundos armazenados no sistema financeiro americano.

Agora, "a Rússia deve escolher entre esgotar suas reservas restantes em dólar, buscar novas receitas ou dar calote", declarou um porta-voz do Departamento do Tesouro americano à AFP.

Separadamente, os Estados Unidos, em coordenação com a UE e o G7 de economias avançadas, proibirão a partir de quarta-feira "qualquer novo investimento" na Rússia, segundo uma fonte próxima ao caso.

França, Alemanha, Itália, Espanha, Dinamarca, Suécia e Eslovênia expulsaram dezenas de diplomatas russos nos últimos dias e a UE declarou "persona non grata" vários membros da representação da Rússia na UE, por causa de "atividades contrárias" ao seu status de diplomatas.

- Imagens de satélite e testemunhos -

Imagens de satélite divulgadas na segunda-feira pela empresa americana Maxar Technologies parecem desmentir as afirmações russas de que os cadáveres com trajes civis foram colocados nas ruas após a saída das tropas.

"As imagens de alta resolução (...) corroboram vídeos e fotografias recentes das redes sociais revelando a presença de corpos espalhados nas ruas e abandonados há semanas", afirmou a empresas.

"Bem em frente aos meus olhos atiraram em um homem que foi buscar comida no supermercado", contou Olena, uma moradora de Bucha, que não quis dar seu sobrenome.

"No início, eram principalmente jovens soldados russos. Duas semanas depois, havia outros mais velhos, tinham mais de 40 anos. Eram cruéis. Maltrataram a todos. E então começaram os massacres", acrescentou a mulher de 43 anos.

O Tribunal Penal Internacional investiga desde 3 de março uma denúncia de supostos crimes de guerra neste conflito.

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