O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou nessa sexta-feira (16) os crimes de um exército de "assassinos" e "torturadores" após a descoberta de centenas de corpos enterrados em uma área de mata perto de Izium, cidade do leste da Ucrânia, recuperada recentemente das tropas russas.
Segundo as autoridades locais, foram encontrados no total 450 túmulos na localidade e, entre eles, uma vala com os restos mortais de 17 soldados ucranianos.
"Noventa e nove por cento dos corpos exumados tinham sinais de morte violenta", disse à noite o governador regional, Oleg Sinegubov. "Há vários corpos com as mãos amarradas às costas e uma pessoa está enterrada com uma corda ao redor do pescoço. Obviamente, estas pessoas foram torturadas e executadas", disse no Telegram.
Segundo ele, neste local foram enterrados no total "450 corpos de civis com marcas de morte violenta e tortura".
"Também havia crianças" entre os corpos exumados durante o dia pelos "200 agentes e peritos" que trabalharam no local, acrescentou.
O presidente ucraniano prometeu, em um vídeo publicado no Telegram, um "castigo terrivelmente justo" para os responsáveis pelos supostos crimes cometidos em Izium.
Zelensky havia visitado Izium na quarta-feira, em sua primeira viagem a esta região, fronteiriça com a Rússia desde a partida das forças de Moscou, expulsas graças a uma contraofensiva lançada no começo do mês em várias frentes.
Também teriam sido descobertos dez supostos "centros de tortura", segundo o chefe da polícia ucraniana, Igor Klimenko, em localidades retomadas dos russos na região de Kharkiv, duas delas na cidade de Balakliya.
O Defensor do Povo ucraniano, Dmitro Loubinets, disse no Telegram que "provavelmente mais de 1.000 cidadãos ucranianos foram torturados e assassinados nos territórios libertados da região de Kharkiv".
"A Rússia só deixa morte e sofrimento. Assassinos. Torturadores", assegurou Zelensky. Alguns dos restos mortais exumados, detalhou o presidente ucraniano, eram de crianças e pessoas que provavelmente foram torturadas antes de morrer.
A comunidade internacional também reagiu à descoberta. A Rússia está agindo de uma "maneira horrível e se vê e se repete cada vez que a maré russa se retira de partes dos territórios que ocupava na Ucrânia", declarou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, enfatizando que em "muitos casos se tratará de crimes de guerra".
A União Europeia (UE) se mostrou "profundamente consternada" pelas "atrocidades" cometidas perto de Izium. "Este comportamento desumano das forças russas [...] deve cessar imediatamente", declarou em nota o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
Segundo Oleg Kotenko, encarregado governamental para a busca de pessoas desaparecidas, as tumbas foram cavadas durante os combates ocorridos no momento da tomada da cidade pelas forças russas, em março e durante a ocupação russa.
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