GUERRA

União Europeia pede tribunal para crimes de guerra após descobertas de valas comuns na Ucrânia

Provavelmente mais de 1.000 cidadãos ucranianos foram torturados e assassinados nos territórios libertados da região de Kharkiv

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Filipe Farias

Publicado em 17/09/2022 às 15:05
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Da AFP

A presidência da União Europeia (UE) pediu neste sábado (17) a criação de um tribunal internacional para julgar crimes de guerra, após a descoberta de centenas de corpos nas proximidades de Izium, cidade do leste da Ucrânia libertada recentemente das forças russas.

"No século XXI, ataques deste tipo contra a população civil são impensáveis e odiosos" afirmou o ministro das Relações Exteriores da República Tcheca, Jan Lipavsky, cujo país exerce a presidência semestral da UE.

"Somos favoráveis a que todos os criminosos de guerra sejam punidos. Peço a criação rápida de um tribunal internacional especial que puna o crime de agressão", insistiu Lipavsky.

O pedido foi anunciado após a descoberta de quase 450 sepulturas na área de Izium.

"Noventa e nove por cento dos corpos exumados tinham sinais de morte violenta", disse na sexta-feira o governador regional, Oleg Sinegubov. "Há vários corpos com as mãos amarradas às costas e uma pessoa está enterrada com uma corda ao redor do pescoço. Obviamente, estas pessoas foram torturadas e executadas", disse no Telegram.

O Defensor do Povo ucraniano, Dmitro Lubinets, afirmou que "provavelmente mais de 1.000 cidadãos ucranianos foram torturados e assassinados nos territórios libertados da região de Kharkiv".

Também teriam sido descobertos 10 supostos "centros de tortura", segundo o chefe da polícia ucraniana, Igor Klimenko, em localidades retomadas dos russos na região de Kharkiv, dois deles na cidade de Balakliya.

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Foram descobertas quase 450 sepulturas na área de Izium, na Ucrânia - SERGEY BOBOK / AFP
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Foram descobertas quase 450 sepulturas na área de Izium, na Ucrânia - SERGEY BOBOK / AFP
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Foram descobertas quase 450 sepulturas na área de Izium, na Ucrânia - SERGEY BOBOK / AFP
SERGEY BOBOK / AFP
UCRÂNIA Governador regional de Izium diz que 99% dos corpos têm marcas de morte violenta - SERGEY BOBOK / AFP

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, prometeu, em um vídeo publicado no Telegram, um "castigo terrivelmente justo" para os responsáveis pelos supostos crimes cometidos em Izium.

A descoberta macabra provocou uma onda de indignação no Ocidente, pouco mais de cinco meses depois de o exército russo, expulso da região de Kiev, ter deixado para trás centenas de cadáveres de civis, muitos deles com sinais de tortura, e execuções sumária, em particular na cidade de Bucha.

O mundo deve reagir

"O mundo deve reagir diante de tudo isto. A Rússia repetiu em Izium o que fez em Bucha", afirmou Zelensky que elogiou o envio de uma equipe da ONU para participar na investigação ucraniana.

Estados Unidos e UE também expressaram indignação e responsabilizaram a Rússia.

"Este comportamento desumano das forças russas [...] deve cessar imediatamente", declarou em nota o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

Na quinta-feira, antes da descoberta dos túmulos, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, deve ser levado à justiça internacional por crimes de guerra.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, advertiu mais uma vez o presidente da Rússia, Vladimir Putin, contra o uso de armas químicas ou nucleares na Ucrânia.

"Mudaria o curso da guerra de uma maneira que não se vê desde a Segunda Guerra Mundial", advertiu o presidente americano em uma entrevista ao canal CBS.

Central térmica bombardeada

Nas frentes de batalha, onde as tropas ucranianas, armadas pelos países ocidentais, conseguiram conter o avanço russo no leste do país e retomaram milhares de quilômetros quadrados em uma contraofensiva relâmpago no nordeste, os combates e bombardeios não dão trégua.

Na região de Kharkiv, uma menina de 11 anos morreu ao em um ataque de mísseis russos na localidade de Chuhuiv, informou o governador Oleg Sinegubov.

Os invasores russos bombardearam uma central térmica neste sábado em Mikolaivka, afirmou Pavlo Kirilenko, governador da região de Donetsk (leste).

Também indicou que os bombeiros continuam lutando contra o incêndio provocado pelo ataque, que desencadeou cortes no abastecimento de água.

As autoridades ucranianas também relataram ataques na região de Dnipropetrovsk e em Dmitrivka.

O exército de Moscou negou os bombardeios contra civis e afirmou que são ataques de "alta precisão" contra alvos militares.

Em Kiev, centenas de pessoas se despediram do ex-bailarino e pedagogo Oleksandr Chapoval, que se alistou para lutar contra os russos e morreu no leste do país em 12 de setembro.

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