Violência

TIROTEIO EM PARIS: atirador francês queria 'ATACAR ESTRANGEIROS', diz ministro do Interior

Suspeito havia sido condenado em junho a 12 meses de prisão por atos de violência com armas ocorridos em 2016. Ele recorreu da condenação

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Renata Monteiro

Publicado em 23/12/2022 às 18:32 | Atualizado em 23/12/2022 às 18:36
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Da AFP

Três pessoas morreram e outras três ficaram feridas nesta sexta-feira (23) no centro de Paris, baleadas por um francês que, segundo o ministro do Interior do país, queria "atacar estrangeiros" e supostamente agiu sozinho.

O ataque aconteceu pouco antes do meio-dia local, na rua Enghien, localizada no 10º distrito da capital francesa, em um bairro repleto de bares, lojas e população de origem curda.

O detido, um maquinista aposentado de 69 anos, era conhecido pela polícia por duas tentativas de homicídio de viés racista, ocorridas em 2016 e 2021.

Três pessoas morreram: duas em frente a um centro cultural curdo e outra em um restaurante", informou nesta tarde o ministro Gérald Darmanin, que visitou o local do ataque.

Entre os três feridos, um está em cuidados intensivos e os outros dois apresentam ferimentos graves. O autor dos disparos também ficou ferido e foi internado, segundo a prefeita do 10º distrito, Alexandra Cordebard.

Manifestantes curdos que se reuniram no local para protestar contra o ataque entraram em confronto com os policiais que formavam um cordão de isolamento em torno do ministro Darmanin.

O presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou no Twitter o que chamou de "ataque odioso contra os curdos da França", e a primeira-ministra Élisabeth Borne classificou o ocorrido como um "ato atroz". Ambos expressaram apoio às vítimas.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, também condenou o "terrível" ataque.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, ofereceu condolências aos curdos e franceses.

"Minhas profundas condolências às vítimas do ataque ao centro cultural curdo de Paris", tuitou Blinken.

"Meus pensamentos estão com os membros da comunidade curda e com o povo da França neste dia triste", acrescentou. 

O Ministério Público de Paris abriu uma investigação por homicídio, tentativa de homicídio, violência intencional com armas e violação da legislação sobre armas. As investigações foram confiadas à polícia judiciária.

Segundo a mesma fonte, o suspeito havia sido condenado em junho a 12 meses de prisão por atos de violência com armas ocorridos em 2016. Ele recorreu da condenação.

O suspeito também foi indiciado, em dezembro de 2021, por violência com armas, com premeditação e de cunho racista, e degradações por atos ocorridos em 8 de dezembro de 2021 em Paris, segundo a promotora Laure Beccuau.

Inicialmente em prisão preventiva, ele foi libertado em 12 de dezembro sob fiança, como exige a lei, e colocado sob supervisão judicial, acrescentou a promotora.

Em 2017, o suspeito foi condenado a seis meses de prisão com sursis por posse de armas.

A Procuradoria Nacional Antiterrorista (Pnat) foi ao local do ataque e descartou a necessidade de abrir uma investigação por atentado.

O Centro Ahmed Kaya é uma associação que visa a "favorecer a inserção progressiva" da população curda na região de Île-de-France, onde fica Paris, e é usado por uma ONG para organizar shows e exposições.

Segundo uma testemunha, um morador do bairro que passava na rua e foi entrevistado pela AFP, "havia pessoas em pânico que gritavam para a polícia: 'ele está lá, ele está lá', apontando para o salão de beleza".

Em meio à mobilização policial, integrantes do centro choravam, abraçando-se. Alguns, dirigindo-se à polícia, gritavam: "Está recomeçando, vocês não estão nos protegendo, estão nos matando!".

O ataque desta sexta-feira ocorre menos de um mês após o 10º aniversário do assassinato, em 9 de janeiro de 2013, de três ativistas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no mesmo bairro.

Diante do início dos confrontos, as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que responderam lançando projéteis, acendendo uma fogueira com lixo e erguendo barricadas na rua. Eles gritaram lemas como "PKK, os mártires não morrem!".

A situação seguia tensa às 18h30 GMT (15h30 de Brasília), segundo imagens transmitidas pelo canal local BFMTV.

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