ARMAS NUCLEARES

EUA, França e Reino Unido criticam Rússia por sua 'perigosa' retórica nuclear

Líderes de países fazem apelo à Rússia para que cesse sua retórica e seu comportamento nuclear irresponsável e perigoso e que respeite seus compromissos internacionais"

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Filipe Farias

Publicado em 01/08/2022 às 19:00
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Da AFP

Estados Unidos, França e Reino Unido criticaram a Rússia nesta segunda-feira (1º) por suas declarações "irresponsáveis e perigosas" sobre o possível uso de armas nucleares. Os líderes destes e de outros países se reuniram na sede das Nações Unidas em Nova York para a conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), em vigor desde 1970.

"Após a guerra de agressão não provocada e ilegal da Rússia conta a Ucrânia, fazemos um apelo à Rússia para que cesse sua retórica e seu comportamento nuclear irresponsável e perigoso e que respeite seus compromissos internacionais", disseram os aliados em nota.

"As armas nucleares, enquanto existirem, devem servir para fins defensivos, dissuadir a agressão e prevenir a guerra. Condenamos aqueles que as utilizam, ou ameaçam utilizá-las, com fins de coerção militar, intimidação e chantagem", afirmaram os Estados Unidos, França e Reino Unido.

A reunião é realizada em um momento de crescente preocupação com o aumento da tecnologia nuclear, especialmente no Irã e Coreia do Norte, e pela rápida expansão do arsenal da China.

Cinco das principais potências nucleares se encontram entre os 191 Estados que formam o pacto, que não inclui outros países como Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.

"O TNP reduziu o risco de uma guerra nuclear devastadora e uma maior mitigação desse risco deve ser prioridade para todos os estados que assinam o TNP e para esta Conferência de Revisão", disseram os aliados em uma declaração conjunta.

 

Os três países afirmaram que o Irã, atualmente em negociações para limitar os avanços deste tipo de armas, "nunca deve desenvolver uma arma nuclear", e pediram que a Coreia do Norte cesse seus testes e lançamentos relacionados à energia nuclear.

Em uma declaração separada, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu à Rússia e a China que demonstrem seu compromisso com a limitação das armas nucleares, afirmando que especialmente Moscou tem essa responsabilidade desde sua invasão da Ucrânia.

O presidente americano explicou em nota que seu governo está disposto a "negociar rapidamente" um texto que substitua o Novo START, o tratado que limita o armamento nuclear intercontinental dos Estados Unidos e Rússia e que expira em 2026.

"A Rússia deve demostrar que está disposta a retomar os trabalhos sobre o controle de armas nucleares", disse Biden.

"Mas a negociação requer um aliado disposto a agir de boa fé. A agressão brutal e não provocada da Rússia na Ucrânia destruiu a paz na Europa e constitui um ataque aos princípios fundamentais da ordem internacional."

Entendimento de Joe Biden sobre Pequim

Por outro lado, Biden declarou que Pequim tem o dever, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, "de participar de negociações que reduzam o risco de um erro de cálculo e abordem a dinâmica militar desestabilizadora".

"Não há nenhum benefício para nenhuma de nossas nações, nem para o mundo, em resistir a um compromisso sobre o controle de armas e a não proliferação nuclear", defendeu o presidente americano.

Biden afirmou ainda que as superpotências nucleares, Rússia e Estados Unidos especialmente, têm a responsabilidade de liderar os esforços para garantir a viabilidade do TNP, cujo objetivo é evitar a difusão da tecnologia de armas nucleares em todo o mundo.

"A saúde do TNP sempre descansou nos limites de armas significativos e recíprocos entre Estados Unidos e a Federação Russa, inclusive no auge da Guerra Fria, Estados Unidos e a União Soviética foram capazes de trabalhar juntos para manter nossa responsabilidade compartilhada de garantir a estabilidade estratégica", lembrou o presidente.

"O mundo pode confiar que meu governo continuará apoiando o TNP e tratando de fortalecer a arquitetura da não proliferação que protege aos povos de todo o mundo", concluiu Biden.

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