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Taiwan inicia exercícios militares e acusa China de preparar invasão

Após a última bateria de disparos, os soldados taiwaneses gritaram "missão cumprida

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Ana Maria Miranda

Publicado em 09/08/2022 às 10:52
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Da AFP

Taiwan iniciou nesta terça-feira (9) uma simulação de defesa da ilha com munição real de artilharia após as grandes manobras militares executadas pela China ao redor de seu território, ao mesmo tempo que acusou Pequim de preparar uma invasão.

Lou Woei-jye, porta-voz do Oitavo Corpo do Exército de Taiwan, confirmou o início dos exercícios no condado meridional de Pingtung. As manobras duraram pouco menos de uma hora.

Após a última bateria de disparos, os soldados taiwaneses gritaram "missão cumprida".

A China executou os maiores exercícios militares da história ao redor de Taiwan na semana passada, uma resposta à visita à ilha da presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a principal autoridade de Washington a viajar à localidade em décadas.

O ministro taiwanês das Relações Exteriores, Joseph Wu, afirmou que a China utiliza as manobras aéreas e navais para "preparar a invasão de Taiwan".

"A verdadeira intenção da China é alterar o status quo no Estreito de Taiwan e em toda a região", disse Wu.

As Forças Armadas chinesas anunciaram a continuidade das manobras, com unidades aéreas e navais, nesta terça-feira.

O Comando Oriental do Exército Popular de Libertação afirmou em um comunicado que realiza exercícios de treinamento ao redor da ilha, concentrados em bloqueios conjuntos e operações de apoio conjunto".

Taiwan, uma ilha com governo autônomo, vive há décadas com a ameaça constante de uma invasão da China, que considera o território uma província do país que deve ser recuperada algum dia, inclusive pela força se necessário.

Wu afirmou que a China "executa exercícios militares em larga escala e lança mísseis, assim como ciberataques, uma campanha de desinformação e coerção econômica para enfraquecer a moral pública em Taiwan".

As manobras taiwanesas, que também acontecerão na quinta-feira, incluíram a mobilização de centenas de tropas e 40 obuses, informou o exército.

Lou disse que os exercícios já estavam programados e não eram uma resposta às manobras da China

A ilha de governo democrático organiza com frequência simulações de uma invasão chinesa. No mês passado, Taiwan treinou como evitar ataques pelo mar durante grandes exercícios.

Os exercícios taiwaneses atraíram muitos curiosos.

"Precisamos ter alguma contramedida diante do bloqueio da China continental", disse um espectador, que revelou apenas o sobrenome Chen.

"Realizar exercícios militares também permite que (os chineses) saibam que Taiwan está preparada. Espero que os dois lados mostrem moderação", acrescentou.

Os exercícios de Taiwan, no entanto, provocaram um alerta de Pequim, que usa com frequência uma retórica incendiária contra os planos de independência de Taiwan.

"Qualquer conspiração destinada a contrariar a tendência histórica e resistir à reunificação por meio das armas... terminará em fracasso, como um inseto que tenta parar uma carruagem", disse o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Wenbin.

Apesar da tensão, o governo dos Estados Unidos afrmou que não espera nenhuma escalada de Pequim.

"Não estou preocupado, mas estou inquieto que façam tanto alvoroço. Mas não acredito que vão fazer nada além do que estão fazendo", disse o presidente Joe Biden.

Taipé insiste que nenhum avião ou navio chinês entrou em suas águas territoriais (até 12 milhas náuticas da costa) durante as manobras de Pequim.

A imprensa chinesa, porém, afirmou que mísseis balísticos foram disparados sobre a capital de Taiwan durante os exercícios.

A escala e a intensidade das manobras de Pequim, assim como a suspensão de sua cooperação com Washington em áreas como clima ou defesa, provocaram indignação nos Estados Unidos e em outras democracias.

Analistas comentaram que os exercícios chineses mostraram como o exército de Pequim, cada vez mais ousado, pode executar um bloqueio exaustivo contra a ilha.

O governo da China defendeu a atitude do país como uma resposta "firme, contundente e apropriada" à provocação dos Estados Unidos.

"Nós apenas enviamos uma advertência aos perpetradores", disse o porta-voz Wang Wenbin, antes de prometer que o país "esmagaria de maneira firme a ilusão das autoridades taiwanesas de obter a independência através dos Estados Unidos".

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