França condena expulsão israelense do advogado franco-palestino Salah Hamouri
As autoridades israelenses anunciaram a expulsão de Hamouri poucas horas depois que a ministra do Interior, Atelet Shaked, decidiu retirar seu "status de residente"
Da AFP
Israel expulsou neste domingo (18) o advogado franco-palestino Salah Hamouri, que estava detido desde março sem acusações apresentadas, uma decisão que a França considerou "contrária à lei".
"Mudei de lugar, mas a luta continua", declarou o homem de 37 anos ao chegar ao aeroporto parisiense de Roissy, onde foi recebido por sua esposa Elsa e um grupo de apoiadores.
"Hoje sinto que tenho uma enorme responsabilidade com a minha causa e o meu povo. Não vamos abandonar a Palestina. O nosso direito é resistir", acrescentou.
As autoridades israelenses anunciaram a expulsão de Hamouri poucas horas depois que a ministra do Interior, Atelet Shaked, decidiu retirar seu "status de residente".
O Ministério das Relações Exteriores francês, que considerou a expulsão "contra a lei", recordou que "fez inúmeras representações junto das autoridades israelenses para manifestar da forma mais clara possível a sua oposição à expulsão de um palestiniano residente em Jerusalém Oriental, território ocupado no sentido da quarta Convenção de Genebra".
O advogado de 37 anos estava detido sob um sistema polêmico chamado "detenção administrativa", que permite que suspeitos sejam detidos por períodos de até seis meses renováveis.
As forças armadas israelenses acusaram Hamouri, de nacionalidade francesa, de ser membro da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP).
Esse grupo é considerado "terrorista" pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel, e já esteve envolvido em vários ataques mortais contra Israel.
Hamouri negou pertencer à FPLP e defendeu sua inocência em vários casos, inclusive quando foi condenado por um tribunal israelense sob a acusação de planejar o assassinato de Ovadia Yosef, um conhecido rabino e líder espiritual do partido ultraortodoxo Shas .
Após essa condenação, ele foi libertado em dezembro de 2011 como parte de uma troca de prisioneiros com Gaza.
Nascido em Jerusalém, Hamouri não tem cidadania israelense, mas tinha uma autorização de residência que as autoridades israelenses revogaram.
Em novembro, ele foi informado de que seria deportado, mas a deportação foi adiada porque seus advogados recorreram da decisão.
Israel recentemente confirmou a revogação de sua residência, abrindo caminho para sua deportação, apesar do fato de ele ter uma nova audiência marcada para 1º de janeiro.