Zelensky visita front e promete responder a bombardeios russos
Em sua visita à linha de frente próxima a Bakhmut, Zelensky reconheceu o "difícil" trabalho das tropas ucranianas
Da AFP
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, visitou posições militares perto do front de Bakhmut (leste) e prometeu responder a todos os bombardeios russos, que deixaram nesta quarta-feira (22) oito mortos na região de Kiev e no sul do país.
"Certamente responderemos a todos os bombardeios dos ocupantes [russos] contra nossas cidades", disse Zelensky em sua fala diária, após aparecer nos arredores de Bakhmut e fazer uma parada em Kharkiv (nordeste).
"Todos os bombardeios russos vão receber uma resposta militar, política e jurídica", acrescentou.
Um ataque russo com drones durante a madrugada atingiu uma escola de ensino médio em Rzhyshchiv, cerca de 80 km ao sul de Kiev. O bombardeio deixou oito mortos e sete feridos, segundo autoridades. Uma pessoa foi resgatada sem ferimentos.
Em Zaporizhzhia, ao sul, ao menos uma pessoa morreu e 32 ficaram feridas em outro ataque russo contra um edifício residencial, segundo autoridades locais.
Em sua visita à linha de frente próxima a Bakhmut, Zelensky reconheceu o "difícil" trabalho das tropas ucranianas, que defendem a cidade na batalha mais longa e intensa desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.
"É um honra estar aqui hoje para recompensar nossos heróis. Apertar-lhes as mãos e agradecer por protegerem a soberania de nosso país", disse em uma mensagem nas redes sociais, onde apareceu condecorando militares.
"Aqui no Donbass, na região de Kharkiv, onde quer que o mal russo tenha chegado, está claro que esse Estado terrorista só poderá ser detido com a nossa vitória", expressou Zelensky, afirmando que "a Rússia perderá esta guerra".
Kiev considera que manter o controle desta cidade industrial da região de Donetsk, em grande parte dominada pela Rússia, é chave para impedir o desmoronamento de todo o front oriental.
Selvageria
As forças russas registraram nas últimas semanas avanços importantes nos arredores de Bakhmut e ameaçam interromper todos os acessos por terra, segundo um assessor da administração imposta por Moscou em Donetsk.
Zelensky também mostrou imagens do ataque a Zaporizhzhia, nas quais um projétil aparece atingindo um prédio residencial.
"Infelizmente, um ferido, que se encontrava em estado grave, faleceu", informou pelo Telegram o prefeito da cidade, Anatoliy Kurtiev.
Zelensky chamou o ataque de "selvageria brutal" e disse que a Rússia estava tentando "destruir nossas cidades, nosso Estado".
Uma estimativa de Banco Mundial, ONU, União Europeia e Kiev considerou que a Ucrânia necessitará de cerca de 411 bilhões de dólares (cerca de 2,16 trilhões de reais) para sua reconstrução e recuperação econômica.
Ameaças ao TPI
A visita de Zelensky a Bakhmut ocorreu horas depois de uma cúpula entre os presidentes chinês, Xi Jinping, e russo, Vladimir Putin, que denunciaram a expansão da Otan e acordaram aprofundar sua aliança frente às potências ocidentais.
O líder russo afirmou estar aberto a negociações com a Ucrânia e elogiou a proposta de paz de 12 pontos apresentada pela China, que apela ao diálogo e ao respeito da soberania territorial de todos os países.
Putin assegurou que a Ucrânia não tinha respondido a essa proposta, mas Zelensky afirmou ter convidado a China a dialogar, mas que ainda espera "uma resposta".
Os Estados Unidos, que veem o plano de paz chinês com ceticismo, afirmaram que o gigante asiático ainda não tinha "cruzado a linha" de entregar armas letais a Moscou.
A visita do líder chinês foi interpretada como um apoio a Putin, que enfrenta um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por acusações de deportação ilegal de crianças ucranianas, o que é considerado crime de guerra.
O órgão legislativo do TPI rechaçou as "ameaças" recebidas por membros do tribunal após a emissão da ordem de prisão.
O ex-presidente russo Dmitry Medvedev advertiu, por exemplo, os juízes a "olharem para o céu com atenção", em referência a um ataque com míssil.
Washington assegurou que vai estimular outros países a extraditarem Putin caso o líder russo visite seus territórios.
"Acredito que qualquer um que seja membro do tribunal e tenha compromissos deve cumprir com suas obrigações", opinou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
Os Estados Unidos e a Rússia não estão sob a jurisdição do tribunal com sede em Haia.